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sexta-feira, 25 de junho de 2010

11.6 – ASCENSÃO AO CONCRETO: UMA PERSPECTIVA SUBSTANCIAL INFINITA


11.6 - ASCENSÃO AO CONCRETO: UMA PERSPECTIVA SUBSTANCIAL INFINITA

NEUZA MACHADO


“Um psicólogo que quiser refletir sobre os dados da imaginação dinâmica não poderá enganar-se a respeito. Sempre saberá reconhecer o calcanhar corretamente dinamizado. Reconhecê-lo-á sob formas inconscientes, deslizadas subreptciamente por um inconsciente sincero, por um inconsciente fiel ao onirismo” (Bachelard).

Seguindo as assertivas [assertivas = asserções, afirmações] de Bachelard sobre os elementos, reafirmo que esse momento raro foi intuído sob a proteção do dinamismo aéreo dos sonhos que buscam linhas retas e infinitas. O elemento principal de "Darandina" (Guimarães Rosa, Primeiras Estórias) é o ar, e o narrador (inconfundível alter ego do Ficcionista brasileiro), habilidosamente, consegue registrar as imagens de ascensão ligadas ao instante dinamizado. Os pés do personagem que sobe a palmeira possuem miticamente asas nos calcanhares e estão sob a impulsão da realidade onírica. O sonhador/narrador, em conformidade com este onirismo, transforma seu personagem num temporário ser espacial. As asas nos pés lembram o vôo irracional: o voante não pensa por meio da razão, deixa-se levar pelo fluxo dos pensamentos do “inconsciente sincero, fiel ao onirismo”.

MACHADO, Neuza. Do Pensamento Contínuo à Transcendência Formal. Rio de Janeiro: NMachado / ISBN: 85-904306-1-8

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