Quer se comunicar com a gente? Entre em contato pelo e-mail neumac@oi.com.br. E aproveite para visitar nossos outros blogs, o "Neuza Machado 2", Caffe com Litteratura e o Neuza Machado - Letras, onde colocamos diversos estudos literários, ensaios e textos, escritos com o entusiasmo e o carinho de quem ama literatura.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

10.1 - A TEMÁTICA DA ÁGUA


10.1 - A TEMÁTICA DA ÁGUA

NEUZA MACHADO



Revelando o infinitamente pequeno da matéria (a face íntima e invisível dos elementos naturais), sustentado pela imaginação material dinâmica (Bachelard), o Artista procurou provar que este interior foi conquistado a partir de seu próprio íntimo, no infinito de sua própria vida, rica e profunda. Com este posicionamento, e apoiado por um discurso diferente, concedeu eternidade a um recanto situado no passado e sempre revisitado, por meio dos sonhos, das recordações, das sensações interiores.

Revisitando o sertão, guiado pelas recordações, tenta recapturar o passado, marca de uma infância bem vivida. Nessa retomada, as minúcias se projetam, realçando os opostos (pequeno e grande, alegria e tristeza, dentro e fora), propiciando um sertão diferente do real. Assim, espaço universal, porque se desprende do regional, situando-se num tempo indefinível, onde o antes não conta e não se pensa o futuro.

Esse novo sertão é o signo da potência criadora da imaginação dinâmica; é algo novo e diferente, nascido da consciência de quem sabe que, além das margens vitais, há uma margem surreal surpreendente, refletindo as poderosas imagens renovadoras dos arquétipos inconscientes.

Esse novo discurso sobre o sertão se vale da perspectiva dialetizada, que comandou o fazer literário em sua fase de transição para o cogito(3), mas, agora, acrescido da perspectiva substancial infinita, reveladora de imagens que saem das profundezas obscuras do psiquismo humano.

Por isto, oriundo do espaço de criação ficcional, o sertão, a partir de A Hora e Vez de Augusto Matraga, é uma mescla de idades eternais, de camadas temporais, sobrepondo-se infinitamente desde o advento do Mundo.

Vista por este ângulo, a narrativa "A terceira margem do rio", da coletânea Primeiras Estórias, ressalta os opostos raso e profundo, largo e estreito, alegria e tristeza, visível e invisível, e outros, revelando o lado angustioso de quem escreve, no sentido universal.

MACHADO, Neuza. Do Pensamento Contínuo à Transcendência Formal. Rio de Janeiro: NMachado / ISBN: 85-904306-1-8

Nenhum comentário:

Postar um comentário