A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: QUANDO MINHA MÃE ANTONINHA
FICOU DOENTE
ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA
Luiz de Sales era amigo de seus
amigos. Recordo-me de uma vez que minha mãe estava muito mal, dois meses de
cama, sofrendo uma dor no peito que impedia a respiração. Parecia mesmo que ia
morrer, pois já não se alimentava, só gemendo, dia e noite. Como meu pai era
compadre e amigo de Luiz de Sales, recebeu dele, naquela ocasião, uma valiosa
ajuda. Meu pai ia passando, em frente à
casa de Luiz de Sales, para ir à farmácia, para dar informação da doença de
minha mãe ao farmacêutico, e, também, apanhar remédio para a dor de peito que
ela sentia, aí, o senhor Luiz de Sales perguntou a meu pai como ia passando
minha mãe. Meu pai respondeu que minha mãe não estava bem, e que ele ia até a
farmácia, para dar informação ao farmacêutico que estava tratando de minha mãe.
Para nossa felicidade, naquele dia, estavam os
políticos hospedados em casa do senhor Luiz de Sales, e, aí, o senhor Luiz
disse a meu pai: “ – Compadre Zeca, volta pra
sua casa e põe a comadre Antoninha no quarto da sala, que eu vou levar o Doutor
Waldemar Soares para fazer um exame na comadre. Meu pai, naquele mesmo
instante, voltou pra casa e fez
conforme o senhor Luiz de Sales mandara.
Com menos de duas horas, o senhor Luiz de Sales e o
doutor Waldemar Soares estavam em nossa casa, pois a distância não era longe.
Quando eles chegaram em nossa casa, o doutor Waldemar examinou minha mãe e
disse pra meu pai: “– Eu vou fazer
uma experiência sobre este mal, que está nesta doente. Se for água, eu curo ela
aqui mesmo, mas, se for pus, o senhor terá que levar ela até Carangola. Aí, o
doutor mandou minha mãe deitar-se de bruço, fincou uma agulha nas costas de
minha mãe, e sugou um líquido amarelado. Não era pus. Ele disse a meu pai: “–
Não é preciso levar ela a Carangola. Aqui mesmo, eu curo ela”. Meu pai disse ao
doutor Waldemar, assim: “– Doutor, amanhã eu vou buscar o remédio”. Isto, já
era quatro horas da tarde. E o doutor disse pra
meu pai: “– O senhor vai é hoje, não pode deixar pra amanhã”.
Meu pai tinha um cavalo de confiança, que podia
viajar dia e noite, e o cavalo não afrouxava. Meu pai montou ao cavalo às seis
horas da tarde e viajou até Carangola. Antes do amanhecer, apanhou o remédio
que o doutor tinha receitado. Entre meio-dia e uma hora, minha mãe já estava
tomando o remédio. No decorrer de três dias, minha mãe já estava bem melhor, a
dor já tinha desaparecido. Ela ainda estava bem fraca, mas, com o espaço de uns
vinte dias, meu pai levou a informação de seu restabelecimento ao doutor
Waldemar, que receitou fortificante pra
ela tomar. E, ela ficou curada de um mal, que o doutor deu o nome de pleuris, água no pulmão.
O mais importante de tudo isto foi a cura de minha
mãe, mas, houve um outro fato também importante. O meu pai só pagou os
remédios, o doutor nada cobrou do exame e da viagem, porque era época de
acontecimento político. Quem viu o Arraial do Choro, naquela época, e o vê hoje
em dia abandonado, sente até vontade de chorar, assim como seu próprio nome,
dado pelos fundadores do lugar: Choro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário