A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU PAI ZECA DE SOUSA E A
CAÇADA ASSOMBRADA
ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA
Meu pai, José de Sousa Costa, que tinha apelido de
Zeca de Sousa, casado com Antoninha, que era filha de Joaquim Pereira e neta de
João Pereira da Cunha, vulgo Barba de Argolão, o Zeca, meu pai, também, era
caçador de paca e caititu. Ele se reunia com o cunhado Sebastião Pereira
Sobrinho e, todos os domingos, iam caçar. Mas teve um domingo que eles tiveram
a maior decepção.
Havia missa no Arraial e, naquele tempo, ninguém
faltava com sua presença na Igreja. O padre vinha de longe. Era de mês em mês
que tinha missa no Arraial. Meu pai e tio Bastião Pereira deixaram de ir à
missa, para irem caçar paca. Reuniram-se na casa de meu pai, na manhã de domingo
bem cedo, tomaram café, fizeram uma refeição matinal bem reforçada, deram
comida aos cachorros, e foram caçar, sem nem se preocupar com o dever de ir à
missa. Todos da família foram à missa, que era marcada para as dez horas do
dia.
Meu pai e tio Bastião Pereira chegaram no mato,
soltaram os cachorros, e ficaram na beira do rio, pouco acima da cachoeira, e
começaram a buzinar para os cachorros saírem em busca das caças. Não levava nem
meia hora e os cachorros traziam pacas de todos os lados, e eles dando tiros,
mas, não acertavam em nenhuma delas. Os cachorros novos, que nunca tinha
levantado paca, naquele dia de domingo, que eles deixaram de ir à missa para
irem caçar, achavam paca em qualquer lugar. Dizia meu pai e tio Bastião que as
pacas vinham roncando no gogó, e eles
dando tiros, e eles não mataram nenhuma. Diziam eles que as pacas passavam até
debaixo de suas pernas; até que eles caíram em si, e tio Bastião disse para meu
pai: “– Compadre Zeca, vamos embora para casa, isso não é paca não, isso é o
capeta que tá em figura de paca”.
Eles vieram pra
casa muito assombrados com aquele acontecimento, que houve na caçada de
domingo. Eles não deixaram de caçar, mas só caçavam dia de sábado. Com esse
acontecimento, que houve na caçada de domingo, meu pai ficou desinfluente com
caçada e foi deixando de caçar, aos poucos, até que deixou de tudo. Mas, o tio
Bastião Pereira não deixou. Se não tivesse companheiro, ele ia até sozinho; sempre
que tivesse um tempo, tio Bastião Pereira ia caçar com seus cachorros.
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