A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A AVENTURA DE TIO MANOEL
PEREIRA
ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA
Voltando à família João
Pereira da Cunha, o Barba de Argolão. Desta vez, quero falar sobre Manoel
Pereira, um irmão de meu avô Joaquim Pereira da Cunha. Eu ainda era bem criança
quando ouvia falar sobre uma aventura de tio Manoel Pereira. Ele era casado com
tia Rosalina, com quem teve muitos filhos.
Eu não conheci todos os filhos de tio Manoel
Pereira, porque, quando eu nasci, tio Manoel já tinha se mudado pra Zona Norte de Minas. Mas eu conheci
três dos filhos de tio Manoel Pereira: O mais velho por nome Francisco Pereira,
Antônio Pereira e Reinor Pereira. Conheci também tio Manoel Pereira. Por duas
vezes, ele veio passear em nossa casa, em Cachoeira dos Pereiras, hoje conhecida
como Cachoeira dos Alves. Tio Manoel Pereira não era um homem forte como era o
meu avô Joaquim Pereira, tio Manoel era franzino de corpo, de estatura
média. Tia Rosalina, esta eu não
conheci, mas sempre ouvia falar sobre ela e tio Manoel Pereira, que viviam
muito felizes, porque um entendia o outro muito bem.
Certa vez, tia Rosalina desejou beber água do tombo
da cachoeira. Para ela, aquela água era mais gostosa, mais saborosa do que
todas as águas. Em princípio, tio Manoel procurou convencê-la, que era
impossível satisfazê-la, pois corria o risco de ele morrer e ela ficar viúva.
Mas não adiantou nada, e ela sempre insistindo com ele. Até que ele resolveu
arriscar a vida, para satisfazê-la. Então, ele pediu auxílio aos irmãos, que
colaboraram com ele. Fizeram cordas bem reforçadas, amarraram as cordas pela
cintura de Manoel, e ficaram segurando, com toda a força que possuíam, enquanto
Manoel descia, na correnteza das águas, até chegar aonde ela dizia: “– É aí. É
desta água que eu quero beber!” Os irmãos puxaram as cordas e retiraram ele,
que trazia, em uma vasilha, aquela água, que a sua mulher desejou beber.
Mas, eu tenho cá pra
mim, que o tio Manoel Pereira não gostou dessa aventura, talvez preocupado com
a possibilidade de ter que repeti-la. Podia ser que a tia Rosalina tivesse
outro desejo de beber daquela água tão clarinha, e ele, para satisfazê-la,
fosse obrigado a descer novamente no tombo da cachoeira. Por isso, ele tratou
de mudar-se. Todos os parentes diziam que o tio Manoel trocou o Sítio por uma
égua e um cacho de banana, e logo se retirou da localidade Cachoeira.
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