A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: DEPOIS QUE VOVÓ CHIQUINHA
MORREU
ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA
Depois que vovó Chiquinha
morreu, vovô José Antônio viveu ainda doze anos. No início de sua viuvez, vovô
quis ter a sua casa. Meu pai fez uma pequena casa, perto de nossa casa, e vovô
passou a morar só. Mas, tia Floripes tinha muitos filhos e mandou o filho
caçula, para fazer companhia a vovô. Isto foi pr’a pouco tempo. O menino não
quis ficar com vovô e voltou pra casa
de sua mãe. Vovô continuou morando sozinho em sua humilde casinha.
Mas não estava bem, vovô morando sozinho. A casa de
meu pai tinha de sobra um quarto, e meu pai fez franqueza a vovô, para morar em
nossa casa. E vovô aceitou, e viveu ainda mais doze anos, depois da morte de
vovó. Durante esse tempo que vovô viveu em nossa casa, vovô não tinha obrigação
nenhuma a cuidar. A vida de vovô era só comer, dormir, tocar viola e passear.
Até a mula de vovô, nós, meninos, buscávamos no pasto. Vovô só tinha o trabalho
de arriar a mula e sair pelas casas dos filhos e alguns netos casados, que
todos recebiam vovô com muita satisfação.
Mas, quando chegava o tempo de planta de milho, vovô
tinha que fazer a sua roça, ora na casa de um filho, ora na casa de outro. Vovô
tinha sempre a ajuda dos netos no preparo da terra, no plantio do milho, na
capina, e na colheita. Todos ajudavam vovô, só para ver ele feliz, alegre. O
milho que colhia, ele vendia pra quem
ele quisesse. Meu pai não exigia nada de meu avô. Vovô viveu até chegar à idade
de oitenta e três anos com um espírito de jovem. No ano em que morreu, plantou
a sua roça, só não pode colher, porque chegou o fim de sua vida na Terra.
Sofreu uma intoxicação de urina e ele morreu num grande sofrimento.
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