3 - O SONHO DO ARTISTA FICCIONAL: ELO DE LIGAÇÃO COM O COGITO(4)
NEUZA MACHADO
Por via Bachelardiana, chego a um reconhecimento dos vários graus temporais inseridos na narrativa A Hora e Vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa.
Se, nas duas primeiras sequências, o narrador se ligou ao ato de pensar cronológico, rememorizando o passado, imitando e dando continuidade ao já decorrido, reforçando as experiências que lhe foram legadas pela sua condição de herdeiro de valores sertanejos, a partir das últimas sequências da narrativa, ou melhor, especificamente a partir do sonho de Nhô Augusto (op. cit.), passa a "pensar como alguém que pensa” (Bachelard) o próprio destino da narrativa (e quem pensa é o Artista), introduzindo uma determinada vontade de Poder no âmbito da narração, definindo a sua própria pessoa, nova pessoa, ser demiúrgico, como único gerador de idéias e ações. Por isto, afirmei em minha proposição anterior (O Narrador Toma a Vez – Dissertação de Mestrado – UFRJ): o narrador do século XX tomou a vez do personagem Augusto Matraga, porque houve uma abertura na estória, no momento em que Ficcionista do século XX o fez se aproximar do nível extra-linear da narrativa. No decurso da evolução de seu próprio pensamento, fez evoluir o narrador, transformou-o em um novo personagem, fazendo evoluir também o personagem Nhô Augusto, ambos refletores de sua ação pensante.
MACHADO, Neuza. Do Pensamento Contínuo à Transcendência Formal. Rio de Janeiro: NMachado / ISBN: 85-904306-1-8
NEUZA MACHADO
Por via Bachelardiana, chego a um reconhecimento dos vários graus temporais inseridos na narrativa A Hora e Vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa.
Se, nas duas primeiras sequências, o narrador se ligou ao ato de pensar cronológico, rememorizando o passado, imitando e dando continuidade ao já decorrido, reforçando as experiências que lhe foram legadas pela sua condição de herdeiro de valores sertanejos, a partir das últimas sequências da narrativa, ou melhor, especificamente a partir do sonho de Nhô Augusto (op. cit.), passa a "pensar como alguém que pensa” (Bachelard) o próprio destino da narrativa (e quem pensa é o Artista), introduzindo uma determinada vontade de Poder no âmbito da narração, definindo a sua própria pessoa, nova pessoa, ser demiúrgico, como único gerador de idéias e ações. Por isto, afirmei em minha proposição anterior (O Narrador Toma a Vez – Dissertação de Mestrado – UFRJ): o narrador do século XX tomou a vez do personagem Augusto Matraga, porque houve uma abertura na estória, no momento em que Ficcionista do século XX o fez se aproximar do nível extra-linear da narrativa. No decurso da evolução de seu próprio pensamento, fez evoluir o narrador, transformou-o em um novo personagem, fazendo evoluir também o personagem Nhô Augusto, ambos refletores de sua ação pensante.
MACHADO, Neuza. Do Pensamento Contínuo à Transcendência Formal. Rio de Janeiro: NMachado / ISBN: 85-904306-1-8
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