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terça-feira, 9 de abril de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: UMA JAGUATIRICA NO TERREIRO DA CASA DO JOÃO MARTINS SOBRINHO


 
A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: UMA JAGUATIRICA NO TERREIRO DA CASA DO JOÃO MARTINS SOBRINHO


ANTÔNIO DE SOUSA COSTA

 
 
 
 

Outra história idêntica a anterior: Passados muitos anos, eu conheci um filho de Juca Martins por nome João Martins Sobrinho (esse João Martins, a Neuza, minha filha, conheceu já bem velhinho, pois o João Martins era tio-avô dela pelo lado da Joana). Esse João Martins, ainda rapaz novo, morava na Fazenda Fortaleza, propriedade de Álvaro Lourenço, uma imensa Fazenda que, na época, fazia parte do Município de Carangola, Minas Gerais, mas hoje em dia pertence ao Município de Divino.

 

Dizia João Martins que tinha um bicho pegando galinha no poleiro, que ficava no terreiro de sua casa. Todas as noites, ele acordava com os gritos das galinhas, e ele abria a porta, verificava o poleiro, olhava por todos os lados, e não via nada do que ele pensava ser. E assim continuou, por vários dias, aquela perturbação de todas as noites. Parecia que tinha hora marcada. Das onze à meia-noite, era a hora que o bicho vinha para pegar galinha no poleiro.

 

Como ele já tava chateado com aquela perturbação de todas as noites, resolveu perder uma noite de sono, e pensando consigo: “– Hoje eu hei de descobrir o que acontecendo com estas galinhas!”

 

Ele ficou de tocaia, esperando a hora perturbadora chegar. E, quando a noite chegou, ele notou que era um bicho que ia subindo acima do poleiro, e, quando as galinhas voaram gritando, ele se aproximou do poleiro, com a espingarda engatilhada, esperando o bicho descer. O bicho veio descendo com a galinha na boca. Ele esperou o bicho chegar mais perto, para dar o tiro certeiro, mas isto não aconteceu, pois a espingarda falhou. E o bicho, vendo-se apertado, enfrentou o João Martins, arreganhando os dentes pra ele dar passagem, porque ele tava rente com o tronco da árvore.

 

E então, João Martins, atracou-se com o bicho, segurando-o pelo pescoço, e foi apertando, apertando, até o bicho não se mexer mais. Ele dizia que ficou com os braços ensanguentados, mas matou o bicho com as mãos.

 

Depois, ele foi verificar qual era a qualidade do bicho. Era uma jaguatirica bem maior que uma gata caseira que tava consumindo as suas galinhas, e perturbando a suas noites de sono. Para quem trabalhava na roça o dia todo, como trabalhava o João Martins Sobrinho, o relógio era o sol. Assim que amanhecia o dia, ele já estava com sua enxada na mão, e quando chegava a noite, ele precisava descansar.

 

E, assim, João Martins Sobrinho (já falecido), tio de minha esposa Joana por parte de pai (irmão do meu já falecido sogro Emiliano Martins), daquele dia em diante pode dormir sossegado, mesmo fazendo curativos em seus braços, pois o bicho o arranhou bastante.

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