A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: UMA JAGUATIRICA NO TERREIRO
DA CASA DO JOÃO MARTINS SOBRINHO
ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA
Outra história idêntica a
anterior: Passados muitos anos, eu conheci um filho de Juca Martins por nome
João Martins Sobrinho (esse João Martins, a Neuza, minha filha, conheceu já bem
velhinho, pois o João Martins era tio-avô dela pelo lado da Joana). Esse João
Martins, ainda rapaz novo, morava na Fazenda Fortaleza, propriedade de Álvaro
Lourenço, uma imensa Fazenda que, na época, fazia parte do Município de
Carangola, Minas Gerais, mas hoje em dia pertence ao Município de Divino.
Dizia João Martins que tinha um bicho pegando
galinha no poleiro, que ficava no terreiro de sua casa. Todas as noites, ele
acordava com os gritos das galinhas, e ele abria a porta, verificava o poleiro,
olhava por todos os lados, e não via nada do que ele pensava ser. E assim
continuou, por vários dias, aquela perturbação de todas as noites. Parecia que
tinha hora marcada. Das onze à meia-noite, era a hora que o bicho vinha para
pegar galinha no poleiro.
Como ele já tava
chateado com aquela perturbação de todas as noites, resolveu perder uma noite
de sono, e pensando consigo: “– Hoje eu hei de descobrir o que tá acontecendo com estas galinhas!”
Ele ficou de tocaia, esperando a hora perturbadora
chegar. E, quando a noite chegou, ele notou que era um bicho que ia subindo
acima do poleiro, e, quando as galinhas voaram gritando, ele se aproximou do
poleiro, com a espingarda engatilhada, esperando o bicho descer. O bicho veio
descendo com a galinha na boca. Ele esperou o bicho chegar mais perto, para dar
o tiro certeiro, mas isto não aconteceu, pois a espingarda falhou. E o bicho,
vendo-se apertado, enfrentou o João Martins, arreganhando os dentes pra ele dar passagem, porque ele tava rente com o tronco da árvore.
E então, João Martins, atracou-se com o bicho,
segurando-o pelo pescoço, e foi apertando, apertando, até o bicho não se mexer
mais. Ele dizia que ficou com os braços ensanguentados, mas matou o bicho com
as mãos.
Depois, ele foi verificar qual era a qualidade do
bicho. Era uma jaguatirica bem maior que uma gata caseira que tava consumindo as suas galinhas, e
perturbando a suas noites de sono. Para quem trabalhava na roça o dia todo,
como trabalhava o João Martins Sobrinho, o relógio era o sol. Assim que
amanhecia o dia, ele já estava com sua enxada na mão, e quando chegava a noite,
ele precisava descansar.
E, assim, João Martins Sobrinho (já falecido), tio
de minha esposa Joana por parte de pai (irmão do meu já falecido sogro Emiliano
Martins), daquele dia em diante pode dormir sossegado, mesmo fazendo curativos
em seus braços, pois o bicho o arranhou bastante.
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