A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ PATERNO JOSÉ ANTÔNIO
DE SOUZA MOREIRA E O CASO DO HOMEM PRESO NO MONTE DE CUPIM
ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA
Passamos, agora, a falar
sobre o passado de meu avô paterno José Antônio de Souza Moreira. Vovô José Antônio de
Souza Moreira gostava de uma pinga, no modo do falar de agora, gostava de uma cachacinha da boa. Meu pai não bebia
cachaça, e ficava muito chateado, quando vovô chegava em casa um pouco fora de
seu natural. Quando vovô bebia cachaça, ficava alegre, contava tanto caso
acontecido com ele e, também, com outras pessoas, tocava viola, cantava moda de
cateretê, e tocava também rasgado na
viola. Isto era mais só quando ele estava com o cheirinho da pinga. Meu pai ficava de cara franzida e vovô, sabendo
que meu pai detestava cachaça, dizia pra
mim: “– José fica de cara feia quando eu bebo cachaça! Ocê acha que o fi pode mandá no pai?” Ele dizia isto pra mim, porque eu sempre dei muita
atenção a ele. E, para vê-lo satisfeito, eu respondia dando razão a ele.
Vovô contava muitas coisas acontecidas com ele, no
tempo em que morou em Laranjal. Dizia vovô que, quando ainda morava em
Laranjal, Município de Cataguases, houve uma Semana de Missões, que era para
fazer crismas, de quem ainda não era crismado na religião católica apostólica
romana. Os Bispos, todas as noites, faziam sermões. O povo comparecia em massa;
uns, para crismar os filhos, outros, para assistirem aos sermões. Outros iam
para debochar dos missionários. Quando não fosse em presença física, esses que
debochavam, deixavam para a volta, quando vinham pra casa. Esses grupos de pessoas irresponsáveis eram os que mais
frequentavam as festas das Missões.
Em uma certa noite, depois
que beberam muita cachaça nos botequins, lá pras
tantas da noite, voltaram para a casa fazendo bagunça, gritando, desafiando
todos os moradores daquela região. Em certo momento, um deles lembrou-se dos
bispos, e subiu em cima de um cupim, e começou a fazer discurso, imitando os
bispos. Sem ele esperar, o cupim abriu-se ao meio e prendeu ele até a cintura.
Dizia vovô que ninguém conseguia tirar o homem que estava preso no monte de
cupim.
Depois de muito pelejar, para tirar o homem que
estava preso no monte de cupim, um deles deu um palpite: “– Quem sabe, se
agente chamasse o Bispo, para vir aqui? Assim talvez, ele tirava o fulano de dentro do cupim!” E, assim
chamaram o Bispo para tirar o homem que estava preso no monte de cupim. O Bispo
chegou, fez uma benzição, e o monte de terra de cupim abriu-se, mas, o homem
estava morto. Os cupins atacaram as partes de seu corpo que estavam dentro da
terra.
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