A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ JOAQUIM PEREIRA E O CASO DA CAPIVARA
ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA
Voltando aos casos da família
por parte de mãe, aos casos da família Pereira da Cunha. Dizia minha avó Maria
Brasilina que num certo dia meu avô Joaquim Pereira (que estava em início do
estado de nervos, começando a falar sozinho, já meio demente) saiu de casa e
foi subindo o morro da Cachoeira dos Pereiras dando de braço, mencionando com a cabeça; de vez em
quando parava e olhava para um lado, olhava para outro lado, e continuou a caminhada,
sempre subindo o morro, até encobrir-se no topo do caminho em direção à cachoeira.
Com o espaço de uma hora, mais ou menos, meu avô Joaquim
Pereira despontou de volta no alto e veio descendo, um pouco apressado, e,
quando chegou, disse para minha avó: “– Sá
Maria, eu matei uma capivara embaixo da cachoeira”. Minha avó Maria Brasilina
disse: “– Como é que ocê matou
capivara? Ocê subiu o morro só, sem
companheiro. Daqui, eu vi até ocê
virar o morro, ocê não levou arma de
fogo. Como é que ocê matou capivara, ômi? Deixa de mentira!” E meu avô
Joaquim disse: “¾ Vai lá, pra vê!
Tá morta mesmo! Eu ia passando e vi a capivara quentando sol, lá embaixo da cachoeira. Eu apanhei uma pedra e dei
uma reviravolta com o braço, e joguei a pedra de cima pra baixo. A pedra foi certinha na cabeça da capivara. E vi quando
ela ficou estrebuchando no chão.”
Minha avó Maria Brasilina ficou meio confusa, não
querendo acreditar, mas, mesmo assim, mandou um dos filhos para verificar se
era verdade. E quando o filho chegou embaixo da cachoeira, encontrou a capivara
morta com uma brecha na cabeça. Apanhou a capivara e trouxe até a casa. E assim
ficou confirmado que meu avô Joaquim Pereira, já meio demente, havia matado uma
capivara com uma pedra, jogada de uma distância de uns cinquenta metros, mais
ou menos. Esse caso acontecido era contado por todos os meus tios, irmãos de
minha mãe. E minha mãe confirmava que era verdade.
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