A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ JOSÉ ANTÔNIO E A
TRAVESSIA NA MATA CERRADA ESPANTANDO ONÇA-TIGRE PINTADA
ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA
Vovô contava também sobre
uma parte de mata cerrada que tinha onça-tigre pintada. Essa mata ficava
próxima à casa de vovô, em Laranjal. Ele e sua família tinham que passar dentro
daquela mata, para irem até à casa de uma das irmãs de vovô, que morava do
outro lado da mata. Algumas vezes até trabalhavam, vovô e os filhos, para o
cunhado e a irmã, em suas lavouras de café e cereais. (Na roça, usa-se, acho
que até hoje, trocar dias de trabalho uns com os outros).
Pois muito bem, depois da visita, ou se fosse depois
do trabalho, quando chegava a noite, na volta para casa, era preciso arrastar
pelo caminho uma taquara com as folhas, para evitar que a onça-tigre pegasse
aquele que viesse atrás, por último. Isto porque não havia estrada larga, era
apenas um trilho no meio da mata, aonde eles tinham que passar.
Vovô contava que aquele último, que vinha atrás
puxando a taquara com folhas para proteger os da frente, sentia as unhas da
onça arranhando a taquara. O arrastar das
folhas da taquara produzia uma chieira
[barulho] nas folhas secas do caminho, e a onça se entretinha, brincando com a
taquara, e, assim, ela não pegava nenhum deles.
Era sempre assim: naquele tempo de vovô José
Antônio, para atravessar aquela mata cerrada do Município de Laranjal, durante
a noite, o companheiro de trás arrastava uma taquara com as folhas, para evitar
ser refeição de onça.
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