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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: UM MUITO NECESSÁRIO DESCANSO - 16.1


AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: UM MUITO NECESSÁRIO DESCANSO - 16.1

NEUZA MACHADO

E eis que, naquelle dia,
o Bhima Viajante resolveu afastar-se,
por uns dias,
de sua função
de Vigilante Intergalático
do Supremo Senhor,
para desfrutar
de um muito necessário descanso.

Em nome da pura
e mais chocante verdade!,
o facto era que o Mundo dos Homens,
naquelle anno de 2003,
estava a pegar fogo,
um fogaréu crepitante,

guerras e mais guerras
por todos os lados,
violentíssimas disputas
ocorrendo entre Irmãos
na Terra e no Céu,
muitos tristes episódios
acontecendo
em cada Cantinho
do Mundo de Deus,
e todos esses factos
necessitando
de um escritor intergalático,
para levá-los ao conhecimento
do Supremo Senhor.

O facto era que o Sentinela
Escrivinhador do Espaço Sideral
já estava cansado de assistir
a tanta violência,
ou do alto de sua Vimana
Maravilhosa Bacana,
por meio de seu Binóculo Mágico,
ou pelas telas do aparelho televisão,
invenção dos Humanos,
e, mais ainda,
pelo facto de ter de olhar
os bélicos acontecimentos
sempre de longe,
sem nunca poder
socorrer os feridos,
uma vez que a sua função
era apenas a de observador
e anotador,
nada mais do que isto.

No entanto,
mesmo reconhecendo
a sua pouca contribuição
para a Paz entre os Homens,
pelo menos ficava a saber
das guerrinhas do Mundo Rotundo
dos Homens Sem-Rumo.

Mas, eis que, naquelle dia,
o Bhima resolveu afastar-se
das visões das Contendas,
e recolheu-se, por uns dias,
em sua Concha de Luz.

Quomodo sempre,
o lugar escolhido,
para o necessário repouso,
foi aquele Tal Alto de Serra
das Minas Gerais.

No pico mais alto de uma
montanha arborizada,
o Bhima estacionou
a sua Vimana Bacana
Esplendorosa Brilhante Voadora,
de uma forma que poderia avistar
uma boa parte da região
da Zona da Mata Mineira,
sem ter de sair de sua comodidade.

Ali, entre as maiores
maravilhas das maravilhas,
o precioso silêncio imperava.

As flores se multiplicavam
alegres e coloridas.

Os passarinhos
faziam seus ninhos
nas frondosas árvores.

As ditas árvores balouçavam
suas frondosas copas.

E tudo era muito verde
e grandioso
ao redor da Vimana.

Extasiado com tanta beleza,
primeiramente,
ele se ocupou em arrumar,
com muito esmero e dedicação,
o interior de sua Casinha Voadora
de Beleza Sem-Par.

Limpou-a com muito cuidado,
atento a cada cantinho,
retirando toda a sujeira,
lavando os ladrilhos
com a pura água borbulhante
das fontes
do Divino Espírito Santo
de Bellíssimos Horizontes.

Ah!, é bom que lhe diga também
que o Bhima
sempre fora
muito caprichoso
com o seu corpinho
de Extra-Terrestre
Bonitinho
Charmoso,
e com a sua
Casinha Voadora
Tão Acolhedora.

Este capricho,
à moda dos Humanos,
fora adquirido
desde o tempo
em que ele
se materializara na Terra,
por uns tempos,
nascendo quomodo filho
da Rainha Kunti Querida,
na Índia Antiga Florida.

Na infância, ele aprendera
com seu pai adotivo,
o Rei Pandu,
que a limpeza de uma moradia
somada à limpeza do corpo
é o primeiro sinal
que valoriza um Homem
diante de outros Homens.

O Solitariozinho
já não era mais visto
pelos Humanos,
mas conservara o hábito
de sempre limpar
a sua Vimana-Casa Voadora,
assim quomodo tomava
seu banho refrescante,
diariamente,
usando os mais
perfumados sabonetes
conhecidos
pelos Habitantes da Terra
do Ocidente e Oriente.

Ele era um Extra-Terrestre,
é verdade!,
mas possuía um segredinho,
só do conhecimento dele,
para comprar
nas Grandes Lojas
das Cidades Terráqueas
os objetos de consumo
próprios da Humanidade Consumista,
sem que fosse reconhecido
quomodo
um ser de outro Planeta.

Em verdade,
três vezes!!! verdadeira!,
o Bhima,
naquelles últimos Annos
do Segundo Milênio,
adquirira o hábito
do consumismo,
aquele péssimo hábito
de angustiosa demência,
instigado pelos
Grandes Capitalistas,
o que levava
a maior parte
da Massa Humana
à falência.

As Máquinas de Propaganda
anunciavam
os mais disparatados produtos,
as mais disparatadas invenções,
louvando e enaltecendo
as qualidades dos ditos produtos,
e, com isto, induziam a massa
(os despreparados viventes)
ao consumo desenfreado.

Era um tal de comprar e comprar e comprar
e nunca parar de comprar!
As propagandas instigavam
cada ser humano
a se encarregar de encher sua casa
de objetos sem utilidade,
os quais só serviam
para entupi-la de cacarecos,
e, em consequência,
obrigando o comprador
a gastar o suado Talentinho
com compras desnecessárias.

E o Bhima já estava indo
pelo mesmo caminho!,
ele gostava de comprar
quomodo fosse também um mortal.

A única diferença era que,
quando percebia que a sua Vimana
já estava a se tornar
um saco de objetos sem uso,
colocava tudo em um lugar acessível,
certo de que os humanos
setenta vezes sete mais pobres
iriam, com certeza!,
aproveitar os tais objetos.

Fora isto mesmo que ele fizera,
quando daquella Invasão
dos Cupins Gigantes
nas terras do Marciano Guerreiro,
tá lembrado?
Um dono de terras velhinho,
Mas tão bom para com os seus
Colaboradores Braçais!

O Bhima,
depois da tragédia
ocorrida com o Marciano
e seus auxiliares,
se encarregara de os prover,
com roupas e alimentos,
até que se recuperassem
da devastação
e a Fazenda do Marciano
tornasse a florir.

Assim foi em outras Eras
(e ainda é!) o nosso Bhima!!!
Um bom Extra-Terrestre!!!
Um Solitário no Mundo Rotundo!!!

Os Humanos
ainda não o visualizaram,
mas ele se sente muito feliz,
feliz mesmo!!!,
por morar na Terra dos Homens
quomodo Sentinela
do Espaço Sideral Infinitesimal
a serviço do Supremo Senhor
de Poder Sem-Igual.

Mas, voltando ao relato sensato,
o Bhima sempre fora muito caprichoso
com a sua Vimana de Sonhos.
“E é tão gratificante viver
em uma Vimana Maravilhosa Limpinha!”,
pensava exclamativamente
o nosso Extra-Terrestre.

Por tudo isto,
antes de se recolher pensativamente,
arrumou com muito cuidado
a sua Vimana-Residência,
retirou toda a poeira da viagem,
sacudiu as cortinas das janelinhas,
trocou o lençol de sua caminha
azulada
flutuante,
lavou o banheiro,
limpou o vaso sanitário,
lavou as Varandas-Mirantes,
limpou a micro-cozinha,
colocou na geladeira
os legumes e frutas
comprados na Cidade
do Divino Espírito Santo,
organizou os cereais na despensa,
os cereais comprados também
em um grande SuperMercado
da mesma Cidade,
olhou com muita atenção as sacolas,
para ver se havia comprado
todos os alimentos e frutas
de sua preferência,
para que,
com esse cuidado todo,
não precisasse sair de seu refúgio,
naquella Altíssima Montanha.

E, antes de recolher-se,
apressou-se em cozinhar
uma bela quantidade
de feijão-amendoím,
o seu preferido,
com bastante toucinho de fumeiro
e linguiça-de-porco;
cozinhou também
uma boa quantidade de arroz japonês,
temperado com sal e alho fritado;
cozinhou chuchu com jiló
(uma delícia!);
preparou as verduras verdinhas
e tomates vermelhinhos;
caprichou em preparar
uma imensa jarra de laranjada dourada,
colocando-a na geladeira para gelar;
e atarefou-se com outros
cozimentos suculentos,
porque, em verdade,
planejava ficar
de papo-pro-ar
durante uma semana,
sem mais nem menos,
recolhido,
sem trabalhar quomodo Vigilante,
saboreando a farta refeição
que estava a fazer,
a qual foi distribuída
em potinhos plásticos,
logo após o término
dos cozimentos,
e, depois,
colocada no freezer Compact90,
e que daria para ele se alimentar
por uma semana,
quomodo o previsto,
sem que fosse preciso preocupar-se
com cozimentos diários.

É bom que você saiba que
o Bhima já estava acostumado
com a forma de vida
dos humanos.
Também pudera!
Já estava residindo
na Terra dos Homens
há milhares e milhares
de Annos-Luz,
e já nem se lembrava mais
de quomo eram as refeições
em seu Planeta de origem.
Não se lembrava,
de jeito nenhum!,
se lá em seu Planeta,
em sua Galáxia longínqua,
existia o hábito de se alimentar
do jeito que os humanos
se alimentavam.

Às vezes, ele pensava:
“Será que a minha Mamãe
Extra-Terrestre
cozinha os alimentos,
lá na minha Longínqua Galáxia,
em fogão-de-gás?,
ou será que se utiliza de fogão-de-lenha,
quomodo as Antigas Cozinheiras
Camponesas de Minas Gerais?
Será que existe fogo por lá?, será?
Será que existe o gostoso
arroz com feijão?, será?
E lingüiça de porco?
Será que há porcos por lá?, será?

A verdade era que o Bhima viera
muito jovenzinho
para a Terra dos Homens,
e os hábitos de sua Antiga Vida
foram esquecidos.

Adotara os costumes dos Humanos
desde que se materializara
quomodo Filho da Rainha Kunti,
e, então,
depois que conheceu o Brasil Varonil
e, principalmente,
as Terras Encantadas de Minas Gerais,
de verdade!, a partir daí,
o Bhima já não podia viver
sem os saborosos alimentos
degustados naquella parte
do Mundo Rotundo.

O arroz branco com feijão preto
temperados com alho fritado douradinho,
então, nem se fala!,
era (e ainda é) a sua refeição preferida.

Por tudo isto, o Bhima, naquelle dia,
abarrotou o freezer Compact90
de marca Cônsul,
que estava bem instalado
na Micro-Cozinha de sua Vimana,
com a deliciosa comida mineira
feita por ele mesmo,
pois, há muuuuuuito!!!, aprendera
os segredos daquella
tão decantada culinária mineira,
praláde apreciada pel’humanidade inteira.

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