AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: O VIADUTO DA CIDADE MARAVILHOSA - 15.2
NEUZA MACHADO
Naquelle Anno de 2003,
durante o trajecto até àquelle local
- o Terminal Rodoviário Novo Rio -,
comodamente instalado em sua Vimana
Silenciosa Voadora, e discreta,
o Solitariozinho fora se entretecendo,
apreciando alguns Pontos da Cidade,
outrora lindos e maravilhosos.
A bordo de sua Vimana Voadora
e usando o seu Binóculo Mágico
das Grandes Ocasiões,
horrorizou-se com a feiúra
que era a Tal Rua-Viaduto
Paulo de Frontin.
“Minha Nossa Senhora da Penha Mais Alta
e das Causas Perdidas!, exclamou
(o Bhima era religioso e todo todo todo redundante),
como este lugar da Cidade,
tão interessante noutros tempos!, está feio!”
O fato era que, naquelle Anno de 2003,
principalmente naquelle mês de agosto
já assinalado,
a sujeira,
o abandono,
os pobres mendigos,
os perigosos desocupados,
e outros males terrííííííveis,
quomodo ratos, baratas, e milhares
de outros bichos peçonhentos,
se compactuavam,
para fazer das pilastras do Viaduto
as suas moradias permanentes.
E o fedor de urina?
E os restos de fogueira e comida estragada
nos cantinhos das pilastras?
“Um horror!”, pensava ele,
amante que era de locais
arrumados e arejados.
A sua Vimana Voadora, por exemplo,
era muito limpa, pois,
além de ser o seu Veículo
de Extraordinárias Viagens Sem-Fim,
e praláde interessantes,
era também a sua Casa de Moradia,
a sua Residência Oficial
na Terra dos Homens Sem-Rumo.
Mas, garantia-me a Sábia Väjira
constantemente,
a Vimana se encontrava sempre
impecável e aconchegante,
rebrilhando de tanta limpeza.
Era verdade!
O Bhima Intergalático
sempre fora um ardoroso fã
de residências limpinhas,
desde que aportara
na Terra dos Homens,
Milhões e Milhões e Milhões
de Annos-Luz Atrás,
e, com certeza,
aos olhos do Bhima,
a Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro,
naquelle Agosto do Anno de 2003,
não se apresentava quomodo
uma Residência Limpinha
para os Intrépidos Cariocjônios.
O Extra-Terrestre Bhima conhecera
alguns lugares luxuosos e limpos
quomodo, por exemplo,
o Castelo Indiano do Rei Pandu,
seu pai adotivo,
quando de sua única encarnação visível
no Planeta dos Homens.
Aquelle Estéril Rei Pandu,
marido de sua mãe terrena,
a Bella Rainha Kunti
(e que a consagrou ao deus do Vento,
para que a sua necessária descendência
se tornasse divina,
segundo as sábias palavras do Sábio Vyasa).
Outro lugar,
maravilhosamente limpo e famoso,
que o Extra-Terrestre Bonzinho
teve o prazer de conhecer,
foi o Palácio de Versalhes,
tão antigo!, tão fresquinho!,
limpo e eternamente “novo”!,
graças ao bom trato e carinho
dos governantes franceses,
os quais tanto zelaram,
e ainda zelam,
e zelarão,
por seu precioso passado,
exaltando os momentos gloriosos,
sem esquecer os maus momentos
vividos pela Franca Nação.
“E o Bairro Medieval da Cidade de Rennes?
Um lugar tão bem cuidado!
E o Monte Saint Michel?
Que lugar lindo e conservado!”,
pensava enlevado.
E as Pequeninas Cidades de Minas Gerais?,
seu Estado Federativo preferido
no Brasil Varonil, seu lugar adorado
no Segundo e Terceiro Milênios
Presentes Passados.
Não!, não apenas os Castelos
luxuosos e ricos
mereciam a atenção dele!
As Humildes Moradias
dos Montanheses Mineiros,
Limpinhas e Aconchegantes,
encantavam os extras sentidos
apurados
do dócil Extra-Terrestre.
Mas, naquelle momento,
estava ele na Cidade Cariocjônia,
e o lugar escolhido,
no momento,
para a sua função
de Vigilante Intergalático
da Grande Milícia Celestial
do Supremo Senhor,
era o Terminal Rodoviário Novo Rio,
a Velha Rodoviária dos Gentis Cariocas.
Aí, então,
o Bhima começou a redobrar
a sua atenção:
Um vai-e-vem de pernas passantes
se entrelaçavam diante de seus grandes
e argutos e amendoados olhos brilhantes.
Nesse ínterim,
talvez por pura não-coincidência,
percebeu novamente a discípula
da Sábia Väjira Diamante,
com sua interessante Bolsa-Sacola,
Iluminada e Instigante,
encaminhando-se
a direção à Plataforma 30,
quomodo já se habituara a fazer
des o Mês de Fevereiro
daquelle Anno de 2003,
para viajar, todas as semanas,
no Ônibus Mileum,
do Horário de 10h50minutos,
a direção à Cidade
do Divino Espírito Santo
dos Gloriosos Mineiros Altaneiros.
A discípula da Sábia,
de acordo com a percepção
nunca ordinária
do Privilegiado Bhima,
flutuava encantada,
enquanto caminhava apressada.
Não era que a tal Anciã Veneranda
gostava mesmo de viajar?!
A Veneranda Diana
nascera naquelle Signo Zodiacal
do Arqueiro,
aquelle que impulsionou
os Grandes Navegadores do Passado,
em suas Aventuras
e Conquistas de Terras Inóspitas.
Nesse entretanto da Estória,
o Extra-Terrestre Bhima,
disfarçado de Aragem Matutina,
foi acompanhando a Velha Senhora,
porque, tinha plena certeza!,
algum Acontecimento Interessante
adviria dessa Caminhada Apressada,
para a próxima Viagem de Ônibus
já assinalada.
Ele estava bem juntinho dela, e ela,
por incrível que pareça!,
não o percebia.
Quomodo sempre a Mesma costumava fazer,
ela atravessou a roleta-catraca da Plataforma,
mostrou a passagem ao Guarda
da Estação Rodoviária,
desceu a rampa de acesso à Plataforma 30,
e ficou alá sentada em um grande banco,
esperando o ônibus que a levaria
até à Cidade Montanhosa de sua predilecção.
Aquelle Lugar Sem-Igual das Minas Gerais,
não por pura coincidência!,
era o lugar preferido do
Vigilante Intergalático Espectante.
Enquanto o ônibus não vinha,
a discípula se entreteceu com a garotinha Laís,
um pequeno Anjo de Luz de um Anninho,
e que lhe sorria, feliz,
aconchegando-se aos braços de sua Mamãe,
tão novinha!
Naquelle momento, o Bhima decidiu
que retornaria também
ao seu Alto de Serra preferido.
E, por supuesto!, de Ônibus!
Então, ele jogou o pó de pirlimpimpim
em sua Vimana Maravilhosa,
que o acompanhava
quomodo se vida própria tivesse,
graças ao controle remoto dos humanos,
e ordenou-lhe que fizesse a
Viagem de Volta às Minas Gerais
acoplada ao Ônibus,
do lado de fora,
porque ele, o Viajante Intergalático,
iria dentro do Veículo Terrestre,
apreciando os movimentos
da Discípula da Sábia Sabida.
Com certeza, alguma Aventura Interessante
surgiria ao longo do Caminho Bonitinho.
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