NARRADORES PÓS-MODERNOS
NEUZA MACHADO
NEUZA MACHADO
Penso que as narrativas dos escritores da Segunda Fase do Modernismo Brasileiro até aos anos finais da década de 1960 (a partir do Macunaíma de Mário de Andrade) já poderiam ser reconhecidas como narrativas pós-modernas (refiro-me à Era, evidentemente). Por conseqüência, já teríamos, historicamente falando, dois momentos estético-literários relacionados com o nosso atual momento (estes anos iniciais do século XXI): o Modernismo (da segunda fase até aos anos sessenta, dividido em dois segmentos) e o Pós-Modernismo (dos anos sessenta em diante, já computando também dois segmentos).
Ao chamado Modernismo de Terceira Fase (anos quarenta aos sessenta), percebo-o como um momento de transição para o pós-modernismo literário (estética pós-modernista). Para a valorização da criatividade do escritor brasileiro, foi um momento literário excepcional, com todos os seus grandes ficcionistas epifânicos, os quais souberam guiar, catarticamente, seus leitores ao mais alto grau de interação reflexiva por meio de textos ímpares, iluminados; ficcionistas, esses, únicos, cada um diferenciando o estilo criativo de seus escritos por meio de suas peculiares formas, obstruindo o posterior desenvolvimento de textos semelhantes, impedindo a proliferação de plágios assinados por outros pseudo-escritores. (É lícito lembrar que Cervantes foi vítima de tal conduta por parte de um outro escritor. Depois de sua morte, houve uma continuação das aventuras do Dom Quixote). E aqui vamos assinalar, inclusive, o Modernismo Brasileiro das duas últimas fases, a partir dos anos trinta aos anos sessenta, como estéticas Pós-Modernas (relacionadas à Era), com o advento das mudanças políticas aqui percebidas, mas, também, como reflexo das leituras estrangeiras feitas pelos intelectuais nos anos anteriores, desde o término da Primeira Guerra Mundial. Leituras teórico-críticas importadas principalmente da França, trazidas também pelos professores-pesquisadores e sociólogos franceses, que aqui vinham pesquisar, leituras que refletiam as idéias do denominado “novo romance francês”, o qual desenvolvia a chamada “técnica do olhar” em alta rotatividade, técnica esta já utilizada desde o início do século XX por perspectivas ficcionais diferentes (narrativa paradigmática normal, narrativa de absurdo, narrativa fantástica, narrativa do realismo-mágico), todas, sem distinção, diretrizes ficcionais relacionadas com as chamadas Narrativas de Acontecimento.
Entretanto, os narradores brasileiros, os pós-modernos/pós-modernistas de Segunda Geração, foram além do “olhar” em alta rotatividade dos chamados pós-modernos/pós-modernistas da Primeira Geração (Murilo Rubião, Roberto Drummond e outros). Diversos dos antigos narradores experientes que “tinham mãos para pensar” (teoria de Anaxágoras de Clazomene) e dos narradores modernos (os quais pensavam porque tinham olhos e mãos para escrever), os narradores pós-modernistas (do segundo momento ficcional da Era Pós-Moderna até ao momento) passaram a pensar porque tinham mãos criadoras à moda dos antigos narradores, olhos para ver a realidade globalizada, como os pós-modernos/pós-modernistas da Primeira Geração, mas possuindo, concomitantemente, um incomum imaginário-em-aberto, dinâmico, acionado pela capacidade de apropriação e transformação interativa do cotidiano, do conhecimento em todas as suas vertentes, das informações generalizadas, em outras palavras, de tudo o que pudesse instigá-los criativamente, a partir de suas realidades históricas, ou seja, do cheio ao vazio existencial.
MACHADO, Neuza. O Fogo da Labareda da Serpente: Sobre O Amante das Amazonas de Rogel Samuel.
Ao chamado Modernismo de Terceira Fase (anos quarenta aos sessenta), percebo-o como um momento de transição para o pós-modernismo literário (estética pós-modernista). Para a valorização da criatividade do escritor brasileiro, foi um momento literário excepcional, com todos os seus grandes ficcionistas epifânicos, os quais souberam guiar, catarticamente, seus leitores ao mais alto grau de interação reflexiva por meio de textos ímpares, iluminados; ficcionistas, esses, únicos, cada um diferenciando o estilo criativo de seus escritos por meio de suas peculiares formas, obstruindo o posterior desenvolvimento de textos semelhantes, impedindo a proliferação de plágios assinados por outros pseudo-escritores. (É lícito lembrar que Cervantes foi vítima de tal conduta por parte de um outro escritor. Depois de sua morte, houve uma continuação das aventuras do Dom Quixote). E aqui vamos assinalar, inclusive, o Modernismo Brasileiro das duas últimas fases, a partir dos anos trinta aos anos sessenta, como estéticas Pós-Modernas (relacionadas à Era), com o advento das mudanças políticas aqui percebidas, mas, também, como reflexo das leituras estrangeiras feitas pelos intelectuais nos anos anteriores, desde o término da Primeira Guerra Mundial. Leituras teórico-críticas importadas principalmente da França, trazidas também pelos professores-pesquisadores e sociólogos franceses, que aqui vinham pesquisar, leituras que refletiam as idéias do denominado “novo romance francês”, o qual desenvolvia a chamada “técnica do olhar” em alta rotatividade, técnica esta já utilizada desde o início do século XX por perspectivas ficcionais diferentes (narrativa paradigmática normal, narrativa de absurdo, narrativa fantástica, narrativa do realismo-mágico), todas, sem distinção, diretrizes ficcionais relacionadas com as chamadas Narrativas de Acontecimento.
Entretanto, os narradores brasileiros, os pós-modernos/pós-modernistas de Segunda Geração, foram além do “olhar” em alta rotatividade dos chamados pós-modernos/pós-modernistas da Primeira Geração (Murilo Rubião, Roberto Drummond e outros). Diversos dos antigos narradores experientes que “tinham mãos para pensar” (teoria de Anaxágoras de Clazomene) e dos narradores modernos (os quais pensavam porque tinham olhos e mãos para escrever), os narradores pós-modernistas (do segundo momento ficcional da Era Pós-Moderna até ao momento) passaram a pensar porque tinham mãos criadoras à moda dos antigos narradores, olhos para ver a realidade globalizada, como os pós-modernos/pós-modernistas da Primeira Geração, mas possuindo, concomitantemente, um incomum imaginário-em-aberto, dinâmico, acionado pela capacidade de apropriação e transformação interativa do cotidiano, do conhecimento em todas as suas vertentes, das informações generalizadas, em outras palavras, de tudo o que pudesse instigá-los criativamente, a partir de suas realidades históricas, ou seja, do cheio ao vazio existencial.
MACHADO, Neuza. O Fogo da Labareda da Serpente: Sobre O Amante das Amazonas de Rogel Samuel.
excelente texto sobre o Pós-modernismo e seus narradores, criatico e sem igual
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