NEUZA MACHADO
ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO - SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL - 8
NEUZA MACHADO
NEUZA MACHADO
O leitor massificado não se encontra preparado para entender as mudanças estéticas (não foi devidamente orientado); os bons textos criativos são de difícil compreensão para o leitor de vida uniformizada. Até mesmo o crítico, atualmente, prefere se posicionar como analista-intérprete que seja aceito pelo leitor padronizado do momento. Só não percebe (o crítico de hoje) que ele também será avaliado no futuro, e não seria nada interessante ser reconhecido como um “novo Monteiro Lobato”, julgando depreciativamente uma arte inovadora (Monteiro Lobato e a arte diferenciada de Anita Malfatti) e apreciando aqueles que não mereciam ser apreciados (pesquisem); socialmente, colocando-se a favor de uma elite abastada e rejeitando lamentavelmente os menos favorecidos. (Frase de Monteiro Lobato, sobre o camponês brasileiro do século XX: “(...) essa raça a vegetar de cócoras, incapaz de evolução, impenetrável ao progresso” - Urupês).
Neste meio tempo, os verdadeiros ficcionistas pós-modernos/pós-modernistas, como o escritor Rogel Samuel, conseguiram e vão conseguindo (o ciclo ainda não se fechou) descartar em seus escritos a agora temporalmente distanciada psicologia interiorizada dos passados modernistas. O meio social, de uns anos para cá, passou a exigir-lhes uma nova deliberação ficcional. Se o mundo tornou-se uma aldeia global desvairada, o ficcionista também terá de registrar e sentir (ver e sentir) criativamente esse mundo aloucado que o cerca. Então, eis as mudanças: as reciclagens intelectuais em forma de prosa ficcional, as assumidas paródias inteligentemente recriadas, a intertextualização proveniente de diversas matérias genéricas, o ato de tecer e destecer o próprio texto, o tom amigável com o leitor, confidenciando-lhe a sua aparente inabilidade discursiva, a sua falta de pretensão ao estrelato intelectual, tudo isto poderá ser denotado (ou se quiserem, conotado) como autêntica ruptura com os preceitos formais do passado modernismo. Os anteriores (os conceituados modernistas, desde Mário de Andrade com o seu Macunaíma) foram os ficcionistas que se colocaram em uma posição de destaque, olhando, de cima, o mundo exterior estilhaçado (os últimos estilhaços da Era Moderna), e comparando-o com seus próprios mundos interiorizados, também estilhaçados pelas exigências sociais, pela perda de suas identidades primitivas e a angustiosa necessidade de resgatá-las. Cada narrador daquele momento (até meados dos anos sessenta) como porta-voz do ficcionista moderno, ou melhor, do ficcionista já em vias de sepultar as exigências das chamadas estéticas modernas. Cada narrador como intermediário de dois mundos, o real e o ficcional, guiado pelo olhar mitificado e a mão poderosa de seu criador, “aquele deus que garantia tudo”, como foi criativamente assinalado nas páginas de A Hora e Vez de Augusto Matraga, pelo ficcionista mineiro Guimarães Rosa.
Neste meio tempo, os verdadeiros ficcionistas pós-modernos/pós-modernistas, como o escritor Rogel Samuel, conseguiram e vão conseguindo (o ciclo ainda não se fechou) descartar em seus escritos a agora temporalmente distanciada psicologia interiorizada dos passados modernistas. O meio social, de uns anos para cá, passou a exigir-lhes uma nova deliberação ficcional. Se o mundo tornou-se uma aldeia global desvairada, o ficcionista também terá de registrar e sentir (ver e sentir) criativamente esse mundo aloucado que o cerca. Então, eis as mudanças: as reciclagens intelectuais em forma de prosa ficcional, as assumidas paródias inteligentemente recriadas, a intertextualização proveniente de diversas matérias genéricas, o ato de tecer e destecer o próprio texto, o tom amigável com o leitor, confidenciando-lhe a sua aparente inabilidade discursiva, a sua falta de pretensão ao estrelato intelectual, tudo isto poderá ser denotado (ou se quiserem, conotado) como autêntica ruptura com os preceitos formais do passado modernismo. Os anteriores (os conceituados modernistas, desde Mário de Andrade com o seu Macunaíma) foram os ficcionistas que se colocaram em uma posição de destaque, olhando, de cima, o mundo exterior estilhaçado (os últimos estilhaços da Era Moderna), e comparando-o com seus próprios mundos interiorizados, também estilhaçados pelas exigências sociais, pela perda de suas identidades primitivas e a angustiosa necessidade de resgatá-las. Cada narrador daquele momento (até meados dos anos sessenta) como porta-voz do ficcionista moderno, ou melhor, do ficcionista já em vias de sepultar as exigências das chamadas estéticas modernas. Cada narrador como intermediário de dois mundos, o real e o ficcional, guiado pelo olhar mitificado e a mão poderosa de seu criador, “aquele deus que garantia tudo”, como foi criativamente assinalado nas páginas de A Hora e Vez de Augusto Matraga, pelo ficcionista mineiro Guimarães Rosa.
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