ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO - SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL - 9
NEUZA MACHADO
Contudo, o mundo agora é outro. O narrador também é outro. Em verdade, agora, o ficcionista pós-moderno/pós-modernista não poderá valer-se apenas de um único narrador. Ao longo das narrativas da segunda metade do século XX até ao momento (das narrativas-obras autênticas), diversas vozes narradoras interagiram/interagem com o criador ficcional. São esses narradores, múltiplos, diferentes entre si, que se colocam como arautos do ficcionista desta fase intermediária entre o final do século XX (anos oitenta em diante) e o início do século XXI. Rogel Samuel também formalizou (criou) mais de um narrador: não há apenas um, há outros além do Ribamar de Sousa, e pelo menos mais um poderá ser distinguido pelo leitor “incomodado” (o Ribamar-personagem-narrador de duas realidades singulares, externas e conceituais, complexas ― sócio-ficcional e mítico-ficcional ―, e o Rogel-poeta-ficcionista-narrador de sua própria dinâmica interioridade).
O mundo agora está tão globalizado e complexo que o escritor-narrador pós-moderno/pós-modernista de Segunda Geração se viu/se vê na contingência de renascer à moda tradicional (o ato de contar uma história atual como se fosse um fato de um passado distante), e, ao mesmo tempo, se multiplicar e dilatar-se ficcionalmente e liricamente (matéria lírica interagindo com a ficcional), a partir de uma forma literária ainda não muito divulgada que lhe apresente os meios de recontar a sua própria realidade (transfigurada) aos leitores do futuro (o que ele viu e sentiu neste momento caótico de transição para o Terceiro Milênio, as suas angústias secretas, impossíveis de serem traduzidas em pergaminho comum, impossibilitadas de serem manifestadas pela voz de um único narrador). São estes os narradores pós-modernos de O Amante das Amazonas: o Ribamar de Sousa, narrador multifacetado (somatório de vozes massificadas que se intercalam para que possam reconhecer a perda nostálgica de um incrível mundo, anteriormente imaculado, um mundo para sempre perdido, graças aos desmandos de uma cultura pseudo-elitista, alienante e massacrante), e o próprio escritor-narrador (também poeta lírico) de forma ficcional epo-lírica, conhecedor de uma realidade fantástica, grandiosa, vigorando para além da simples reprodução da verdadeira e fabulosa Floresta Amazônica.
O(s) narrador(es) rogeliano(s) ultrapassando criativamente suas inúmeras leituras teórico-filosóficas-literárias (foram dez anos de pesquisa e reformulações de texto, diz o autor à sua entrevistadora), resgatando o lirismo-epo-ficcional de um lugar ímpar, repleno de “metáforas poéticas”, como ele mesmo assinala, porque somente um ficcionista-poeta, e pós-moderno, poderia criar narradores diferenciados (neo-facies de poetas e narradores: antigos, medievais, modernos e pós). Ou mesmo um único narrador fragmentado que pudesse imobilizar o fluxo narrativo ficcional (em prosa), para observar a poesia (matéria poético-lírica) pairando sobre as águas dos caudalosos rios amazonenses.
NEUZA MACHADO
Contudo, o mundo agora é outro. O narrador também é outro. Em verdade, agora, o ficcionista pós-moderno/pós-modernista não poderá valer-se apenas de um único narrador. Ao longo das narrativas da segunda metade do século XX até ao momento (das narrativas-obras autênticas), diversas vozes narradoras interagiram/interagem com o criador ficcional. São esses narradores, múltiplos, diferentes entre si, que se colocam como arautos do ficcionista desta fase intermediária entre o final do século XX (anos oitenta em diante) e o início do século XXI. Rogel Samuel também formalizou (criou) mais de um narrador: não há apenas um, há outros além do Ribamar de Sousa, e pelo menos mais um poderá ser distinguido pelo leitor “incomodado” (o Ribamar-personagem-narrador de duas realidades singulares, externas e conceituais, complexas ― sócio-ficcional e mítico-ficcional ―, e o Rogel-poeta-ficcionista-narrador de sua própria dinâmica interioridade).
O mundo agora está tão globalizado e complexo que o escritor-narrador pós-moderno/pós-modernista de Segunda Geração se viu/se vê na contingência de renascer à moda tradicional (o ato de contar uma história atual como se fosse um fato de um passado distante), e, ao mesmo tempo, se multiplicar e dilatar-se ficcionalmente e liricamente (matéria lírica interagindo com a ficcional), a partir de uma forma literária ainda não muito divulgada que lhe apresente os meios de recontar a sua própria realidade (transfigurada) aos leitores do futuro (o que ele viu e sentiu neste momento caótico de transição para o Terceiro Milênio, as suas angústias secretas, impossíveis de serem traduzidas em pergaminho comum, impossibilitadas de serem manifestadas pela voz de um único narrador). São estes os narradores pós-modernos de O Amante das Amazonas: o Ribamar de Sousa, narrador multifacetado (somatório de vozes massificadas que se intercalam para que possam reconhecer a perda nostálgica de um incrível mundo, anteriormente imaculado, um mundo para sempre perdido, graças aos desmandos de uma cultura pseudo-elitista, alienante e massacrante), e o próprio escritor-narrador (também poeta lírico) de forma ficcional epo-lírica, conhecedor de uma realidade fantástica, grandiosa, vigorando para além da simples reprodução da verdadeira e fabulosa Floresta Amazônica.
O(s) narrador(es) rogeliano(s) ultrapassando criativamente suas inúmeras leituras teórico-filosóficas-literárias (foram dez anos de pesquisa e reformulações de texto, diz o autor à sua entrevistadora), resgatando o lirismo-epo-ficcional de um lugar ímpar, repleno de “metáforas poéticas”, como ele mesmo assinala, porque somente um ficcionista-poeta, e pós-moderno, poderia criar narradores diferenciados (neo-facies de poetas e narradores: antigos, medievais, modernos e pós). Ou mesmo um único narrador fragmentado que pudesse imobilizar o fluxo narrativo ficcional (em prosa), para observar a poesia (matéria poético-lírica) pairando sobre as águas dos caudalosos rios amazonenses.
o mundo é outro, o narrador também é outro, você abrilhanta qualquer narrador, faz dele um apanhador dos sentidos do campo do mundo
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