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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO - SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL - 7

NEUZA MACHADO



ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO - SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL - 7

NEUZA MACHADO




Mas, a pergunta permanece: e os escritores pós-modernos/pós-modernistas? Seria possível classificá-los como ímpares, se os mesmos desmistificaram e desmistificam e desmistificarão, por um bom período temporal, suas criações ficcionais? Reafirmo: são autênticos. São esses os verdadeiros revolucionários da chamada literatura-arte deste atual momento histórico (século XXI), porque sabiamente não se consideram criadores excepcionais. Os pouquíssimos eleitos pelo dom da arte literária, neste momento de desajustes existenciais, são os realmente autênticos criadores ficcionais. (E aqui elevo a diferenciada criatividade ficcional de Rogel Samuel). São esses ficcionistas atuais (apenas os privilegiados pelo dom da criação literária), os “novos criadores” da estética pós-modernista da Era Pós-Moderna, porque, pelo processo histórico-literário (não poderão apartar-se) rejeitaram, rejeitam e rejeitarão ― por um considerável período ― os dogmas da estética modernista passada.

É importante explicar: os ficcionistas pós-modernistas não rejeitaram os grandes escritores do modernismo e, também, não se opuseram aos escritores de outros gêneros e escolas do passado, ao contrário, foram e são admiradores de todos, dos verdadeiros, dos ímpares, mas seus dons ficcionais já não se adequavam e não se adéquam ainda àquele momento modernista da primeira metade do século XX. A dinâmica de vida agora é outra. A rejeição foi na esfera da formalidade (forma), porque os de agora não querem explorar ficcionalmente os conflitos existenciais do indivíduo-criador, e, muito menos, lançar um poderoso olhar demiúrgico, de cima, à realidade fragmentada.

Então, se há rejeição, porque não falar em renovação? Muitos dirão: há semelhança com o modernismo, não há rejeição ─ a marca inconteste de mudança estética. (Assim como muitos críticos literários, ao longo do século XX, se referiram ao Romantismo e Simbolismo, buscando semelhanças inexistentes). Verdade. Há aparente semelhança obscurecendo as diferenças, que são muitas. O escritor da ficção pós-moderna/pós-modernista de Segunda Geração, além de não aceitar dogmas, para a elaboração de seus textos, e de não se ater às revelações epifânicas, àqueles momentos culminantes, insólitos, assinaladores do clímax dos textos, percebe o quanto é difícil narrar, se não há um padrão teórico-crítico preestabelecido que o coloque na categoria de pós-moderno. O padrão aparentemente não existe, porque aparentemente os teórico-críticos da atualidade se recusam a ler com atenção os textos-novidade, uma vez que é muito cômodo continuar a interagir com os escritos literários já sacralizados pelos conceituados “donos do saber”. E, atualmente (no Brasil e no Mundo), os “donos do saber”, ligados à Indústria Cultural, estão a proliferar. Estão ancorados nas redações dos jornais e revistas, nas seções dedicadas à cultura, avaliando como bons os livros que irão render retorno financeiro. E esses muitos valorizam alguns textos insignificantes que o Mercado Propagador se esmera em divulgar, que vão sendo exaltados como “repletos de criatividade”, deixando no ostracismo os realmente valiosos. Mas, acredito, os autênticos resistirão ao crivo do tempo. Os verdadeiros textos-arte ficcionais serão reconhecidos no futuro. Seria interessante que a Indústria Cultural destacasse a qualidade e esquecesse, um pouco, as exigências financeiras (não muito, o dinheiro será sempre necessário ao artista, pois, sem Mecenas provedores, as contas estão aí, para serem pagas).

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