NEUZA MACHADO
ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO - SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL - 4
NEUZA MACHADO
ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO - SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL - 4
NEUZA MACHADO
Contudo, para referir-me ao incomum texto narrativo de Rogel Samuel, o nomeei, no início destas linhas preliminares, como Ficção Pós-Moderna (historicamente) e como Pós-Modernista (esteticamente). Pós-Moderna porque se insere em uma nova era, posterior à Era Moderna (aquela que teve o seu início, na Europa, lá pelos meados do século XV, com o advento do Humanismo Renascentista). Pós-Moderno seria o nome que se convencionou chamar ao Momento Histórico, depois da cisão que se estabeleceu no mundo pós-capitalista, com a retomada de valores comunitários (valores comunitários de pequenos grupos, e de uma maneira diferente dos valores comunitários da Idade Média, entretanto, não deixará de ser uma retomada). Pós-Modernista (insisto em diferenciar) porque se instaura a partir de uma cisão com a estética chamada Modernista, implantada no Mundo e no Brasil a partir dos anos iniciais (anos bélicos) do século XX.
Conseqüentemente, vejo-me induzida a novamente explicar as diferenças entre estética modernista (seja de que geração for) e estética pós-modernista, principalmente no que se refira à ficção (computo duas gerações pós-modernistas até ao momento): há diferenças marcantes entre ficção modernista e ficção pós-modernista. Na ficção modernista da última fase (creditada como terceira, a partir dos anos quarenta do século XX, mas avaliada aqui como estética de transição para o pós-modernismo da Primeira Fase), há presença do indivíduo-criador a guiar os leitores até “aos vagos clarões do espírito”, quando repenso aqui o direcionamento filosófico especialíssimo de Gaston Bachelard. São os últimos modernistas (da transição dos anos quarenta ao início dos anos sessenta) escritores epifânicos: João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, entre outros. Esses ficcionistas privilegiados alcançaram o direito de ultrapassagem dos dois cogitos aceitos como normais ou sociais (um: linear; e dois: dialético) e de conviverem com o terceiro cogito do pensamento individual (“consciência singular”, pelo ponto de vista bachelardiano). Estou a referir-me apenas aos escritores dos anos quarenta ao início dos anos sessenta do século XX, já assinalados como ficcionistas ímpares, distanciados das exigências moralistas próprias dos anteriores narradores ficcionais da Era Moderna (desde o início do Gênero Narrativo Ficcional como fenômeno da Era Moderna, ou seja, do início do século XVII até ao final do século XIX). Aqueles (os ficcionistas do século XVII ao século XIX) iniciavam seus escritos ficcionais com uma fórmula já elaborada, com princípio, meio e fim, já com regras pré-concebidas, impositivas, de normas e exemplos de vida comunitária, à moda da anterior Era Medieval, se me obrigo a repensar livremente as palavras de Walter Benjamim (O Narrador) sobre o narrador ficcional (o narrador exemplar) do início da Era Moderna. Tais reflexões saem, também, de outras fontes do meu próprio cabedal de conhecimento, uma vez que faço parte, irrestritamente, desta engrenagem sócio-cultural pós-moderna interativa. Entretanto, há, aqui, neste meu patrimônio intelectual intercambiável, uma vigorosa ligação teórico-reflexiva, embora aqui já entretecida e reformulada, com o ainda importante ensaio de Walter Benjamim.
Conseqüentemente, vejo-me induzida a novamente explicar as diferenças entre estética modernista (seja de que geração for) e estética pós-modernista, principalmente no que se refira à ficção (computo duas gerações pós-modernistas até ao momento): há diferenças marcantes entre ficção modernista e ficção pós-modernista. Na ficção modernista da última fase (creditada como terceira, a partir dos anos quarenta do século XX, mas avaliada aqui como estética de transição para o pós-modernismo da Primeira Fase), há presença do indivíduo-criador a guiar os leitores até “aos vagos clarões do espírito”, quando repenso aqui o direcionamento filosófico especialíssimo de Gaston Bachelard. São os últimos modernistas (da transição dos anos quarenta ao início dos anos sessenta) escritores epifânicos: João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, entre outros. Esses ficcionistas privilegiados alcançaram o direito de ultrapassagem dos dois cogitos aceitos como normais ou sociais (um: linear; e dois: dialético) e de conviverem com o terceiro cogito do pensamento individual (“consciência singular”, pelo ponto de vista bachelardiano). Estou a referir-me apenas aos escritores dos anos quarenta ao início dos anos sessenta do século XX, já assinalados como ficcionistas ímpares, distanciados das exigências moralistas próprias dos anteriores narradores ficcionais da Era Moderna (desde o início do Gênero Narrativo Ficcional como fenômeno da Era Moderna, ou seja, do início do século XVII até ao final do século XIX). Aqueles (os ficcionistas do século XVII ao século XIX) iniciavam seus escritos ficcionais com uma fórmula já elaborada, com princípio, meio e fim, já com regras pré-concebidas, impositivas, de normas e exemplos de vida comunitária, à moda da anterior Era Medieval, se me obrigo a repensar livremente as palavras de Walter Benjamim (O Narrador) sobre o narrador ficcional (o narrador exemplar) do início da Era Moderna. Tais reflexões saem, também, de outras fontes do meu próprio cabedal de conhecimento, uma vez que faço parte, irrestritamente, desta engrenagem sócio-cultural pós-moderna interativa. Entretanto, há, aqui, neste meu patrimônio intelectual intercambiável, uma vigorosa ligação teórico-reflexiva, embora aqui já entretecida e reformulada, com o ainda importante ensaio de Walter Benjamim.
seu texto é maravilhoso, espero publica-lo no ENTRE-TEXTOS e no 45 GRAUS, onde hoje se encontra uma postagem sua sobre Benito Botelho...
ResponderExcluirBem haja!