NEUZA MACHADO
ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO - SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL - 5
NEUZA MACHADO
E, uma vez que me refiro a Walter Benjamim, faz-se necessário explicar que ele repensou sociologicamente e historicamente os narradores ficcionais da Era Moderna, percebendo-os como narradores (prosadores) saudosistas de um passado de glórias mítico-sociais (mesmo que, assim, não seja visível, ao longo de seu texto, escrito antes do término dos anos quarenta). Por intermédio de Benjamim, e de outros pensadores das dimensões sociais, diversificadas, da individualista sociedade moderna, pude observar que os narradores ficcionais modernos (continuo insistindo, da Era Moderna até ao final do século XIX), independentes das diversas orientações estético-ficcionais do período (barroco, romantismo, realismo-naturalismo-impressionismo), se posicionaram como continuadores-saudosistas das normas comunitárias das Eras Antiga e Medieval, anteriores à Moderna (no plano da camada linear e visível, enquanto exigências de normas narrativas). A diferença (e eu me obrigo sempre a uma explicação) está no fato de que os narradores da modernidade (das estéticas assinaladas, a iniciar por Cervantes) descobriram o poder das camadas ocultas, verticais (a partir do iniciante gênero, além da novidade da narrativa vertical em prosa, ao invés dos costumeiros versos narrativos do discurso épico), em confronto com os condicionamentos das ideologias repressivas, individualistas, que já se avizinhavam. Entretanto, é importante esclarecer, não me refiro ao narrador renascentista das narrativas em versos (não há dúvida, narrador também moderno historicamente), pois o mesmo não conheceu o gênero narrativo ficcional, posteriormente, criado e desenvolvido pelo espanhol Miguel de Cervantes. Luís de Camões, que escreveu submetido gloriosamente a todos os gêneros distinguidos no século XVI, não logrou conhecer, historicamente, a forma moderna do Gênero Narrativo Ficcional.
Faz-se necessário, também, não confundir o gênero narrativo ficcional com as novelas/romances de cavalaria medievais, escritas em versos e com personagens puros ─ narrativa épica medieval ─, enfraquecidas esteticamente, com o passar dos anos, porque foram adaptadas, em forma de prosa, para o gosto dos ávidos leitores burgueses do século XVI e seguintes. Por esse ângulo, aqueles “novos” narradores da prosa moderna (atentar-se para o narrador do Quixote e os narradores da estética ficcional romântica), se posicionaram desiludidos ante a perda da pura heroicidade guerreira ─ própria dos destacados personagens das epopéias em versos anteriores ─, tornaram-se, por intermédio da realidade histórica que os envolvia, personagens desajustados, desequilibrados, buscando novos rumos gloriosos em um mundo disparatado, onde o progresso era a força maior. Entretanto, e mesmo assim, os “estreantes” ficcionistas de então (repito, o primeiro foi Cervantes) iniciaram a “nova” modalidade genérica ancorados firmemente em seus imaginários-em-aberto particulares, pois intuíram que seus personagens, obtidos da realidade sócio-cultural que os envolvia, apesar da fama obtida com o aparecimento daquela “recente” forma ficcional em prosa (repito: prosa diferente das “prosas palacianas” anteriores), deveriam permanecer cultuando a heroicidade do passado, e mereciam ser reanimados pelos narradores-pioneiros daquele momento, apresentando aos leitores apenas personagens mais destacados, com nomes, sobrenomes, etc. (mesmo que fossem problematizados ao longo das narrativas do período).
NEUZA MACHADO
E, uma vez que me refiro a Walter Benjamim, faz-se necessário explicar que ele repensou sociologicamente e historicamente os narradores ficcionais da Era Moderna, percebendo-os como narradores (prosadores) saudosistas de um passado de glórias mítico-sociais (mesmo que, assim, não seja visível, ao longo de seu texto, escrito antes do término dos anos quarenta). Por intermédio de Benjamim, e de outros pensadores das dimensões sociais, diversificadas, da individualista sociedade moderna, pude observar que os narradores ficcionais modernos (continuo insistindo, da Era Moderna até ao final do século XIX), independentes das diversas orientações estético-ficcionais do período (barroco, romantismo, realismo-naturalismo-impressionismo), se posicionaram como continuadores-saudosistas das normas comunitárias das Eras Antiga e Medieval, anteriores à Moderna (no plano da camada linear e visível, enquanto exigências de normas narrativas). A diferença (e eu me obrigo sempre a uma explicação) está no fato de que os narradores da modernidade (das estéticas assinaladas, a iniciar por Cervantes) descobriram o poder das camadas ocultas, verticais (a partir do iniciante gênero, além da novidade da narrativa vertical em prosa, ao invés dos costumeiros versos narrativos do discurso épico), em confronto com os condicionamentos das ideologias repressivas, individualistas, que já se avizinhavam. Entretanto, é importante esclarecer, não me refiro ao narrador renascentista das narrativas em versos (não há dúvida, narrador também moderno historicamente), pois o mesmo não conheceu o gênero narrativo ficcional, posteriormente, criado e desenvolvido pelo espanhol Miguel de Cervantes. Luís de Camões, que escreveu submetido gloriosamente a todos os gêneros distinguidos no século XVI, não logrou conhecer, historicamente, a forma moderna do Gênero Narrativo Ficcional.
Faz-se necessário, também, não confundir o gênero narrativo ficcional com as novelas/romances de cavalaria medievais, escritas em versos e com personagens puros ─ narrativa épica medieval ─, enfraquecidas esteticamente, com o passar dos anos, porque foram adaptadas, em forma de prosa, para o gosto dos ávidos leitores burgueses do século XVI e seguintes. Por esse ângulo, aqueles “novos” narradores da prosa moderna (atentar-se para o narrador do Quixote e os narradores da estética ficcional romântica), se posicionaram desiludidos ante a perda da pura heroicidade guerreira ─ própria dos destacados personagens das epopéias em versos anteriores ─, tornaram-se, por intermédio da realidade histórica que os envolvia, personagens desajustados, desequilibrados, buscando novos rumos gloriosos em um mundo disparatado, onde o progresso era a força maior. Entretanto, e mesmo assim, os “estreantes” ficcionistas de então (repito, o primeiro foi Cervantes) iniciaram a “nova” modalidade genérica ancorados firmemente em seus imaginários-em-aberto particulares, pois intuíram que seus personagens, obtidos da realidade sócio-cultural que os envolvia, apesar da fama obtida com o aparecimento daquela “recente” forma ficcional em prosa (repito: prosa diferente das “prosas palacianas” anteriores), deveriam permanecer cultuando a heroicidade do passado, e mereciam ser reanimados pelos narradores-pioneiros daquele momento, apresentando aos leitores apenas personagens mais destacados, com nomes, sobrenomes, etc. (mesmo que fossem problematizados ao longo das narrativas do período).
Nenhum comentário:
Postar um comentário