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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

GUIMARÃES ROSA: IMAGINAÇÃO x IMAGINÁRIO-EM-ABERTO - 7

NEUZA MACHADO


IMAGINAÇÃO x IMAGINÁRIO-EM-ABERTO

NEUZA MACHADO


No que se refere a minha distinção entre sujeito e indivíduo, penso que alguns esclarecimentos serão necessários. Os termos sujeito e indivíduo farão parte do desenvolvimento de minhas reflexões, significando cada um os cogitos que compõem a vida emocional-racional do ser. O sujeito, simbolizando o ser adstrito às leis e normas (conformado e limitado ao cogito(1)), e indivíduo, simbolizando o ser possuidor de idéias próprias, particulares, componente de um pequeno grupo que busca a evolução do pensamento, cada um a seu modo, possuidor, enfim, de uma consciência singular.

O conceito de imaginação, recuperado nestas páginas para uma compreensão teórico-filosófica da obra de Guimarães Rosa, prende-se à orientação bachelardiana que a vê como faculdade de deformar imagens ao invés de "formar imagens". (A faculdade de deformar imagens não poderá ser avaliada ou interpretada, aqui, depreciativamente. Bachelard não desenvolveu suas idéias filosóficas submetido a juízos preestabelecidos). A "formação de imagens" liga-se mais à percepção do sujeito integrado ao Mundo (seja ele representante de qualquer segmento da Arte), e sua imaginação seria simplesmente evasiva, aberta, submetida às substâncias sociais. A imaginação dinâmica do Artista literário brasileiro do século XX (literatura-arte), poderosamente deformadora, ao contrário, é um convite a uma incursão-excursão ao imaginário-em-aberto (evidentemente, submetida ao racionalismo da consciência singular), ou seja, um convite para uma incursão/excursão rumo ao Desconhecido (Mundo do Silêncio, Mundo do Vazio Criador, ou qualquer denominação oriunda das inúmeras nomenclaturas teórico-críticas já existentes).

MACHADO, Neuza. Do Pensamento Contínuo à Transcendência Formal. Rio de Janeiro: NMachado / ISBN: 85-904306-1-8

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