CRÍTICA LITERÁRIA
NEUZA MACHADO
Neste início de século XXI observa-se um fenômeno significativo no que concerne à Crítica Literária (aliás, este fenômeno já é antigo: seus primórdios se localizam nos anos oitenta): há um impasse de teorias diversificadas, várias maneiras de se penetrar no universo do texto, e isto traz, para a Ciência da Interpretação, a dúvida em relação ao direcionamento a ser seguido na realização do trabalho crítico. Ressalte-se o fato de que todas as teorias convivem, por aqui - nos meios acadêmicos brasileiros -, senão em harmonia total, pelo menos se respeitando cordialmente, evitando, assim, as divergências que existiram nos anos setenta. Nos anteriores anos sessenta, não será demais lembrar, o Estruturalismo (ponto de vista analítico repressor) imperou nas Universidades. Nos anos cinqüenta, os universitários que se dedicavam ao estudo da literatura estavam submetidos às diretrizes teórico-analíticas do New Criticism americano, divulgado aqui no Brasil pelo Professor Afrânio Coutinho com o nome de Nova Crítica.
Por tais motivos, no que concerne a um vigoroso posicionamento crítico-literário, compreende-se, hoje, a necessidade de reformulações necessárias, pois, atualmente, não há como escolher um partido teórico único no âmbito da Literatura-Arte se há a facilidade de se conhecer cada facção e avaliar-lhe suas contribuições em função do desvelamento e compreensão do texto a ser apreciado. Restará ao crítico brasileiro atual, antes de fazer uma escolha consciente, observar as sugestões oferecidas pela própria obra, pelo próprio texto, relacionando razão e compreensão: a obra (e unicamente a obra de arte literária) impõe a sua verdade e, portanto, o seu próprio método a ser utilizado. Não se pode dissociar a Crítica do Texto-Arte.
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