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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: A ANOSA ÁRVORE DA MORTALHA - 8.1
AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: A ANOSA ÁRVORE DA MORTALHA - 8.1
NEUZA MACHADO
E a Sábia Väjira Diamante Mineira contou-me o caso que aconteceu com o Senhor da Árvore da Mortalha, o Velhíssimo Emiliano Martins Sant’Anna, papai da Jane Briseides e Vovô da Veneranda Diana:
Naquelle dia, lá pelo Meado do Século XX Anterior, o Bhima, ao assestar seu Binóculo Mágico em direção a uma Pequena Comunidade da Zona da Mata de Minas Gerais, percebeu uma diferente movimentação no Pátio da Casa do Velho Marceneiro e Carpinteiro Emiliano Martins de Sant’Anna, mais conhecido pela alcunha de Emiliano de Brises, uma vez que ele era descendente do afamado Brises Homérico dos Gregos Antigos.
“O que estará acontecendo com o Emiliano?”, pensou o Bhima, muito ocupado em entender o que estava a ocorrer com seu velho amigo.
Arregalou bem seus grandes olhos de Extra-Terrestre, amendoados e brilhantes, e ficou a apreciar, de longe, naturalmente!, os movimentos provenientes do grande terreiro de terra batida. Olhou com bastante atenção e se horrorizou quando constatou a terrível realidade: o Velho marceneiro e carpinteiro, um antigo vigoroso lenhador, e ainda caçador de onças pintadas e jaguatiricas noturnas, nas horas vagas, além de ser um notável contador de estórias da Carochinha aos Sábados e Domingos, estava a derrubar a sua Velha Árvore de Estimação. Não!, o Bhima não podia acreditar em seus grandes olhos! O Velho adorava sua velha árvore! “Então?!!!, por que está ele a derrubá-la, meu Santo Antão!?”, perguntou-se.
Enquanto apreciava a força do Venerável Ancião, quase centenário, em seu trabalho de derrubada da árvore gigantesca, lembrou-se do dia em que, o mesmo, no esplendor de seus vinte annos de idade, havia plantado a muda da árvore Yekiti’bá, ali, naquelle mesmíssimo lugar, no Centro do Pátio de Terra Batida, em frente à sua casa de recém-casado exemplar, e o cuidado e carinho que lhe dedicara naquelles setenta e sete annos de convívio diário. “Então, por que o Velhíssimo Emiliano resolveu derrubar a sua árvore de estimação?”, pensou o Bhima pela segunda vez.
Ali, os dois conviveram amigavelmente em todos aquelles annos. Poucas pessoas conheciam a existência do Extra-Terrestre, e o Velho Emiliano de Brises era uma dessas poucas pessoas, uma vez que ele era um criativo contador de histórias de entretenimento.
O Bhima bem se lembrava da aflição do rapazola Emiliano (nascido em um anno qualquer da Segunda Metade do Século XIX), naquelles primeiros meses de vida da árvore, quando a pobrezinha se viu enfraquecida pelos ardentes inclementes raios solares e quase morreu. O Emiliano de Brises, naquella sua época terrena de incrível força varonil, ficou muito angustiado. Ele ficou tão angustiado!, mas tão angustiado!, que dedicava a maior parte do tempo aos cuidados com a árvore recém-plantada.
Naquella época, o Bhima bem o sabia!, o Emiliano já era um reconhecido marceneiro e carpinteiro, mas era também um forte lenhador, seu trabalho era derrubar árvores só com a força de seus braços, nas proto-Fazendas da região. O motivo das derrubadas era a necessidade de expansão territorial, e a maior parte das terras, daquella região da Zona da Mata Atlântica Mineira, como bem se pode adivinhar!, no Século XIX, era de Mata Virgem Intransitável.
Por isto, o Emiliano não via nenhum mal em derrubar algumas árvores, isto é certo!, mas, também, plantava-as em grandes quantidades, em pequenos vasos, para repô-las em outros locais pouco acessíveis aos seres humanos, locais esses que estavam sem árvores, talvez, por um processo de desmatamento natural.
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