SOBRE O APAGÃO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO
NEUZA MACHADO
Esta minha Epístola aos Homens do Futuro foi escrita em:
14 DE OUTUBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 4
NEUZA MACHADO
(Para o Brasileiro Consciente do Brasil-País do Futuro lembrar-se sempre que existiu um Brasil-Tristes Trópicos até o final do Século XX)
Caros Amigos do Brasil do Futuro Glorioso, sexta-feira passada ― 12 de Outubro de 2001 ― foi feriado nacional no Brasil Varonil. Comemoramos o dia dedicado à protectora dos brasileses, Nossa Senhora Aparecida, e também o Dia das Crianças. Amanhã será um feriado (15 de Outubro de 2001) para a maior parte da população. Os Comerciários Batalhadores e os Professores Sofressores deste anno de 2001 irão descansar, afastando-se de suas labutas diárias.
Como o feriado em honra da padroeira, neste anno de 2001, caiu em uma sexta-feira, e o outro será comemorado amanhã, uma segunda-feira (lembre-se: estou a escrever esta cartinha para os brasileiros do futuro em um dia de domingo - 14-10-2001), uns poucos “privilegiados” estão, hoje, em casa, de papoproar, “felizes”, “contentes”, ouvindo música, ou assistindo televisão, ou conversando abobrinhas na sala de bater-papo da Máquina Internet (atenção: somente os poucos brasileses que têm Internet nesta anno de 2001). Outros foram viajar (para gastar o pouco dinheiro de seus salários), foram passear com a família, enfrentando o terrível engarrafamento do trânsito, desejosos do ar puro do campo ou do ar puro das regiões banhadas pelo mar. Esses só voltarão para seus lares e o trabalho duro diário amanhã, já no final do dia, enfrentando, novamente, o engarrafamento do trânsito, um problemão sem solução de nossa realidade brasilesa caótica. Outros foram assistir aos filmes estrangeiros (de outros países com seus heróis poderosos) nos cinemas de suas Cidades. Hoje, um domingo, 14 de Outubro de 2001, com certeza, muitos estarão enfrentando filas imensas, pagando caro pelas entradas (gastando o salário recebido, pois não adianta muito economizar), só para se entreterem com as tragédias e as comédias dos povos poderosos do mundo (esquecidos das próprias tragédias cotidianas). Os brasileses, todos oriundos do Final do já Passado Segundo Milênio, adooooooram (e muuuuuuito!) os filmes norte-americanos, principalmente os mais jovens, aqueles filmes norte-americanos, replectos de ação e emoção e glorioso poder.
Ainda, em relação ao longo feriado, de 12 de Outubro a 15 de Outubro de 2001 ― quatro dias de folga para a maior parte dos trabalhadores batalhadores ―, quero que saibam o motivo de tal “privilégio”. O Brasil está enfrentando a pior seca de sua história e, submetidos a uma exigência governamental (governo do FHC, Ooooooito Annos Governando o Brasil!), os brasileses estão economizando, deeeeeesde o mês de junho!, energia elétrica (não se esqueçam disso aí no Futuro Brasileiro de Vocês!). Neste mês de outubro de 2001, há uma quota de energia disponível para cada residência e os pobrezinhos consumidores (ou consumidores pobrezinhos) não poderão, em hipótese alguma, extrapolá-la.
Os muuuuuuitos brasileses, muuuuuuito pobres!, estão rezando, e eu também estou rezando muuuuuuito, a Deus Nosso Senhor, todos os dias, pedindo-Lhe que nos envie muuuuuuita chuva. Neste anno de 2001, nós os brasileses conscientes, precisamos de chuva benfazeja para lavar nossas mágoas políticas e nossas almas. As águas dos rios, represadas, sustentam as Grandes Usinas Elétricas do Brasil Varonil. Assim, o longo feriadão deste anno de 2001, segundo fontes governamentais da Capital-Corte de Brasília (são notícias provenientes da Corte), proporcionará uma graaaaaande economia de luz elétrica (para os muuuuuuito ricos, muito dinheiro mesmo; pois os pobrezinhos brasileirinhos, miudinhos e esfomeadinhos, neste anno de 2001, infelizmente, já vivem no escuro há muito tempo!).
Ainda em relação ao feriadão deste mês de Outubro de 2001, na verdade, o dia dedicado aos Comerciários e Balconistas é o dia 30 de outubro. A data foi antecipada por motivo de economia (os pobres economizam para os ricos). Quanto aos professores, se bem me lembro, sempre trabalharam no dia 15 de Outubro. Amanhã, ficarão em casa... trabalhando... quero dizer, corrigindo provas, preparando aulas, aproveitando o tempo disponível para escreverem suas memórias, ou arrumando a casa, ou jogando a metade da papelada, comprada com o suor do próprio rosto ― acumulada em vários anos de trabalho mal remunerado ―, no lixo, et cœtera.
Por falar em professores, estes são os mais desprestigiados deste meu tempo de 2001. Espero que, aí no Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil, os pobres sofressores sejam mais prestigiados. Não vou comentar os graus do desprestígio. Se vocês quiserem conhecer as desventuras dos professores, do Final do Século Vinte e Início do Século Vinte e Um, Anno 2001, façam pesquisas (por favor!), busquem na História (que esta seja idônea), leiam as narrativas ficcionais dos grandes escritores (estes falam verdades que a Imprensa Partidária Brasileira não ousa publicar), enfim, vasculhem o Passado do Brasil Varonil, e, com toda certeza!, Vocês aí do Futuro Sem-Muro encontrarão os vestígios de tal decadência. Só posso adiantar-lhes que, actualmente, neste anno de 2001, por aqui, os Bobos da Corte são os Professores. Aí, no Futuro do Brasil Glorioso, Vocês poderão repensar a existência dos chamados Bobos da Corte, desde o aparecimento de tal classe. Pesquisem, meus Amigos, os primórdios da civilização ocidental e os primórdios do Brasil e, só assim, compreenderão o descrédito que atingiu esta classe de sofressores, uma categoria marginalizada que sempre se preocupou em transmitir preciosos conhecimentos adquiridos em longos anos de muita reflexão e leituras diárias.
Enfim, são estas as notícias de meu tempo vital, neste 14 de Outubro de 2001. Espero que aí, no Futuro-Sem-Muro do Brasil Varonil, a vida de Vocês seja mais tranquila (que a terrível dívida ao FMI já esteja liquidada!, se Deus assim o quiser!), com mais dinheiro no próprio bolso (e mais dinheiro no Banco) e fartura de alimentos, sem guerras, sem doenças, et cœtera. Que Deus Nosso Senhor os proteja sempre e os faça felizes. Também, espero que não existam mísseis estrangeiros mortíferos arrasando o Mundo e, de jeito nenhum, bombas atômicas. Espero que as hecatombes desapareçam da face da Terra.
Deste anno de 2001 (já quase no final, graças a Deus!, e eu, aqui, neste passado de vocês, esperando um anno de 2002 repleto de autênticas alegrias), recebam o meu abraço afetuoso, Meus Queridos Homens e Mulheres do Futuro!, e recebam também o meu profundo Amor. O meu Amor chegará até Vocês, acreditem! (ultrapassando as barreiras do tempo!).
ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu e Jane Briseides, descendentes de imortais e másculos Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, um mágico território situado na parte Leste do Brasil Varonil.
NEUZA MACHADO
Esta minha Epístola aos Homens do Futuro foi escrita em:
14 DE OUTUBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 4
NEUZA MACHADO
(Para o Brasileiro Consciente do Brasil-País do Futuro lembrar-se sempre que existiu um Brasil-Tristes Trópicos até o final do Século XX)
Caros Amigos do Brasil do Futuro Glorioso, sexta-feira passada ― 12 de Outubro de 2001 ― foi feriado nacional no Brasil Varonil. Comemoramos o dia dedicado à protectora dos brasileses, Nossa Senhora Aparecida, e também o Dia das Crianças. Amanhã será um feriado (15 de Outubro de 2001) para a maior parte da população. Os Comerciários Batalhadores e os Professores Sofressores deste anno de 2001 irão descansar, afastando-se de suas labutas diárias.
Como o feriado em honra da padroeira, neste anno de 2001, caiu em uma sexta-feira, e o outro será comemorado amanhã, uma segunda-feira (lembre-se: estou a escrever esta cartinha para os brasileiros do futuro em um dia de domingo - 14-10-2001), uns poucos “privilegiados” estão, hoje, em casa, de papoproar, “felizes”, “contentes”, ouvindo música, ou assistindo televisão, ou conversando abobrinhas na sala de bater-papo da Máquina Internet (atenção: somente os poucos brasileses que têm Internet nesta anno de 2001). Outros foram viajar (para gastar o pouco dinheiro de seus salários), foram passear com a família, enfrentando o terrível engarrafamento do trânsito, desejosos do ar puro do campo ou do ar puro das regiões banhadas pelo mar. Esses só voltarão para seus lares e o trabalho duro diário amanhã, já no final do dia, enfrentando, novamente, o engarrafamento do trânsito, um problemão sem solução de nossa realidade brasilesa caótica. Outros foram assistir aos filmes estrangeiros (de outros países com seus heróis poderosos) nos cinemas de suas Cidades. Hoje, um domingo, 14 de Outubro de 2001, com certeza, muitos estarão enfrentando filas imensas, pagando caro pelas entradas (gastando o salário recebido, pois não adianta muito economizar), só para se entreterem com as tragédias e as comédias dos povos poderosos do mundo (esquecidos das próprias tragédias cotidianas). Os brasileses, todos oriundos do Final do já Passado Segundo Milênio, adooooooram (e muuuuuuito!) os filmes norte-americanos, principalmente os mais jovens, aqueles filmes norte-americanos, replectos de ação e emoção e glorioso poder.
Ainda, em relação ao longo feriado, de 12 de Outubro a 15 de Outubro de 2001 ― quatro dias de folga para a maior parte dos trabalhadores batalhadores ―, quero que saibam o motivo de tal “privilégio”. O Brasil está enfrentando a pior seca de sua história e, submetidos a uma exigência governamental (governo do FHC, Ooooooito Annos Governando o Brasil!), os brasileses estão economizando, deeeeeesde o mês de junho!, energia elétrica (não se esqueçam disso aí no Futuro Brasileiro de Vocês!). Neste mês de outubro de 2001, há uma quota de energia disponível para cada residência e os pobrezinhos consumidores (ou consumidores pobrezinhos) não poderão, em hipótese alguma, extrapolá-la.
Os muuuuuuitos brasileses, muuuuuuito pobres!, estão rezando, e eu também estou rezando muuuuuuito, a Deus Nosso Senhor, todos os dias, pedindo-Lhe que nos envie muuuuuuita chuva. Neste anno de 2001, nós os brasileses conscientes, precisamos de chuva benfazeja para lavar nossas mágoas políticas e nossas almas. As águas dos rios, represadas, sustentam as Grandes Usinas Elétricas do Brasil Varonil. Assim, o longo feriadão deste anno de 2001, segundo fontes governamentais da Capital-Corte de Brasília (são notícias provenientes da Corte), proporcionará uma graaaaaande economia de luz elétrica (para os muuuuuuito ricos, muito dinheiro mesmo; pois os pobrezinhos brasileirinhos, miudinhos e esfomeadinhos, neste anno de 2001, infelizmente, já vivem no escuro há muito tempo!).
Ainda em relação ao feriadão deste mês de Outubro de 2001, na verdade, o dia dedicado aos Comerciários e Balconistas é o dia 30 de outubro. A data foi antecipada por motivo de economia (os pobres economizam para os ricos). Quanto aos professores, se bem me lembro, sempre trabalharam no dia 15 de Outubro. Amanhã, ficarão em casa... trabalhando... quero dizer, corrigindo provas, preparando aulas, aproveitando o tempo disponível para escreverem suas memórias, ou arrumando a casa, ou jogando a metade da papelada, comprada com o suor do próprio rosto ― acumulada em vários anos de trabalho mal remunerado ―, no lixo, et cœtera.
Por falar em professores, estes são os mais desprestigiados deste meu tempo de 2001. Espero que, aí no Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil, os pobres sofressores sejam mais prestigiados. Não vou comentar os graus do desprestígio. Se vocês quiserem conhecer as desventuras dos professores, do Final do Século Vinte e Início do Século Vinte e Um, Anno 2001, façam pesquisas (por favor!), busquem na História (que esta seja idônea), leiam as narrativas ficcionais dos grandes escritores (estes falam verdades que a Imprensa Partidária Brasileira não ousa publicar), enfim, vasculhem o Passado do Brasil Varonil, e, com toda certeza!, Vocês aí do Futuro Sem-Muro encontrarão os vestígios de tal decadência. Só posso adiantar-lhes que, actualmente, neste anno de 2001, por aqui, os Bobos da Corte são os Professores. Aí, no Futuro do Brasil Glorioso, Vocês poderão repensar a existência dos chamados Bobos da Corte, desde o aparecimento de tal classe. Pesquisem, meus Amigos, os primórdios da civilização ocidental e os primórdios do Brasil e, só assim, compreenderão o descrédito que atingiu esta classe de sofressores, uma categoria marginalizada que sempre se preocupou em transmitir preciosos conhecimentos adquiridos em longos anos de muita reflexão e leituras diárias.
Enfim, são estas as notícias de meu tempo vital, neste 14 de Outubro de 2001. Espero que aí, no Futuro-Sem-Muro do Brasil Varonil, a vida de Vocês seja mais tranquila (que a terrível dívida ao FMI já esteja liquidada!, se Deus assim o quiser!), com mais dinheiro no próprio bolso (e mais dinheiro no Banco) e fartura de alimentos, sem guerras, sem doenças, et cœtera. Que Deus Nosso Senhor os proteja sempre e os faça felizes. Também, espero que não existam mísseis estrangeiros mortíferos arrasando o Mundo e, de jeito nenhum, bombas atômicas. Espero que as hecatombes desapareçam da face da Terra.
Deste anno de 2001 (já quase no final, graças a Deus!, e eu, aqui, neste passado de vocês, esperando um anno de 2002 repleto de autênticas alegrias), recebam o meu abraço afetuoso, Meus Queridos Homens e Mulheres do Futuro!, e recebam também o meu profundo Amor. O meu Amor chegará até Vocês, acreditem! (ultrapassando as barreiras do tempo!).
ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu e Jane Briseides, descendentes de imortais e másculos Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, um mágico território situado na parte Leste do Brasil Varonil.
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