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sábado, 29 de outubro de 2011

A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - OBSCURA ERA TREVAL NA TRANSIÇÃO CONJUNTURAL - 5


A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - OBSCURA ERA TREVAL NA TRANSIÇÃO CONJUNTURAL - 5

NEUZA MACHADO

Nos idos que lá se vão,
no Dezenove Final
da Moderna Convenção
de um viver Não-Social,
o Brasil, na contra-mão
do Progresso Maquinal,
vivia da Escravidão,
em retrospecto vital.

Foi então que apareceu
a Princesa Genial
e com u’a vera grandeza,
por certo!, meio anormal,
– pois o rico, com certeza!,
em seu viver especial,
não avalia a tristeza
de quem sofre o grande mal
de não ter comida à mesa
pra ter saúde normal –
a dicta cuja Princesa,
a Isabel Senhorial,
filha de Sua Alteza,
o Pedro Segundo Legal
oriundo da nobreza
provinda de Portugal,
em sua gran realeza,
com toda pompa real,
num gesto de gran justeza,
libertou o Espectral
da Escravidão-Malvadeza
no Dezenove Final.

Mas, o gesto cordial
da Princesa, no seguinte
século, muito imoral!,
o dicto século vinte
de um Milênio Anormal,
o Segundo, do Acinte
de Guerrona Universal,
só na História ficou,
distinguindo a Imperial:
e o Pobrim continuou
a viver Inferno Astral;
no Brasil, nada mudou
para o Pobre Espectral,
pois a escravidão se firmou,
quomodo fosse normal,
norma que o Rico impostou
no Cartório Principal
onde o Primeiro assinou
as regras do Capital,
tomando de quem suou,
capinando vei-roçal,
tudo o que lhe restou
de dignidade e moral,
pagando a quem labutou
co’um ordenado banal.

No princípio sem ação
Do Vinte, sec’lo infernal
da Moderna Convenção
de um viver Não-Social,
o Brasil, na contra-mão
do Progresso Maquinal,
rectomou o diapasão
d’uma Era Mui Treval
– o mesmo Velho Padrão
de trabalho artesanal –,
em que Fazendeiro-Patrão
de Nova Era Abismal,
de Mestiça Geração,
mas, com poder anormal
pra continuar Sinhozão,
tinha Lavrador Braçal,
em cada Canto do Sertão
do Gran-Brasil, Gran-Terral,
onde impunha a Larga Mão
do Comandar Regional,
submetendo o Povão
e sua Prole Espectral
co’um soldo-escravidão
preso no Armazém Geral
(propriedade do Mandão,
o Sinhôzão Principal),
o soldo da refeição
da necessidade vital
para a rala mastigação,
o arroz bichado e o sal,
um punhado de feijão
e o cafezim matinal,
e nada de tropicão
– nada de carne com sal
e manteiguinha com pão
na refeição trivial
do Pobrezinho Peão,
a trabalhar por jornal.

(Carne de porco-capão
de saborzim sem-igual,
só na mesa do Chefão,
o Escravocrata Letal,
o dicto cujo Senhorzão
da Escravidão Serviçal).

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