DE VOLTA PARA O PASSADO: DIVINO ESPÍRITO SANTO DO CARANGOLA - LUGAR SAGRADO DOS ANCESTRAIS - 1
NEUZA MACHADO
Meu Avô Emiliano Martins (que residiu em várias localidades adjacentes à Região de Divino ― São João do Norte, Alto da Conceição, Fortaleza e Gruta da Liberdade de Divino) foi um conceituado Contador de Estórias Misteriosas. Minha Mãe Joana herdou de seu Pai Emiliano a vocação de Contadora de Estórias Misteriosas também, muitas delas ouvidas nos Serões Familiares e outras inventadas e reinventadas ad infinitum. A história da “Mão Cabeluda”, que foi reaproveitada por mim em As Aventuras de Bhima na Terra dos Homens (leiam a narrativa que já foi postada neste mesmo Blog; buscar em Marcadores do Blog), por exemplo, encantava-me nos meus tempos de criança. Eu adorava ouvir a minha Mãe Joana (quando ela estava de bom humor!) contando as histórias acontecidas no Passado. É bem verdade que o meu Pai Antônio de Sousa Costa recontou a história da “Mão Cabeluda” de forma diferente em seu livro A História de Antônio (muito em breve, postarei a História escrita por meu Pai em um de meus Blogs; podem aguardar!). As Estórias de Mistérios são assim mesmo! É preciso oferecer crédito à expressão popular: “A cada conto, aumenta-se um ponto”.
AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS - CAPÍTULO VIII
De acordo com as fantásticas narrativas da Sábia Väjira Diamante, conhecedora d’As Aventuras Terrestres de Bhima, passo a relatar-lhe o episódio da Mão Cabeluda, uma história muito conhecida dos serranos mineiros da Gruta da Liberdade Encantada, localizada em um lugar paradisíaco do Divino do Carangola de Minas Gerais muito amada. Mais ou menos assim, contou-me a Sábia Väjira Diamante de Cabelo Abundante Faiscante:
Ele sabia, muito bem!, a procedência daquela mão e a força poderosa que emanava do preciosíssimo anel de jade. Mas, ele não poderia, jamais!, avisar aos habitantes do lugar que a enorme mão cabeluda estava ali para os proteger, e que, em tempo algum!, lhes faria mal. Não!, ele não poderia nunca avisar-lhes de viva voz, mas, quem sabe?, poderia soprar-lhes alguma mensagem através do vento? Afinal de contas, em seu passado remoto, na Antiga Índia, ele, Bhima, se materializara quomodo um semi-humano, filho do deus do vento e da rainha Kunti (esposa do rei Pandu). Mas, isto já fora há tanto tempo!, o Bhima já quase não se lembrava daquela época. Para se lembrar, ele acionava o botão de sua fabulosa Tela do Passado, aquele presente inigualável recebido do Supremo Senhor milênios-luz atrás. Às vezes, entretinha-se em rever, no grande telão de sua Vimana, as cenas daquela sua vida de semi-humano, tão bem registradas em versos épicos, posteriormente, pelo Mago Vyasa. Sim!, ele poderia enviar, aos habitantes do lugar, uma mensagem alada, por intermédio do vento. Mas, se assim o fizesse, poderia ser castigado pelo Supremo Senhor, já que este avisara-lhe, terminantemente, que, jamais!, em tempo algum!, ele poderia se imiscuir na dinâmica de vida dos seres humanos. De qualquer maneira, naquele momento, já se encontrava diante da Mão Cabeluda, trilenária, mas que se conservava intacta, como se tivesse sido decepada recentemente. Só que aquela mão, Bhima bem o sabia!, não fora decepada, mas sim modelada pela Suprema divindade e colocada ali, naquela Gruta Mágica de Minas Gerais, e representava a própria mão do Senhor de Indizível Valor, numa clara demonstração de que, aquele povo serrano, sempre!, milhões de vezes sempre!, receberia a Suprema Proteção de sua Suprema Amizade. Aquele povo alcançara o favor do Supremo Senhor, e todos os humanos que comungavam com a mesma forma de falar e se comunicar, também, receberiam as bênçãos da Suprema Supremacia. Quanto ao anel de ouro e jade, Bhima bem o sabia!, representava a união entre o Supremo da Paz Desejada e os habitantes daquela terra abençoada. O ouro representava a Proteção, e o jade representava a Realização. A pedra preciosa em forma de machado afiado representava a perene atividade galática em favor dos serranos altaneiros, mas representava também um instrumento de punição com ação para com os ocultos ferozes inimigos dos mesmos.
Depois da visita, o Solitariozinho Intergalático recolheu-se à sua Vimana, esquentou seus pezinhos com grossas meias de algodão compradas na Cidade do Divino Espírito Santo de Minas Gerais, em virtude do frio que ali fazia naquele mês de junho, e aconchegou-se em sua sonhadora caminha flutuante azulada, cobrindo-se com volumosos cobertores de lã de carneiro, para, enfim, desfrutar de mais um dia na Terra dos Homens. No dia seguinte, o Bhima bem o sabia!, novas aventuras estariam à sua espera, quando, dentro de sua Poderosa Vimana Voadora, quebraria mais uma esquina aérea das narrativas prosopopaicas do Século XXI, entre as inúmeras nuvens escurecidas e perigosas, as quais, naqueles dias de guerra, em outra parte do Mundo, estavam a rodear, sinistras, aquele Terceiro Anno do Terceiro Milênio.
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