XIV - MEMÓRIAS DE CIRCE IRINÉIA: EMILIANO MARTINS E JUSTINIANA DE AMORIM
NEUZA MACHADO
Jane Briseides Mamãe dizia que, quando o Velho Emiliano de Brises Martins Sant’Anna começava a contar estórias compridas e intermináveis, à noitinha, depois do trabalho estafante, na hora da ceia restauradora, a cozinha de Nhá Justiniaña de Ogiges, sua esposa (a Mãe de Mamãe), se enchia de gente, que aparecia de todos os cantos da região, só para ouvir os causos de Nhô Emiliano e comer as deliciosas quitandas (broas de milho, biscoitos de polvilho, bolos de araruta, docinhos de leite, doce de cidra, docinhos de amendoim, goiabada cascão com queijo de Minas caseiro, et cetera, etc.) feitas pelas mãos mágicas de minha Avó elegante.
Minha Avó Justiniaña, uma dama elegante e aristocrática, sim senhor!, mesmo morando na roça e cozinhando para um batalhão de visitas. Eu a conheci. Era uma velhinha vaidosa e cheirosa: tomava banho com sabonete Lever ou Gessi e gostava de enfeites de renda ou sianinhas nas golas de seus bem cortados vestidos de florezinhas. A sua costureira era a sua própria filha, a primogênita Raimunda de Barros (esposa do Antônio de Barros).
Minha Avó Materna era uma mulher tremendamente admirável. Sua Filha, Jane Briseida (Briseida era o nome da amada de Aquiles, o super-herói grego da narrativa de Homero), minha Jane Mamãe, infelizmente, nasceu com o estigma dos vencidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário