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terça-feira, 3 de agosto de 2010

XIV - MEMÓRIAS DE CIRCE IRINÉIA: EMILIANO MARTINS E JUSTINIANA DE AMORIM

XIV - MEMÓRIAS DE CIRCE IRINÉIA: EMILIANO MARTINS E JUSTINIANA DE AMORIM

NEUZA MACHADO

Minha Avó Materna, a Justiniaña Maria de Ogiges Martins de Amorim, Filha de um Sitiante da Serra dos Carolas (o mesmo digníssimo José Damásio de Amorim), uma mulher admirável e elegantíssima (e, veja Você!, ela morou a vida toda em variados Sítios de Plantação de Café). Justiniaña era casada com um Incrível Sitiante-Marceneiro-Lenhador-Caçador-Contador de Estórias da Carochinha, o Emiliano Martins Sant’Anna (o Parente da Velha Romana de Carangola), um homem da roça que não trabalhava na roça, apesar do parentesco com alguns SobreNomes Ilustres das Roças de Minas Gerais. O Meu Avô marceneiro, como lhe disse há pouco, além de possuir terras de plantação de café, era também lenhador (penetrava na mata fechada em busca de madeira de qualidade para o seu ofício). Nas horas de lazer, transformava-se em um valente caçador de onças pintadas e jaguatiricas noturnas e gatas do mato; e, de vez em quando, disfarçava-se de notável contador de Estórias da Carochinha.

Jane Briseides Mamãe dizia que, quando o Velho Emiliano de Brises Martins Sant’Anna começava a contar estórias compridas e intermináveis, à noitinha, depois do trabalho estafante, na hora da ceia restauradora, a cozinha de Nhá Justiniaña de Ogiges, sua esposa (a Mãe de Mamãe), se enchia de gente, que aparecia de todos os cantos da região, só para ouvir os causos de Nhô Emiliano e comer as deliciosas quitandas (broas de milho, biscoitos de polvilho, bolos de araruta, docinhos de leite, doce de cidra, docinhos de amendoim, goiabada cascão com queijo de Minas caseiro, et cetera, etc.) feitas pelas mãos mágicas de minha Avó elegante.

Minha Avó Justiniaña, uma dama elegante e aristocrática, sim senhor!, mesmo morando na roça e cozinhando para um batalhão de visitas. Eu a conheci. Era uma velhinha vaidosa e cheirosa: tomava banho com sabonete Lever ou Gessi e gostava de enfeites de renda ou sianinhas nas golas de seus bem cortados vestidos de florezinhas. A sua costureira era a sua própria filha, a primogênita Raimunda de Barros (esposa do Antônio de Barros).

Minha Avó Materna era uma mulher tremendamente admirável. Sua Filha, Jane Briseida (Briseida era o nome da amada de Aquiles, o super-herói grego da narrativa de Homero), minha Jane Mamãe, infelizmente, nasceu com o estigma dos vencidos.

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