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terça-feira, 19 de março de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: OS FILHOS LEGÍTIMOS DO PRIMO RICO ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA E MANEZINHO, O FILHO ILEGÍTIMO


 
A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: OS FILHOS LEGÍTIMOS DO PRIMO RICO ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA E MANEZINHO, O FILHO ILEGÍTIMO

 
ANTÔNIO DE SOUSA COSTA
 

 
 
 

 
Dizia meu avô que o compadre e primo Antônio de Souza Moreira era casado quatro vezes e teve filho com todas as mulheres, sendo que elas morriam e ele ficava pouco tempo viúvo. E sendo que ele tinha um filho natural, que era o seu primeiro filho, pois ele era ainda solteiro quando esse filho nasceu. Esse filho natural chamava-se Manoel de Souza, que tinha o apelido de Manezinho de Souza, e era filho de uma escura, empregada dos pais de Antônio de Souza Moreira. Manezinho de Souza era grande violeiro, tocava viola muito bem, tanto tocava rasgado na viola, como acompanhava cantando as suas cantigas.

 

Esse Manezinho de Souza e era o pai de tio Marcolino. O Manezinho de Souza viveu os seus últimos anos em casa de seu filho Marcolino.

 

Os outros filhos legítimos de Antônio de Souza Moreira, eu conheci quase todos. Na sede da Fazenda – eu ainda bem criança – conheci Chico de Souza, o primeiro filho nascido do primeiro matrimônio de Antônio de Souza Moreira. Morando mais acima estava Candinho de Souza; mais acima, Aprígio de Souza; e, na cabeceira do Córrego, aonde era o Sítio de meu avô José Antônio, morava Jove de Souza, que posteriormente ficou sendo dono de toda a propriedade que era de seu pai Antônio de Souza Moreira.

 

Antes de Chico de Souza vender a Fazenda para o irmão Jove de Souza, meu avô José Antônio trabalhou para ele. Meu avô trabalhou muitos anos na Fazenda do Chico de Souza, pois eles eram compadres e muito amigos. Vovô José Antônio de Souza Moreira não era considerado como empregado, pois era de toda consideração do patrão e da patroa, que era chamada comadre Maria.

 

Chico de Souza era um homem muito bravo, valente mesmo, e baderneiro. Batia com soiteira de tocar animal, dava tiros nos outros, tinha uma mula preta que entendia ele. Onde ela estivesse, ele chamava: “– Vem cá, Dióta”. A mula vinha. Chico de Souza era muito vaidoso, além de Dona Maria, que era a esposa, ele tinha outras mulheres por fora. Mesmo na Fazenda, tinha “amiga” [amante], e quem sofria com isso era Dona Maria, que não podia falar nada contra a vida do marido.  Minha mãe, que era comadre de Dona Maria e muito sua amiga dizia que, várias vezes, ouviu Dona Maria dizer para ela: “– Comadre Antoninha, eu tenho fé em Deus que, um dia, o Chico haverá de ser meu só!” Parece que Deus ouviu aquela mulher tão sofrida. Chico de Souza foi fracassando nos seus negócios, até que foi preciso vender a Fazenda para o irmão Jove, que não só comprou a Fazenda do Chico, comprou também a do irmão Candinho e do irmão Aprígio. Esta grande Fazenda ficou de herança pros filhos de Jove e, hoje em dia, é dos netos de Jove de Souza.

 

Chico de Souza ainda viveu muitos anos ao lado de Dona Maria, sua esposa legítima. Vendeu a Fazenda e ainda sobrou algum dinheiro, o qual deu para comprar um Sítio bem grande. Nesse Sítio havia uma grande casa de moradia e grande área de terra para plantações de cereais. Não eram terras boas para plantação de lavouras de café, era um terreno frio, mas muito bom para frutas de todas as espécies. Chico levou também o filho casado por nome Levino e quatro filhos solteiros. Tinha outros filhos casados, bem situados, que não precisaram acompanhá-lo. Chico de Souza deixou a vaidade, deixou também a valentia. Sendo um bom administrador, começou uma nova vida. Os filhos, na plantação de cereais. Em casa, ele, Dona Maria e Virgínia, uma sua filha que ficou solteirona, porque amava apaixonadamente um mulato, que era tropeiro de seu pai, quando era rico, e, seu pai, não deixou que o casamento fosse realizado. O mais importante desta história é que o tropeiro, mesmo sabendo que o patrão não deixava o casamento ser realizado, porque, além de ser pobre, cor bronzeada, era também empregado do pai da moça, mesmo assim, acompanhou a mudança de Chico de Souza até chegar em São Pedro do Glória, um alto de serra. O tropeiro era mesmo trabalhador. Em pouco tempo, tropeiro, já tinha a sua tropa de burros, e mesmo sabendo que não casava com Virgínia, ajudou o ex-patrão, em suas necessidades. Os irmãos e amigos também ajudavam Chico de Souza.
 

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