Quer se comunicar com a gente? Entre em contato pelo e-mail neumac@oi.com.br. E aproveite para visitar nossos outros blogs, o "Neuza Machado 2", Caffe com Litteratura e o Neuza Machado - Letras, onde colocamos diversos estudos literários, ensaios e textos, escritos com o entusiasmo e o carinho de quem ama literatura.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: A NARRADORA HOMENAGEA A JANE (JOANA) MAMÃE - 16.2


AS AVENTURAS DE BHIMA NA TERRA DOS HOMENS: A NARRADORA HOMENAGEA A JANE (JOANA) MAMÃE - 16.2

NEUZA MACHADO

Para que você possa entender melhor
as preferências gastronômicas
do Bhima Extra-Terrestre,
digo-lhe e afirmo-lhe,
em meu nome e em nome da Sábia
Väjira Diamante dos Curtos
e Anelados
e Revoltos Cabelos Brancos Brilhantes,
ele aprendera a cozinhar quando,
disfarçado de Aragem Matutina,
às vezes Vespertina,
se postava em um canto
da Cozinha de Jane Briseides Mamãe,
para vê-la contar Estórias da Carochinha,
de arrepiar!,
à sua filhinha engraçadinha
Diana Menininha,
aquella proprietária de Cem Bellíssimos
Cachorros Malteses Invisíveis Ferozes,
enquanto (a Jane Briseides Mamãe) cozinhava
as deliciosas mineiras refeições diárias.

A Dianazinha, fique você sabendo!,
ficava ao redor da Mamãe
replecta de curiosidade infantil,
e o Bhima também!,
ambos ansiosos por se entrelaçarem
àquelle vaivém constante
de reminiscências e lendas,
as quais, tão bem!,
a Jane Mamãe sabia recontar.

Enquanto aquilo,
o cheiro das Saborosas Iguarias
inundava o ambiente,
e o Bhima se extasiava a ouvir
as estórias de Jane Briseides
e, ao mesmo tempo,
se extasiava ao sentir
as emanações fluídicas
que provinham das panelas
de brilhante alumínio batido
da Encantadora Mamãe,
as quais iam entrando,
sem pedir a mínima licença!,
nas limpas narinas do Bhima.

E era um prazer triplicado
para o Extra-Terrestre de Sonhos
partilhar incognitamente
dos entretantos vivenciais
da família do Antoinzim Aquileu,
ouvir as estórias mirabolantes
da Jane Briseides
e, ao mesmo tempo,
apreciar o cheiro maravilhoso
da deliciosa comida mineira
de Mamãe.

Às vezes,
quando a Jane Mamãe se descuidava,
o Bhima espertamente
tirava um nacão
de carne de porco da panela
e um punhado de soltinho arroz japonês,
de inigualável sabor,
cozido com muito alho socado
e frito em gordura de porco
e um pouco de sal,
e saboreava-os,
feliz por viver!,
sem que a Jane Mamãe
se apercebesse do facto.

Foi assim que o Bhima passou
a apreciar a comida dos humanos,
com muito prazer!,
e se interessou em aprender
a forma e fórmula de cozinhar
das cozinheiras mineiras,
e, convenhamos!,
a Jane Mamãe
foi uma excelente professora
de culinária para o Bhima!

Ele aprendera direitinho
quomodo se faz o famoso
arroz fritado no alho
dos mineiros matreiros;
o feijão cozido e bem temperado
com alho e sal e louro,
dourados em gordura de porco
bem quente,
e outras deliciosas receitas
perfeitas
da culinária de Minas Gerais.

Por todas estas razões,
naquelle momento,
depois de toda a limpeza
e fabricação dos tais alimentos,
que deveriam durar uma semana,
pelo menos!,
no freezer Compact90 Cônsul
do Século XX Passado,
o Bhima começou a lembrar-se
de Jane Mamãe com muito carinho.

A verdade verdadeira
era que a Jane já não existia mais
na Terra dos Homens.

Desde o último dia de Junho
do Século XX,
Quatro Annos e Meio
antes do Final do Século
e Final do Milênio de Peixes,
a Jane Briseides Mamãe
já havia ido para o Céu.

A Jane Briseides Mamãe contava
Setenta e Nove Annos,
completados em um
Primeiro Dia de Abril de 1996,
quando se trasladou para a Região
dos Espíritos do Bem
e do Amém,
e o Bhima costumava
lembrar-se dela
com muito carinho.

Quantas vezes,
naquelles Annos Posteriores
à Morte da Jane,
o Solitariozinho se disfarçou
de Aragem Vespertina,
às vezes Matutina,
e ficou ao lado
da Diana Caçadora,
só para lembrar-se
com mais nitidez
da Jane Mamãe.

O Bhima recordava-se,
por exemplo, naquelle dia,
e naquelle preci(o)so momento,
dos passeios recreativos
de Antônio Aquileu
com a Jane Briseides Mamãe,
passeios que eram as delícias
da Dianazinha Menininha,
que sempre os acompanhava.
Os passeios eram todos
ali por perto mesmo,
nas pequenininhas localidades
próximas à residência do casal.

Como a Jane Briseides era analfabeta,
o Antônio Aquileu ia lendo as placas,
localizadas ao longo da estrada,
indicando os nomes dos rios
e dos pequenos povoados da região.

O mais interessante era que
a Jane Mamãe ia ouvindo os nomes
e, depois, relembrava-os,
com exatidão,
ao retornar ao lar,
e, quando por ali passava novamente,
em um outro dia qualquer,
durante um outro passeio qualquer
por aquellas bandas,
ela dizia algo assim:

“Aqui é que é a Cachoeira do Boi Afogado,
não é?, Antônio?!”;
ou então:
“Aqui é que é a entrada
pra São Francisco do Glória,
não é?, Antônio?!”

O Antônio Aquileu,
admirado da boa memória de sua Jane,
assentia com a cabeça, comovido,
e começava a desfiar
uns outros tantos nomes de localidades,
enquanto o Ônibus corria velozmente
em direção aos Sonhos Mais Lindos
de Jane Mamãe.

Assim, houve aquelle dia
em que foram fazer
uma viagem mais longa.

A Jane Mamãe,
que gostava muito de passear,
inventou uma promessa
católica apostólica romana,
só para que o Antônio Aquileu
pudesse levá-la a conhecer
um lugar mais distante.

A vontade de viajar era visível,
mas a promessa católica
era verdadeira e sincera.

A verdade era que,
em uma retomada
de antigos fogaréus sexuais
no relacionamento afetivo do casal,
a Jane Mamãe havia engravidado
aos quarenta e um annos,
e, preocupada com o parto,
fizera a tal promessa.

Assim, pediu a Deus
que a protegesse
na hora do nascimento
de sua criança,
e que, se tudo corresse bem,
ela iria até Urucânia,
em Minas Gerais,
com o Antônio Aquileu,
a Dianazinha
e o Filhinho de Mamãe,
para agradecer a protecção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário