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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O PODER DA “MELODIA INTERNA” SEGUNDO A LÍRICA MODERNISTA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - 3

O PODER DA “MELODIA INTERNA” SEGUNDO A LÍRICA MODERNISTA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - 3

NEUZA MACHADO

Para o poeta Carlos Drummond de Andrade, em se tratando de texto poético-lírico, a “melodia interna”, provinda do “Mundo do Silêncio”, é mais poderosa do que as palavras: “A canção absoluta não se escreve, / à falta de instrumentos não terrestres. / Aos mestres indagando, mal se escuta / Pingar, de leve, a gota do silêncio”.


OS CANTORES INÚTEIS

Carlos Drummond de Andrade


Um pássaro flautista no quintal
caçoa de meu verso modernista.
Afinal fez-nos ambos o universo
aprendizes ao sol ou à garoa.

A canção absoluta não se escreve,
à falta de instrumentos não terrestres.
Aos mestres indagando, mal se escuta
Pingar, de leve, a gota de silêncio.

Eu, pretensioso, e tu, pássaro crítico,
vence o mítico amor nossa vaidade:
os amantes que passam, distraídos

e surdos a tais cantos discordantes,
a melodia interna é que os governa.
Tudo mais, em verdade, são ruídos.

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