NEUZA MACHADO
EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO
NEUZA MACHADO
Meus caros amigos, neste ano de 2001, mais precisamente neste mês de outubro de 2001 (21/10/2001), a coisa aqui tá preta, ou melhor, está branca. Surgiu no Mundo, junto com esta Guerra que nos perturba, a chamada Guerra Bacteriológica. Apareceu, por aqui, um pó branco assustador repleto de bactérias mortais. Esse pó provoca uma doença chamada Antraz. A humanidade atualmente – espero que acreditem em mim! – está apavorada. Esta praga não se compara com as outras pragas já registradas na História do Mundo. É algo terrível e inexplicável. A poeirinha da morte chega ao destinatário pelo Correio, dentro de carta lacrada, contaminando quem a manusear. Justo agora, no momento da Guerra, aparece a tal doença. Não sei explicar-lhes o nosso pavor. Falando por mim, só posso dizer-lhes que a minha angústia é imensa. Espero a proteção de um Herói, um cavaleiro audaz, surgindo do Nada, trazendo nas mãos o antídoto salvador. Entretanto, Amigos do Futuro!, penso que, atualmente, não há herói que dê jeito em toda esta confusão. E, por falar em herói, não há mais heróis neste meu Mundo. Os heróis ficaram lá no passado. Os de hoje já morreram, ingloriamente.
De qualquer maneira, eu sei que – todos nós sabemos – um Herói chegará, muito em breve, para nos salvar. Será um Herói do Futuro! Ao contrário dos homens antigos, que cultuavam os heróis do passado, nós, do século XX e início do século XXI, vivenciamos uma situação singular: os heróis que cultuamos estão no Porvir. Sabemos direitinho como são vocês; imaginamos as vestimentas que usam, os veículos futuristas que transitam por suas ruas douradas, visualizamos suas cidades bem planejadas, admiramos a forma como vocês se livram das doenças indesejáveis, et cetera, etc. O Futuro, de acordo com a nossa percepção, se movimenta na mais perfeita ordem. Eu tenho certeza de que, neste exato momento, está nascendo o Herói da Humanidade. Uma Super-Criança está nascendo, em alguma Maternidade do Mundo, e com certeza estará destinada a realizar a maior façanha de todos os tempos: transformar o Planeta Terra em um lugar onde se possa viver em paz. Pesquisem aí no Futuro e descobrirão. A criança, do sexo masculino naturalmente – ainda cultuamos o patriarcalismo –, está nascendo, agora, neste instante. Gostaria, imensamente, que ela fosse brasilesa. Neste exato momento, o Herói está nascendo. Confiram aí no Futuro: são uma hora, trinta e três minutos e zero segundo, o horário de verão no Brasil Varonil. Se vocês quiserem compreender o que quer dizer Horário de Verão, saibam que, de vez em quando, o governo brasilês atual ― o FHC ― manda o povo adiantar os relógios em uma hora. Assim, se os cálculos do horário acusarem zero hora (meia-noite), trinta e três minutos e zero segundo, saibam que ambos – os dois horários – significarão a mesma coisa. É um pouco complicado, mas, com boa vontade, vocês compreenderão. Só para melhorar um pouco mais a minha explicação, informo-lhes que há uma razão para esta atitude do atual Governo, o Fernando Henrique: o Horário de Verão Econômico ajuda-nos a economizar luz elétrica e, assim, os recursos financeiros, dos quais carecemos, aumentam. Fazemos economia, porque queremos saldar nossa dívida com o FMI. Infelizmente, a tal dívida parece não ter fim. Desculpem-me, mas em uma outra carta explicarei o significado desta sigla. Hoje não. Estou um pouco cansada do trabalho semanal, estafante. Na próxima semana, espero enviar-lhes uma carta mais esclarecedora. Esta de hoje está meio embaralhada. As notícias da Ágora Global não são muitas boas, por causa das duas Guerras que apavoram o Mundo. Duas Guerras ao mesmo tempo. Vocês dirão, quando lerem esta minha cartinha: pobres mortais do ano 2001! Mas, o Herói está nascendo, neste exato momento, em uma grande Maternidade do Mundo. Seu nome se perpetuará como símbolo de uma nova Era de paz. Meus amigos do Futuro, que a paz e o amor reinem em seus lares!
Por ora, terminando o meu missivo (não confundam com míssil, por favor), quero dizer-lhes que o Rio de Janeiro continua bello como sempre. O Sol Hipercariocjônio ilumina a Cidade Maravilhosa dos cariocas intrépidos (aqueles que não trepidam nunca, já que são corajosos e não vacilam ante os obstáculos de um Destino adverso). Por esta razão, peço-lhes licença para plagiar Horácio (Carmen Saeculare – Roma Antiga, época de Augusto): O’ Sol capaz de produzir a abundância, que faz existir o dia com (seu) carro hiper-iluminado e o oculta, e nasce sempre diferente e sempre igual, tomara nada possa contemplar (nos séculos vindouros) maior que a Cidade do Rio de Janeiro.
No próximo Domingo enviar-lhes-ei outras notícias. Aguardem-me!
Recebam o meu grande amor transtemporal.
ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu e Jane Briseides, descendentes de notáveis caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma incrível região localizada na parte Leste do Brasil Varonil.
De qualquer maneira, eu sei que – todos nós sabemos – um Herói chegará, muito em breve, para nos salvar. Será um Herói do Futuro! Ao contrário dos homens antigos, que cultuavam os heróis do passado, nós, do século XX e início do século XXI, vivenciamos uma situação singular: os heróis que cultuamos estão no Porvir. Sabemos direitinho como são vocês; imaginamos as vestimentas que usam, os veículos futuristas que transitam por suas ruas douradas, visualizamos suas cidades bem planejadas, admiramos a forma como vocês se livram das doenças indesejáveis, et cetera, etc. O Futuro, de acordo com a nossa percepção, se movimenta na mais perfeita ordem. Eu tenho certeza de que, neste exato momento, está nascendo o Herói da Humanidade. Uma Super-Criança está nascendo, em alguma Maternidade do Mundo, e com certeza estará destinada a realizar a maior façanha de todos os tempos: transformar o Planeta Terra em um lugar onde se possa viver em paz. Pesquisem aí no Futuro e descobrirão. A criança, do sexo masculino naturalmente – ainda cultuamos o patriarcalismo –, está nascendo, agora, neste instante. Gostaria, imensamente, que ela fosse brasilesa. Neste exato momento, o Herói está nascendo. Confiram aí no Futuro: são uma hora, trinta e três minutos e zero segundo, o horário de verão no Brasil Varonil. Se vocês quiserem compreender o que quer dizer Horário de Verão, saibam que, de vez em quando, o governo brasilês atual ― o FHC ― manda o povo adiantar os relógios em uma hora. Assim, se os cálculos do horário acusarem zero hora (meia-noite), trinta e três minutos e zero segundo, saibam que ambos – os dois horários – significarão a mesma coisa. É um pouco complicado, mas, com boa vontade, vocês compreenderão. Só para melhorar um pouco mais a minha explicação, informo-lhes que há uma razão para esta atitude do atual Governo, o Fernando Henrique: o Horário de Verão Econômico ajuda-nos a economizar luz elétrica e, assim, os recursos financeiros, dos quais carecemos, aumentam. Fazemos economia, porque queremos saldar nossa dívida com o FMI. Infelizmente, a tal dívida parece não ter fim. Desculpem-me, mas em uma outra carta explicarei o significado desta sigla. Hoje não. Estou um pouco cansada do trabalho semanal, estafante. Na próxima semana, espero enviar-lhes uma carta mais esclarecedora. Esta de hoje está meio embaralhada. As notícias da Ágora Global não são muitas boas, por causa das duas Guerras que apavoram o Mundo. Duas Guerras ao mesmo tempo. Vocês dirão, quando lerem esta minha cartinha: pobres mortais do ano 2001! Mas, o Herói está nascendo, neste exato momento, em uma grande Maternidade do Mundo. Seu nome se perpetuará como símbolo de uma nova Era de paz. Meus amigos do Futuro, que a paz e o amor reinem em seus lares!
Por ora, terminando o meu missivo (não confundam com míssil, por favor), quero dizer-lhes que o Rio de Janeiro continua bello como sempre. O Sol Hipercariocjônio ilumina a Cidade Maravilhosa dos cariocas intrépidos (aqueles que não trepidam nunca, já que são corajosos e não vacilam ante os obstáculos de um Destino adverso). Por esta razão, peço-lhes licença para plagiar Horácio (Carmen Saeculare – Roma Antiga, época de Augusto): O’ Sol capaz de produzir a abundância, que faz existir o dia com (seu) carro hiper-iluminado e o oculta, e nasce sempre diferente e sempre igual, tomara nada possa contemplar (nos séculos vindouros) maior que a Cidade do Rio de Janeiro.
No próximo Domingo enviar-lhes-ei outras notícias. Aguardem-me!
Recebam o meu grande amor transtemporal.
ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu e Jane Briseides, descendentes de notáveis caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma incrível região localizada na parte Leste do Brasil Varonil.
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