CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE E “OS AMORES E OS MÍSSEIS”
NEUZA MACHADO
NEUZA MACHADO
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Em 02 de dezembro de 2010, no auge de um momento ruidoso (pós-eleições presidenciais e governamentais) em que o Rio de Janeiro se transformara em uma praça de guerra, publiquei aqui neste meu Blog Neuza Machado neumac.blogspot.com/2010/12/drummond-e-lamentavel-historia-dos.html uma crônica poética (crônica em versos) de Carlos Drummond de Andrade, cujo título revelava um momento de preocupação social do escritor — A LAMENTÁVEL HISTÓRIA DOS NAMORADOS — escrita para o Jornal do Brasil em 11 de junho de 1983.
Impressionou-me o fato de que a crônica (em versos) de Carlos Drummond (escrita para ser lida e refletida pelos leitores de jornal daquele momento, terceiro ano da década de 1980) ainda continuava válida para reflexões intermitentes vinte sete anos depois, e que estava ainda muito de acordo com os acontecimentos daquele final de ano de 2010.
Assim, apesar dos meus conceitos teóricos, dei-me conta de que algumas crônicas (poéticas ou não) podem ultrapassar os seus limites e alcançar o Panteón da Arte Literária (as crônicas são lineares, mesmo as escritas em versos, e são elaboradas para serem lidas no exato momento de suas confecções). A crônica (dentro de seu próprio tempo), segundo os conceitos teóricos vigentes, para os leitores do futuro será sempre considerada como um documento, servindo para explicar ou denunciar realidades já passadas. O texto literário-arte pelo ponto de vista da Teoria Literária é aquele que, a partir de sua publicação, ultrapassa as barreiras de seu próprio tempo, continuando repleto de vigor, e continuando a sua ação de “incomodar” os leitores do futuro num diálogo permanente (obrigando-os a repensarem a sua própria realidade). São conceitos corretos, é bem verdade, mas, algumas crônicas, como muitas crônicas de Carlos Drummond de Andrade (muitas delas são crônicas poéticas), já assinalam o seu valor como texto-arte, pois conseguiram ultrapassar as tais barreiras de seu próprio tempo. A crônica supracitada, por exemplo, demonstrou que os problemas sociais detectados pelo grande poeta brasileiro em 1983 continuaram/continuam "inquietando" seus leitores ao longo desses vinte e sete anos.
Carlos Drummond de Andrade foi (antes de tudo o que realizou como sujeito ou indivíduo, como participante ativo do século XX) um excepcional poeta lírico. Não sem razão, algumas de suas crônicas (poéticas ou não) poderão ser conceituadas como puríssimos textos-arte. Muitas de suas crônicas não serão simplesmente documentos da realidade sócio-histórica do século XX. Algumas ainda refletirão no futuro, como se fossem espelhos, os problemas vivenciados pelo Poeta no passado. É como se ele fosse ainda vivo e, por meio de seus leitores do futuro, estivesse vendo tudo pela primeira vez.
Não sei se me fiz entender pelos meus leitores de hoje (11 de fevereiro de 2011). Se houver alguma falha, tentarei explicar em postagens posteriores. Enquanto as dúvidas não aparecem, peço-lhes que leiam esta outra crônica-poema de Carlos Drummond de Andrade — OS AMORES E OS MÍSSEIS — e procurem refletir comigo:
Esta crônica escrita por Carlos Drummond de Andrade em 26 de novembro de 1986 (para os leitores do Jornal do Brasil daquele momento) é uma simples informação do passado ou ainda “incomoda” os leitores de hoje?
Em 02 de dezembro de 2010, no auge de um momento ruidoso (pós-eleições presidenciais e governamentais) em que o Rio de Janeiro se transformara em uma praça de guerra, publiquei aqui neste meu Blog Neuza Machado neumac.blogspot.com/2010/12/drummond-e-lamentavel-historia-dos.html uma crônica poética (crônica em versos) de Carlos Drummond de Andrade, cujo título revelava um momento de preocupação social do escritor — A LAMENTÁVEL HISTÓRIA DOS NAMORADOS — escrita para o Jornal do Brasil em 11 de junho de 1983.
Impressionou-me o fato de que a crônica (em versos) de Carlos Drummond (escrita para ser lida e refletida pelos leitores de jornal daquele momento, terceiro ano da década de 1980) ainda continuava válida para reflexões intermitentes vinte sete anos depois, e que estava ainda muito de acordo com os acontecimentos daquele final de ano de 2010.
Assim, apesar dos meus conceitos teóricos, dei-me conta de que algumas crônicas (poéticas ou não) podem ultrapassar os seus limites e alcançar o Panteón da Arte Literária (as crônicas são lineares, mesmo as escritas em versos, e são elaboradas para serem lidas no exato momento de suas confecções). A crônica (dentro de seu próprio tempo), segundo os conceitos teóricos vigentes, para os leitores do futuro será sempre considerada como um documento, servindo para explicar ou denunciar realidades já passadas. O texto literário-arte pelo ponto de vista da Teoria Literária é aquele que, a partir de sua publicação, ultrapassa as barreiras de seu próprio tempo, continuando repleto de vigor, e continuando a sua ação de “incomodar” os leitores do futuro num diálogo permanente (obrigando-os a repensarem a sua própria realidade). São conceitos corretos, é bem verdade, mas, algumas crônicas, como muitas crônicas de Carlos Drummond de Andrade (muitas delas são crônicas poéticas), já assinalam o seu valor como texto-arte, pois conseguiram ultrapassar as tais barreiras de seu próprio tempo. A crônica supracitada, por exemplo, demonstrou que os problemas sociais detectados pelo grande poeta brasileiro em 1983 continuaram/continuam "inquietando" seus leitores ao longo desses vinte e sete anos.
Carlos Drummond de Andrade foi (antes de tudo o que realizou como sujeito ou indivíduo, como participante ativo do século XX) um excepcional poeta lírico. Não sem razão, algumas de suas crônicas (poéticas ou não) poderão ser conceituadas como puríssimos textos-arte. Muitas de suas crônicas não serão simplesmente documentos da realidade sócio-histórica do século XX. Algumas ainda refletirão no futuro, como se fossem espelhos, os problemas vivenciados pelo Poeta no passado. É como se ele fosse ainda vivo e, por meio de seus leitores do futuro, estivesse vendo tudo pela primeira vez.
Não sei se me fiz entender pelos meus leitores de hoje (11 de fevereiro de 2011). Se houver alguma falha, tentarei explicar em postagens posteriores. Enquanto as dúvidas não aparecem, peço-lhes que leiam esta outra crônica-poema de Carlos Drummond de Andrade — OS AMORES E OS MÍSSEIS — e procurem refletir comigo:
Esta crônica escrita por Carlos Drummond de Andrade em 26 de novembro de 1986 (para os leitores do Jornal do Brasil daquele momento) é uma simples informação do passado ou ainda “incomoda” os leitores de hoje?
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