tag:blogger.com,1999:blog-66445805888828034752024-03-13T20:19:31.969-03:00Neuza MachadoEsse é meu espaço para publicação de trabalhos, textos, prosa e verso, e tudo o que for relacionado à minha grande paixão: a literatura!Alexandrehttp://www.blogger.com/profile/06690754071292198023noreply@blogger.comBlogger571125tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-19864837682278284112013-04-19T10:01:00.003-03:002013-04-19T10:12:41.774-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU IRMÃO ÁLVARO DE SOUZA<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU IRMÃO ÁLVARO DE SOUZA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuzhDeqWvbsMjV_YSyjmKLyKMRnZWzXQChy13aUMtEpzzLiwoZevIzMjkmonqskY7Sox4iHSd0OpjvET5dfQUV2B_w1UpO1mobiSHVLvN-KOLQvHFkxYL3KRf2mQUKX1DcgGOYUHNTmLR4/s1600/Violeiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuzhDeqWvbsMjV_YSyjmKLyKMRnZWzXQChy13aUMtEpzzLiwoZevIzMjkmonqskY7Sox4iHSd0OpjvET5dfQUV2B_w1UpO1mobiSHVLvN-KOLQvHFkxYL3KRf2mQUKX1DcgGOYUHNTmLR4/s640/Violeiro.jpg" width="480" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">oltamos a falar sobre a
família Souza Costa. De meus irmãos homens, Álvaro foi o mais inteligente e
esforçado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> tudo. Sempre teve
vontade de progredir na vida. Muito enérgico e pontual nos seus negócios, mas,
se emprestava dinheiro ou qualquer outro objeto a alguém, podia ser o próprio
pai, ele não perdoava, cobrava. Ele comprava e vendia coisas pequenas,
barganhava. Isto ele fazia aos domingos e dias santos, porque meu pai era
exigente com os filhos para o trabalho. Em ocasiões de festas nos Arraiais, o
Álvaro estava sempre cavando o dinheiro, não ligava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> mais nada. Ora vendendo doce, ora jogando búzios de caroço de
milho, ou mesmo bancando caipira com um caneco e um dado quadrado, com os
números de um até seis. Isto era em ocasiões de festas ou bailes, que naquela
época havia baile em todos os sábados, ora em uma casa, ora em outra. O Álvaro
já estava rapaz, mas não ligava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
dança, o caso dele era ganhar dinheiro.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">R</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ecordo-me de uma festa de
mês de Maria no Arraial do Choro. Durante os trinta dias de reza, meu irmão Álvaro
aproveitou para vender doces. Teve uma noite que os doces que ele vendia
acabaram mais cedo. O tio Antônio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carabineiro</i>
também estava vendendo doces. Eu não sei o motivo porque o tabuleiro de doces
de Álvaro acabou primeiro. Qual foi a astúcia do Álvaro?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Depois de vender os doces, o Álvaro chegou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">disfarçado</i> ao tio Antônio, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tirou</i> uma olhada nos doces de tio
Antônio, já sabendo que o preço era tostão cada um, arrematou todos, e os
partiu em dois, pois os doces que tio Antônio vendia eram grandes, e eram de
leite, feitos com muito capricho. Álvaro vendeu todos os doces comprados do tio
Antônio, ganhando meio por meio. Chegou em casa muito alegre, porque tinha
ganhado bem.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Na outra noite, o Álvaro não levou doces, confiando
nos doces que tio Antônio levaria para vender. Mas, não sabia que alguém
avisara tio Antônio, que o Álvaro, em cada um, fizera dois. E, tio Antônio
ficou muito enciumado com o que falaram <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
ele. Na tal noite, tio Antônio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carabineiro</i>
levou o tabuleiro cheio com aqueles doces de leite, feitos bem caprichados, e
foi vender no Arraial do Choro, que estava quase em véspera de fim de festa.
Álvaro, com sua astúcia, foi chegando disfarçadamente, e disse ao tio Antônio:
“– Eu pago todos a tostão cada um. Vamos contar os doces.” E tio Antônio
respondeu: “– Hoje <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> não ganha
dinheiro às minhas custas, não senhor! Eu também gosto de vender!” Álvaro
implorou: “– Tio Antônio, o senhor vai vender todos a tostão cada um. Eu pago
todos sem o senhor sacrificar o seu tempo!” Mas tio Antônio continuou sempre
falando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não</i>. Álvaro, que não perdia
tempo, bancou o caipira, e passou a gritar, chamando a atenção de todos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">M</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">esmo o pai sendo enérgico
com o trabalho dos filhos, o Álvaro convenceu nosso pai a deixá-lo negociar com
vendas de secos e molhados. O senhor Luís de Sales, que tinha uma grande casa
de negócios, fazendas de tecidos, e armarinhos, e miudezas de todos os tipos,
no Arraial do Choro, tinha também, e em frente, uma outra casa, de sobrado, que
era de aluguel. Em cima dessa casa, era para famílias, e, em baixo, para
negócios, já com prateleiras e balcão. O Álvaro alugou a loja de Luís de Sales
e começou vendendo cachaça e mais outras miudezas. E o meu irmão Álvaro já
estava indo muito bem no negócio.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Mas, chegou o tempo de servir à Pátria! O jeito foi
fechar a venda e seguir para Juiz de Fora. Álvaro ainda tentou a não ir servir
a Pátria, pois correu uma notícia que, em Carangola, tinha um tenente do
Exército de Juiz de Fora que dispensava aquele que fosse sorteado, a não
servir, por quatrocentos mil réis em dinheiro, o que, naquela época,
representava muito. O Álvaro pagou.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Não foi só o Álvaro que caiu nesse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conto</i>-<i style="mso-bidi-font-style: normal;">do</i>-<i style="mso-bidi-font-style: normal;">vigário</i>, foram muitos
outros. Muitos pagaram para não ir. O tenente voltou com o dinheiro e, no ano
seguinte, veio outro tenente já com ordem de levar todos presos. Eles
reclamaram, que tinham feito pagamento para não servirem, mas o tenente
perguntava pelo recibo, que nenhum deles tinha, pois o tenente, o primeiro, não
dera recibo a nenhum deles. E, assim, o Álvaro e os outros que foram
ludibriados embarcaram presos até Juiz de Fora. E ficaram debaixo de ordem por
três meses, sem poder sair do Regimento.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Naquela época, o salário dos soldados era de vinte e
um mil réis por mês. O soldado tinha mesmo que comer no Regimento, porque o
dinheiro que recebia mal dava para o cafezinho e o cigarro, mais nada. Álvaro
tocava violão e cantava. Logo, na primeira oportunidade que teve, o Álvaro
comprou um violão, e divertia os recrutados todas as noites com seu violão.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Um certo dia, o Comandante do Regimento reuniu
todos, em ordem, e disse: “– Nós vamos fazer uma excursão de três dias nas
matas. Aqueles que tiverem instrumento de música, poderão levar seus
instrumentos, para se divertirem nas horas de folga. Naquela época, as marchas
militares eram feitas a pé, e as caixas de cozinha e mantimentos eram
carregadas nos burros de cargas. Com a ordem dada pelo Comandante, de quem
tivesse instrumento de música levar, o Álvaro levou seu violão. E todos
caminharam a pé. De vez em quando, eles descansavam, mas, caminharam até a
noite.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">À noite, eles armaram suas barracas e, com o cansaço
da viagem, adormeceram. E só acordaram no outro dia. Fizeram exercício no mato,
voltaram para o acampamento, e almoçaram. Depois que descansaram, todos os que
levaram instrumento de música, tocaram e cantaram, naquela noite de solidão, no
meio do mato.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E o Álvaro se lembrou de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lundum</i> que ele cantava bem desenvolvido, acompanhado no violão por
ele próprio. E, em certa distância, estava a barraca de um dos comandantes, e o
comandante, lá da barraca, apreciando ele tocar e cantar, e o Comandante o chamou:
“– Vem aqui, este do violão, o que está cantando!” O meu irmão Álvaro ficou um
pouco <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ressabiado</i> com aquele chamado,
mas compareceu, e disse: “– Pronto Comandante!”, com a posição de sentido. O
Comandante disse: “– Não quero continência, quero que cante o que estava
cantando!” E Álvaro ficou entusiasmado, e tocou e cantou o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lundum</i> até o fim. O Comandante mandou ele repetir, ele cumpriu as
ordens, e, com esta música, o Álvaro conseguiu uma amizade com aquele
Comandante, o qual fez um convite a Álvaro, para ir tocar em sua casa no
aniversário de um de seus filhos. E o Álvaro foi, e tocou e cantou o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lundum</i> que emocionou o Comandante,
quando esse estava em instrução de guerra no meio do mato. Depois desse dia,
sempre que houvesse festas em sua casa, o Comandante chamava Álvaro, para ir
tocar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">qui transcrevo o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lundum</i> que o Álvaro cantava:<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<h1 style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 11pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><em><span style="font-size: large;">LUNDUM DO CASÓRIO<o:p></o:p></span></em></span></h1>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<h2 style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<em><span style="font-size: small;">Meus senhores, eu vou contá, como foi meu casamento</span></em></h2>
<br />
<h4 style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<em>Eu pedi a noiva ao pai, contei meu
procedimento.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></em><span style="font-style: normal;">(Bis)<o:p></o:p></span></h4>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Ele me respondeu, se eu
podia sustentá<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dar de comer e vestir,
sapatinho pra calçá.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eu respondi a ele, com toda
sinceridade,<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Se ela não morrê de fome,
passará necessidade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">No dia do meu casório, todos
deram gargalhada.<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Lá ia os dois noivados em
uma carroça quebrada.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Paletó do meu casório era de
chita amarela,<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A calça era de ganga, o colete
de flanela.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Camisa do meu casório era só
de puro linho,<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Não tinha fralda, nem manga,
nem punho, nem colarinho.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Cerola do meu casório, meu
cunhado quem me deu,<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Remendo sobre remendo, no
vesti, ela rompeu.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 99.25pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<h6>
<em><span style="font-size: small;">As botinas do meu casório era de vertegal</span></em></h6>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Quiseram me comprá ela, pra
mansá burro em Portugal.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<h5 style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<em><span style="font-size: small;">Paletó do meu casório era de jaquetão</span></em></h5>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Não tinha gola, nem manga,
não tinha também botão.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O padrinho e a madrinha
deram pressa e foram adiente,<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dando passo à retaguarda,
com a força da aguardente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O jantar que meu sogro fez,
para dar aos convidados,<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Foi duas galinhas choca,
dois pintinhos pestiados.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(Bis)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Etc., etc...<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">U</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">m dia, o Comandante
perguntou a Álvaro se queria fazer um concurso para Cabo, e Álvaro respondeu:
“– Bem que eu queria, senhor Comandante! Mas, como? Se eu não tenho nem o
primário?” O Comandante fez um teste nele e disse: “– Você quer ou não quer?”
Ele respondeu: “– Quero!” O Comandante deu as instruções necessárias, e Álvaro
começou a estudar, com outros colegas de farda, que também já estavam
estudando, e que tinham mais conhecimento de letras, mas do que o Álvaro.
Alguns tinham até o Ginásio! E tinha um conterrâneo (até muito abusado!), que
zombava do Álvaro, que chamava ele de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cabo</i>
Álvaro. E ele dizia: “– Se Deus quiser, eu serei Cabo de verdade!” E a zombaria
não parava entre os colegas de farda, que faziam continência para ele. Mas, o Álvaro
não se humilhava diante deles. E sempre dizendo: “– Se Deus quiser, eu serei
Cabo de verdade!” E o Álvaro não desanimou! Quando chegou o dia da prova, o Álvaro
foi aprovado, e os que zombavam dele foram desclassificados.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O conterrâneo, que tinha curso de Ginásio, ficou tão
envergonhado que, para não tirar serviço pelo comando de Álvaro, desertou,
fugindo para o Divino de Carangola, sabendo que tinha uma conta para ajustar,
mas preferiu deixar para o outro ano. O Álvaro, com a promoção, passou do soldo
de vinte e um mil réis para duzentos e dez mil réis. Com esse ordenado melhor,
alugou um quarto e passou a morar longe do acampamento, e pagando a pensão de
comida até o dia de sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alta</i> (seu
término de compromisso com o Exército). O Álvaro não se engajou definitivamente
no Exército porque nosso pai não deixou.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br />
</div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-83670365079101513282013-04-18T08:34:00.001-03:002013-04-18T08:34:14.179-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O BOM COSTUME DE RESPEITAR OS DIAS SANTIFICADOS
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O BOM COSTUME DE RESPEITAR OS
DIAS SANTIFICADOS<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></i><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></span></strong></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong> </strong></o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Js0tqmqTjqYzUiGsV8AlwyE-mE8HqwIzk0bG_0ZHWOV1lNW2wmE2zku4p9Mlsaf_JhLqKLpWn-PuCY-sUYMaLtCMmez5Y_hAIFyjzBO0-4-bpOneBqcdF4rlR5xlkOYTyDhOJqBVzkm1/s1600/Celebra%C3%A7%C3%A3o+da+Primeira+P%C3%A1scoa+dos+Hebreus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Js0tqmqTjqYzUiGsV8AlwyE-mE8HqwIzk0bG_0ZHWOV1lNW2wmE2zku4p9Mlsaf_JhLqKLpWn-PuCY-sUYMaLtCMmez5Y_hAIFyjzBO0-4-bpOneBqcdF4rlR5xlkOYTyDhOJqBVzkm1/s640/Celebra%C3%A7%C3%A3o+da+Primeira+P%C3%A1scoa+dos+Hebreus.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">oltamos a falar da família
Pereira e da família Souza. Sendo hoje Quinta-feira Santa (de 1987), quero
recordar aquele tempo, já passado quase setenta anos. Antes de chegar a
Quaresma, era o costume do povo daquela época prevenir-se, nas coisas de
alimentação: matava capado, derretia a gordura, enlatava. Isto era para não
matar vivente nenhum durante a Quaresma. A carne só era comida depois da Semana
Santa (Quinta-feira e Sexta-feira Santas). Nem mesmo moinho não rodava. Até as
crianças tinham de jejuar, tudo no mais puro silêncio. Não podia cantar música
de orquestra. Não podia haver discussão uns com os outros. Se um menino
desobedecesse aos pais, eles diziam: “– Hoje passa, mas, amanhã, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> vai pagar por isso!” E no dia que o
pai (ou a mãe) pegava aquele que desobedeceu nos dias proibidos de bater, o
desobediente era castigado o dobro. Eles batiam, mas sempre o fazendo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ver</i>, porque estava apanhando: “– Isto é
para <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> aprender a ser obediente!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">N</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">a Sexta-feira Santa, o povo
da roça passava a noite nas Igrejas, rezando terço, cantando músicas fúnebres
ao Senhor morto. O respeito era até às nove horas da manhã do Sábado de
Aleluia, quando começava a queima do Judas e a queima de fogos. Nesse dia,
matavam bois, porcos grandes, leitoas, galinhas, para assar. O povo fazia
bailes e todos dançavam toda a noite. Mas, não eram todos que faziam esta
extravagância. Muitos iam para a Igreja, para acompanhar a procissão do
Encontro, já no Domingo de Páscoa, ao amanhecer.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">E</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> quando chegava fim de ano,
no Natal, na véspera, todos iam à Missa do Galo, passavam a noite acordados,
faziam muita comida gostosa, doces, farinha de amendoim, pé-de-moleque (doce de
amendoim). Tinha também uma brincadeira de pedir festas uns aos outros. Os
homens pediam festas às mulheres, e as mulheres pediam festas aos homens. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Lembro-me que minha mãe Antoninha mandava levar
presente de comida à tia Olívia, à tia Cota, à vovó Maria Brasilina. Estes eram
os vizinhos de mais perto. E minha mãe recebia também os presentes que eles
mandavam <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> ela. Era uma união de
fraternidades! Algumas vezes, minha mãe <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ninha</i>
(Antoninha) recebia presentes até de longe, de parentes que moravam mais
retirados. E ela os retribuía da mesma forma. Quando matava capado, minha mãe
tinha o cuidado de mandar um pedaço de carne para o vizinho. O mesmo fazia o
vizinho, que retribuía da mesma forma. Entre eles, havia também o costume de
pedir emprestada alguma coisa ou ferramenta, ou mesmo sal ou querosene; até
feijão cozido os vizinhos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tomavam</i>
emprestado. Mas, todos tinham o cuidado de pagar. Porque, ainda hoje, uma
amizade para ser conservada, é preciso andar direito uns com os outros.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-80973218227214492482013-04-17T11:40:00.003-03:002013-04-17T11:40:42.362-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: VOVÔ JOSÉ ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA RECEBENDO NOTÍCIAS DA FILHA E DA IRMÃ
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: VOVÔ JOSÉ ANTÔNIO DE SOUZA
MOREIRA RECEBENDO NOTÍCIAS DA FILHA E DA IRMÃ<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7E_RBYZchrsv3tT1pb023Cod5dOh750i4XNxM2rEpcA5B6RcTdK-PAdCVozz8lTHxI8jZX9TplzWnvJQ04yL7ZtgzOvkNUqmY22tbf6-WiCnf8fZHvOnb4s74wpH09N9AzycrsWcelQDE/s1600/Abra%C3%A3o+-+Patriarca+B%C3%ADblico.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7E_RBYZchrsv3tT1pb023Cod5dOh750i4XNxM2rEpcA5B6RcTdK-PAdCVozz8lTHxI8jZX9TplzWnvJQ04yL7ZtgzOvkNUqmY22tbf6-WiCnf8fZHvOnb4s74wpH09N9AzycrsWcelQDE/s640/Abra%C3%A3o+-+Patriarca+B%C3%ADblico.jpg" width="444" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ovô José Antônio de Souza
Moreira tinha saudade da filha Ana, casada com José Peroba, que, depois de
casada, foi morar na Zona Norte de Minas Gerais. A última notícia que vovô teve
da filha Ana, foi pelo meu pai Zeca, quando ele foi visitá-la, e, na volta,
trouxera notícias dela e do marido José Peroba, além de trazer, também,
notícias de outra Ana, irmã de meu avô. Vovô José Antônio não sabia aonde a
filha morava. Depois que meu pai voltou da viagem, é que vovô ficou sabendo que
a Ana irmã morava perto da Ana filha. Elas moravam no Norte de Minas, perto de
Rio Doce.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Meu pai aproveitou esse passeio junto com minha mãe
Antoninha, que também tinha o irmão João Pereira, casado com Cecília, morando
por aquelas bandas. Tio João Pereira não morava perto da tia Ana, morava em
Lajinha de Mutum, também no Norte de Minas. Meu pai e minha mãe demoraram nessa
viagem quase um mês.<o:p></o:p></span></div>
<br />
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-61776533034232608212013-04-16T10:11:00.003-03:002013-04-16T10:11:27.752-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: OS DOIS IRMÃOS DE VOVÔ JOSÉ ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: OS DOIS IRMÃOS DE VOVÔ JOSÉ
ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8ieEYJGmswa4m-K1P-ZHKF5SpBMyp4uOf30qxHhyyCJ5VBPyOnduKSTNX39wtYLCQGYHLHS4mRswzLvGnp4JcT4fCahQ4vdH54Iy0P8U-VEb1zKgZH9lCHvtY7i_pRQMHNw4h1N3dphSd/s1600/Mel+-+Favo+de+Mel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8ieEYJGmswa4m-K1P-ZHKF5SpBMyp4uOf30qxHhyyCJ5VBPyOnduKSTNX39wtYLCQGYHLHS4mRswzLvGnp4JcT4fCahQ4vdH54Iy0P8U-VEb1zKgZH9lCHvtY7i_pRQMHNw4h1N3dphSd/s640/Mel+-+Favo+de+Mel.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">amos falar agora sobre dois
irmãos de vovô José Antônio. Um morava em Divino do Carangola, e o outro morava
no Rio de Janeiro. João de Souza Moreira, conhecido pela alcunha de João das
Abelhas, morava no alto da Rua Nova, do lado esquerdo, para quem segue para o
Largo da Matriz, como era naquele tempo. Ele tinha uma grande criação de
abelhas, e também uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lavourinha</i> de
café. O terreno era posseado, mas tinha o tamanho de um sítio. O meu tio-avô
João de Souza, por parte de pai, era homem franzino, de estatura mediana, muito
conversador, e de bastante conhecimento em seu meio-ambiente. Não era homem de
negócios, mas tinha uma vida tranquila. Tinha a sua lavoura de café, que dava
uma rendazinha, tinha também as suas abelhas trabalhando e fazendo mel, e
também a cera, que ele vendia para o fabrico de velas. Meu tio-avô João de
Souza vendia mel, sem precisar sair de casa. Todos os moradores do Arraial do
Divino (naquele tempo, Divino do Carangola era ainda Arraial) iam à sua casa
para comprar mel (que era uma delícia!). Para a venda da cera, ele tinha um
comprador. Era um senhor que fabricava velas e comprava todo o produto das
abelhas. Esse senhor também tinha criação de abelhas, mas tinha muita encomenda
de velas, por isso, o que ele colhia de seu produto, não dava para as
encomendas, e, assim, ele comprava toda a cera de meu tio João das Abelhas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Esse homem, que fabricava velas naquela época,
chamava-se José Damásio de Amorim, um grande Fazendeiro em Ponte Geraldo, um
lugar que, ainda hoje, faz divisa com o Município de Carangola. O meu tio-avô
João de Souza era um homem muito alegre, gostava de piadas. Não era contador de
piadas de façanhas, nem de imoralidades. Suas brincadeiras não ofendiam.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">E</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">u me lembro de um dia em que
ele chegou em nossa casa montado em um burro alto e comprido. Entrou no
terreiro já gritando: “– Ó Tonica!, tem café e almoço?! <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tô</i> chegando! Quero também pasto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
meu burro!” Desarreou o burro e soltou-o. O burro rolou no chão e, quando
levantou, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">soltou</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">capim</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">azedo</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fora</i>. O tio João de
Souza riu bastante, fazendo galhofada, e dizendo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> minha mãe: “– Tonica, eu e o burro somos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">igual</i> um ao outro. Só botamos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
fora, quando temos outro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">botá</i> no lugar”. Mas, ele falava usando
expressões grosseiras, como era o costume do falar da roça antigamente. Ninguém
levava a mal. Às vezes, tio João de Souza ficava dois ou três dias em nossa
casa. E como nós nos divertíamos com tio João! Ele contava histórias e piadas,
todas com muita graça.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Tio João de Souza era padrinho de meu pai. Eu me
lembro de um dia em que meu pai me levou para dar um passeio e ir à missa na
Igreja de Divino. Isso era em tempo frio. Meu pai, sempre que ia ao Divino de
Carangola, não deixava de passar em casa de tio João de Souza, para tomar a
bênção e, também, saborear um cafezinho da madrinha <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Silivéra</i> (Silvéria ou Silvera). Eu me lembro que nós chegamos e
encontramos o tio João sentado embaixo de um pé de café. E ele disse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> meu pai: “– Zequinha, eu fico aqui
me movimentando. Quando o sol <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tá</i>
quente, eu enfio debaixo da saia do café, e, quando eu sinto frio, volto para o
sol”. E disse para meu pai: “– Vamos entrar!” Nós ficamos um pouquinho na
grande cozinha, tomamos café, e, em seguida, meu pai disse: “– Padrinho, é hora
de ir chegando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> casa.” E,
despedimo-nos de tio João e de tia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Silivéra</i>.
Nessa época, tio João já tinha casado a filha mais velha, por nome Júlia
(casada com José Augusto), e a filha segunda, por nome Severina (casada com
Antônio Laureano). Os outros filhos, José, Balduína e Maria, ainda estavam
solteiros.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> respeito de um outro irmão
de vovô que foi para o Rio de Janeiro. Dizia vovô que o irmão dele Antônio de
Souza Moreira, quando deixou Laranjal e foi para a Corte do Rio de Janeiro,
ainda era garoto de menor idade. Influenciado por alguns companheiros, deixou
mãe, irmãos, parentes, e foi <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
Corte do Rio de Janeiro. Era o que vovô falava. Nunca mais ele viu o irmão
caçula. Dizia vovô que tivera notícias dele, que Antônio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tava</i> bem, que tinha casado com uma professora. Mas, ele nem sabia o
nome da cunhada, pois Antônio nunca escreveu uma carta <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> eles, que ficaram na saudade daquele irmão, que ainda tinha mãe
viva, sempre clamando a ausência do filho, sem ter consolo de ao menos um
retrato ou uma carta. Mas, nem isto aconteceu. Quando se lembrava do irmão
Antônio, os olhos de vovô <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lagrimavam</i>.
Ele dizia: “– Tenho uma vontade de ver meu irmão caçula, mas, acho eu que nunca
mais vou ver!” E vovô morreu com este desejo de ver o irmão. Depois que vovô
morreu, um filho de Maria Dussanto (ou Maria dos Santos), por nome Arthur de
Souza Moreira, foi até o Rio de Janeiro, e encontrou o tio Antônio, que morava
na Penha, já bem velhinho.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-27163675117289966712013-04-15T14:09:00.001-03:002013-04-15T22:29:04.189-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ JOSÉ ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA E O CASO DA VIAGEM A SÃO DOMINGOS DE CARATINGA<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ JOSÉ ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA
E O CASO DA VIAGEM A SÃO DOMINGOS DE CARATINGA <o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnb1ETlMyeqA8-1s5zUNR6TaApkfBgxTtrZ-bWahHIWIRkTIcEWqf6eFxpWayrHVVL5thId_n4DIaK8UeXaxwax9fov5_zudMzUFhLzjIlRNI0r4mQVTKLUpnKeoxiKXJnuN3XOJKA2OSl/s1600/Paisagem+-+Thomas+Gainsborough.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="626" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnb1ETlMyeqA8-1s5zUNR6TaApkfBgxTtrZ-bWahHIWIRkTIcEWqf6eFxpWayrHVVL5thId_n4DIaK8UeXaxwax9fov5_zudMzUFhLzjIlRNI0r4mQVTKLUpnKeoxiKXJnuN3XOJKA2OSl/s640/Paisagem+-+Thomas+Gainsborough.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">M</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">eu avô paterno José Antônio
de Sousa Moreira era um homem temente a Deus. Por qualquer um acidente
acontecido com ele, por mais pequeno que fosse, vovô tinha aquilo como castigo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dizia vovô que, em uma certa ocasião, ele foi até
São Domingos de Caratinga, para fazer uma visita à sua irmã Severina e ao seu
cunhado José <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Doce</i> (doceiro, fazedor
de doces), que já moravam em São Domingos de Caratinga há vários anos. Vovô,
sempre que saía a cavalo, para viagem longa ou perto, não esquecia o seu
embornal de brim, alceado na cabeça do arreio, e com um vidro de meia garrafa,
que era para ter sempre cheio de pinga. Quando esvaziava a garrafa, ele enchia
de novo. Durante a viagem, de vez em quando, ele molhava a garganta com a pinga.
Naquela época, ele enchia a garrafa com duzentos réis.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ntes de sair de casa, meu
avô mandou vovó fazer a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">matutagem</i>
[matulagem ou matolotagem], para se alimentar durante a viagem, encheu o vidro
de pinga, alceou-o no arreio, montou em seu cavalo, e seguiu até a primeira
estalagem que encontrou, depois de muito cavalgar. Ali, pediu uma pousada, e
pernoitou naquela casa. No outro dia, perguntou quanto era a despesa, pagou, e
seguiu a sua viagem. No primeiro botequim que encontrou, encheu o vidro de
pinga, e continuou o seu caminho. Ao anoitecer, pediu pousada em outra casa. Ao
amanhecer do dia, seguiu até chegar à casa da irmã Severina e Zé <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Doce</i>, como era chamado.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Em Caratinga, ele permaneceu vários dias, em casa da
irmã Severina e do cunhado Zé <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Doce</i>. O
dinheiro que levara estava acabando, e ele disse para a irmã e Zé <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Doce</i>: “– Faz muitos dias que eu estou
fora de casa, amanhã eu vou voltar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
casa!” Sua irmã Severina fez a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">matutagem</i>,
para ele comer durante a viagem, e ele colocou a comida na mala de pano, que
ficava dobrada na garupa do arreio. Encheu o vidro de pinga e colocou-o dentro
do embornal, alceou-o na cabeça do arreio, despediu-se da irmã e do cunhado, e
seguiu de volta para casa.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Nas mesmas casas, que tinha pousado na ida, ele
pousou na volta. No último dia da viagem de volta para casa, ele sofreu um
acidente. Dizia vovô que tinha levado dinheiro, não muito, mas dava para fazer
a viagem, de ida e volta, sem muita preocupação. Mas, ele facilitou, e não mediu
os gastos que fizera em Caratinga, durante os dias que ali permaneceu em casa
da irmã Severina e do cunhado Zé <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Doce</i>.
A pinga acabou, e ele tinha no bolso só duzentos réis, a quantia exata para
encher o vidro de cachaça. Passando perto do botequim, ele apeou do cavalo,
amarrou-o em um topo, que estava fincado no terreiro da venda, e, quando ele
caminhava para chegar até a venda, um homem esticou o chapéu e pediu-lhe uma
esmola. Vovô só olhou de banda e pensou, em seu coração: “– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fia da</i>... (o nome da mãe, que ninguém
gosta de ser chamado!)”. E passou pelo homem, encostou-se no balcão da venda, e
pediu para encher o vidro; puxou do bolso o único dinheiro que tinha, pagou, e
voltou para o seu cavalo. Desatou o cabresto, e quando foi enfiar o vidro no
embornal, em vez de enfiar dentro do embornal, enfiou fora, e o vidro caiu ao
chão, quebrando-se em cacos. E vovô ficou com muita raiva, e pisou num caco do
vidro quebrado, e foi um golpe daqueles na sola do pé, quase deixando ele
aleijado. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ovô não bebia em ponto de
envergonhar a família, mas, sempre que bebia, ficava fora de seu natural.
Depois do trago de pinga, vovô conversava muito, mas não ofendia a ninguém.
Vovô gostava de perfumes, andava sempre perfumado em dia de Domingo. As minhas
irmãs, já casadas, vinham sempre passear em nossa casa. Nesses dias de visita,
elas entravam no quarto de vovô, só para brincar com ele, e dizia uma para
outra: “– Vovô <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tá</i> cheiroso!” Ele
sabia que elas estavam mexendo com ele. Até os maridos de minhas irmãs, também,
gostavam de implicar com vovô, para verem a reação dele. Diziam: “– Quem sabe o
vovô ainda quer <i style="mso-bidi-font-style: normal;">casá</i>!” Vovô
respondia: “– Eu gosto de ficar cheiroso, mas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">casá</i> outra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">veiz</i> não!, uma
só chega!”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> acidente que vovô sofreu em
um dos pés, ele tinha como castigo, porque negou de dar esmola ao homem, que
tinha pedido, logo que apeou do cavalo. O dinheiro dele só dava para encher o
vidro de pinga, mas, como ele não deu a esmola, e nem bebeu a cachaça, achava
que foi um castigo. Ele contava isto até com graça, principalmente quando
estava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">com umas e outra no coco</i>.</span><br />
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
</div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-75944483726414338332013-04-14T10:19:00.002-03:002013-04-14T16:18:41.034-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ PATERNO JOSÉ ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA E O CASO DA CAÇADA DO ÍNDIO-PURI<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ PATERNO JOSÉ ANTÔNIO
DE SOUZA MOREIRA E O CASO DA CAÇADA DO ÍNDIO-PURI<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg26WJu1531SNoKpNxhR9ElXbZKG5M36fZzKu-a0CqaFWIgSWGl-7CAARMmn_URO1zQZd0tukS59r237KtpzFaEJn1RF-eh-JZNFsXwUqTZU32uygsGPuj5K4oq06bTKKr7osNyYRtTLRye/s1600/%C3%8Dndio+Puri.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="445" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg26WJu1531SNoKpNxhR9ElXbZKG5M36fZzKu-a0CqaFWIgSWGl-7CAARMmn_URO1zQZd0tukS59r237KtpzFaEJn1RF-eh-JZNFsXwUqTZU32uygsGPuj5K4oq06bTKKr7osNyYRtTLRye/s640/%C3%8Dndio+Puri.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Crédito da gravura para:<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> <span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><a href="http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/0039_05.html"><span style="color: blue;">http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/0039_05.html</span></a></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"></span><br />
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"></span><br />
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ovô José Antônio de Souza
Moreira contava, também, sobre os índios do mato da região Leste do Brasil.
Mas, vovô, ao invés de falar índio, falava puri.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dizia vovô que o puri, quando jogava uma flecha num
pássaro empoleirado naquelas árvores bem altas, e a flecha caía em um lugar
difícil de encontrar, o puri saía procurando o pássaro morto, mas não o achava.
Ele então voltava, naquele mesmo lugar, e jogava outra flecha na mesma direção,
e ficava observando aonde ela caía. E, chegando aonde caíra a segunda flecha, o
índio puri encontrava a primeira flecha perdida fincada no pássaro.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-11531233067321559612013-04-13T09:09:00.001-03:002013-04-13T09:14:01.734-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ JOSÉ ANTÔNIO E A TRAVESSIA NA MATA CERRADA ESPANTANDO ONÇA-TIGRE PINTADA<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ JOSÉ ANTÔNIO E A
TRAVESSIA NA MATA CERRADA ESPANTANDO ONÇA-TIGRE PINTADA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3hQ59i6i2cl1xQsCaFsN_dIpobPDqPYjYMYKoc6EEqxTsiWphuAs3EplYfFblxKR4UYQJ229h0zSgJ0l0jjwr6rGIfvRWMX2vEdEWGxiGa9F_idJQBKiHsbVPwk9p65TeUughnVsopb6R/s1600/On%C3%A7a+Pintada+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3hQ59i6i2cl1xQsCaFsN_dIpobPDqPYjYMYKoc6EEqxTsiWphuAs3EplYfFblxKR4UYQJ229h0zSgJ0l0jjwr6rGIfvRWMX2vEdEWGxiGa9F_idJQBKiHsbVPwk9p65TeUughnVsopb6R/s640/On%C3%A7a+Pintada+4.jpg" width="574" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ovô contava também sobre
uma parte de mata cerrada que tinha onça-tigre pintada. Essa mata ficava
próxima à casa de vovô, em Laranjal. Ele e sua família tinham que passar dentro
daquela mata, para irem até à casa de uma das irmãs de vovô, que morava do
outro lado da mata. Algumas vezes até trabalhavam, vovô e os filhos, para o
cunhado e a irmã, em suas lavouras de café e cereais. (Na roça, usa-se, acho
que até hoje, trocar dias de trabalho uns com os outros).<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Pois muito bem, depois da visita, ou se fosse depois
do trabalho, quando chegava a noite, na volta para casa, era preciso arrastar
pelo caminho uma taquara com as folhas, para evitar que a onça-tigre pegasse
aquele que viesse atrás, por último. Isto porque não havia estrada larga, era
apenas um trilho no meio da mata, aonde eles tinham que passar. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Vovô contava que aquele último, que vinha atrás
puxando a taquara com folhas para proteger os da frente, sentia as unhas da
onça arranhando a taquara. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">arrastar </i>das
folhas da taquara produzia uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">chieira</i>
[barulho] nas folhas secas do caminho, e a onça se entretinha, brincando com a
taquara, e, assim, ela não pegava nenhum deles.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Era sempre assim: naquele tempo de vovô José
Antônio, para atravessar aquela mata cerrada do Município de Laranjal, durante
a noite, o companheiro de trás arrastava uma taquara com as folhas, para evitar
ser refeição de onça.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-11787598561458389092013-04-12T09:54:00.004-03:002013-04-12T10:02:17.887-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ PATERNO JOSÉ ANTÔNIO DE SOUZA MOREIRA E O CASO DO HOMEM PRESO NO MONTE DE CUPIM<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ PATERNO JOSÉ ANTÔNIO
DE SOUZA MOREIRA E O CASO DO HOMEM PRESO NO MONTE DE CUPIM<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIup7inXT8Tfye01uIL-lBU1Rs4Gbx2pppNmZLJ3Va5hyphenhyphena1csfLuS7AoHRwW2II7PDj9mO1ZH_bKS7CI_GjcRostkex6xK27rYr0vlTE6Dx_qSD1I8MA7UWarlyIrVZ2UYyUDflYR-uB1-/s1600/Cupinzeiro+2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIup7inXT8Tfye01uIL-lBU1Rs4Gbx2pppNmZLJ3Va5hyphenhyphena1csfLuS7AoHRwW2II7PDj9mO1ZH_bKS7CI_GjcRostkex6xK27rYr0vlTE6Dx_qSD1I8MA7UWarlyIrVZ2UYyUDflYR-uB1-/s640/Cupinzeiro+2.png" width="405" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">P</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">assamos, agora, a falar
sobre o passado de meu avô paterno José Antônio de Souza Moreira. Vovô José Antônio de
Souza Moreira gostava de uma pinga, no modo do falar de agora, gostava de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma cachacinha da boa</i>. Meu pai não bebia
cachaça, e ficava muito chateado, quando vovô chegava em casa um pouco fora de
seu natural. Quando vovô bebia cachaça, ficava alegre, contava tanto caso
acontecido com ele e, também, com outras pessoas, tocava viola, cantava moda de
cateretê, e tocava também <i style="mso-bidi-font-style: normal;">rasgado</i> na
viola. Isto era mais só quando ele estava com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cheirinho</i> da pinga. Meu pai ficava de cara franzida e vovô, sabendo
que meu pai detestava cachaça, dizia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
mim: “– José fica de cara feia quando eu bebo cachaça! <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ocê</i> acha que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fi</i> pode <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mandá</i> no pai?” Ele dizia isto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> mim, porque eu sempre dei muita
atenção a ele. E, para vê-lo satisfeito, eu respondia dando razão a ele.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Vovô contava muitas coisas acontecidas com ele, no
tempo em que morou em Laranjal. Dizia vovô que, quando ainda morava em
Laranjal, Município de Cataguases, houve uma Semana de Missões, que era para
fazer crismas, de quem ainda não era crismado na religião católica apostólica
romana. Os Bispos, todas as noites, faziam sermões. O povo comparecia em massa;
uns, para crismar os filhos, outros, para assistirem aos sermões. Outros iam
para debochar dos missionários. Quando não fosse em presença física, esses que
debochavam, deixavam para a volta, quando vinham <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> casa. Esses grupos de pessoas irresponsáveis eram os que mais
frequentavam as festas das Missões.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">E</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">m uma certa noite, depois
que beberam muita cachaça nos botequins, lá <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pras</i>
tantas da noite, voltaram para a casa fazendo bagunça, gritando, desafiando
todos os moradores daquela região. Em certo momento, um deles lembrou-se dos
bispos, e subiu em cima de um cupim, e começou a fazer discurso, imitando os
bispos. Sem ele esperar, o cupim abriu-se ao meio e prendeu ele até a cintura.
Dizia vovô que ninguém conseguia tirar o homem que estava preso no monte de
cupim.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Depois de muito pelejar, para tirar o homem que
estava preso no monte de cupim, um deles deu um palpite: “– Quem sabe, se
agente chamasse o Bispo, para vir aqui? Assim talvez, ele tirava o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fulano</i> de dentro do cupim!” E, assim
chamaram o Bispo para tirar o homem que estava preso no monte de cupim. O Bispo
chegou, fez uma benzição, e o monte de terra de cupim abriu-se, mas, o homem
estava morto. Os cupins atacaram as partes de seu corpo que estavam dentro da
terra.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-46345549197164017892013-04-11T10:07:00.002-03:002013-04-12T10:20:55.754-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O CASAMENTO DE MINHA IRMÃ MARIA<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O CASAMENTO DE MINHA IRMÃ
MARIA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX4JFbYS7FOOA_Mnqd9z8FIJa-Eg4RypUqdfMJ7uILBrYm1ZbwJwAtGdRcuXe9RXXU9SLCN7bnqCmnqlzRS9Fq165yGHEvmCxOuS6jTELrtC7KjJDvmZOUbbqzD-0tXxj5EiUq3a4jf4C6/s1600/Fran%C3%A7a+S%C3%A9culo+XV+8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX4JFbYS7FOOA_Mnqd9z8FIJa-Eg4RypUqdfMJ7uILBrYm1ZbwJwAtGdRcuXe9RXXU9SLCN7bnqCmnqlzRS9Fq165yGHEvmCxOuS6jTELrtC7KjJDvmZOUbbqzD-0tXxj5EiUq3a4jf4C6/s640/Fran%C3%A7a+S%C3%A9culo+XV+8.jpg" width="592" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">No ano de 1919, meu pai Zeca de Souza fez o
casamento da primeira filha, por nome Maria. Era ainda menor de idade, porque
não tinha completado dezesseis anos, mas, já era moça formada. Como era de boa
aparência, tinha muitos pretendentes. Mas, naquela época, não era a moça que
escolhia o namorado, mas, sim, era o pai que escolhia o pretendente de sua
filha. Isto acontecia em quase todas as famílias. Poucas famílias deixavam as
filhas escolherem os namorados. Maria, minha irmã, foi pedida em casamento por
um moço por nome Felismino Alves Portes. Como, naquela época, eu tinha apenas
nove anos de idade, não sei se Maria namorava assiduamente Felismino, mas,
também, a moça daquela época, não precisava namorar, para se casar, porque eram
os pais que davam o sim. Como Felismino era um moço jovem, de vinte e um a
vinte dois anos de idade, muito trabalhador, filho de um primo de minha mãe,
por nome Pedro Alves da Silva, e era também compadre de meus pais, e de grande
consideração, o pedido de casamento foi aceito. O casamento foi marcado com
pouco tempo de prazo. Meu pai tinha algum recurso, mas nunca teve dinheiro disponível,
para tratar de um assunto como esse. Tínhamos um canavial bem grande, de cana
madura no ponto de moer. Nós tínhamos, também, um engenho de madeira, mas o
nosso engenho não era suficiente para desenvolver a moagem da cana com rapidez.
Pouco abaixo da Cachoeira, distante três quilômetros mais ou menos, na Fazenda
de tio Bastião Alves, tinha engenho de ferro, movido a água. Meu pai foi até a
casa de Ramiro, um dos filhos de tio Bastião Alves, e ofereceu a cana a Ramiro,
para moer a meia. E assim eles combinaram, que a moagem da cana tinha de ser
mais rápida, porque era para fazer o casamento de Maria (que tinha sido pedida
em casamento por Felismino, que era sobrinho de Ramiro). Naquela mesma semana,
começou a moagem da cana. Nessa época, meu pai tinha dois filhos já rapazes, o
Olavo e o Álvaro. E tinha dois ainda menores, que era eu, Antônio, e meu irmão
Eurico. Papai tinha também dois empregados, que trabalhavam diariamente para
nós, o Sebastião Rodrigues e o João Lopes. Meu pai ainda arranjou mais alguns
ajudantes, pois precisava, com urgência, de dinheiro, para as despesas de
compras de enxoval, e roupas para a família, e mais outras despesas de
comestíveis, porque, naquela época, quando um pai ia fazer o casamento de uma
filha, toda a vizinhança era convidada. E todos faziam questão de estar
presente naquele dia. Até mesmo alguns, que não eram convidados para as festas
de casamento, vinham meio disfarçados, mas não deixavam de comparecer. Os que
não eram convidados, chegavam mais tarde, e ficavam meio afastados, até que o
dono da casa, ou um filho, chamasse: “– Chega <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> cá!” Nessa hora, todos os convidados já tinham comido
fartamente, mas as mesas ainda estavam armadas no terreiro e, até à noite, a
mesa era reformada com comidas e doces. Nessa época, meu pai ainda trabalhava
na roça. Meu pai botou a turma toda no canavial, a cortar cana, ele também
junto. Ramiro tinha o seu carro de bois, mas, arranjou outro carro. Eram dois
carros, com duas juntas de bois, a puxar cana para o engenho até quatro horas
da tarde. O engenho rodava, moendo cana e enchendo os cochos de garapa. O
fabrico da rapadura ia até às dez horas da noite, e, assim, em poucos dias, o
senhor Ramiro Alves moeu toda a cana do nosso canavial. Meu pai foi ao Divino
do Carangola, vendeu a rapadura, e conseguiu arranjar o dinheiro que precisava para
toda a despesa do casamento da primeira filha.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Q</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">uando chegou o prazo
marcado, para o enlace matrimonial de sua primeira filha, meu pai já estava com
o dinheiro necessário e não ficou com dívidas. O casamento foi realizado na
Matriz de Divino de Carangola. Para o acompanhamento, foram todos os convidados
a cavalo (o que era um sinal de riqueza). A chegada, na Fazenda de meu pai, foi
com muitos fogos-de-artifício, principalmente, aqueles foguetes-de-cauda. À
frente, vinha o fogueteiro, soltando foguetes. No terreiro de nossa casa também
um fogueteiro, soltando foguetes. Com o barulho, alguns cavalos se espantavam,
ainda com os cavaleiros montados em cima e riscando as esporas nos cavalos.
Tinha arcos de bambus com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">enfeitos</i> de
bandeirinhas de papel amarrados nos arcos, de distância de cinquenta metros até
a porta da sala. Os noivos foram recebidos com flores desfolhadas (pétalas de
rosas miúdas, margarida, bem-me-quer, moça-velha, flores de todas as espécies,
que tinham muitas nos canteiros que rodeavam a nossa casa). Jogar flores nos
noivos era o que se usava na época. Eu era ainda bem criança, mas lembro-me que
foi uma festa muito bonita, com muita gente, que não cabia dentro da casa,
espalhada pelo terreiro. No terreiro, foi <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fincada</i>
a mesa, para todos os convidados jantarem à vontade, e com sobremesa de doces
de diversas qualidades. Assim que chegou a noite, houve o baile, para todos se
divertirem, na mais perfeita ordem, até o dia clarear. E assim foi o casamento
de Maria, a mais velha de minhas irmãs, que contava apenas dezesseis anos ao
casar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">M</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">eu cunhado Felismino já
tinha casa para morar. Havia uma casa desocupada, perto da residência de seu
pai, aonde ele iria morar, mas, como ainda não estava tudo organizado, ele
passou os primeiros dias de núpcias em nossa casa. Ele trabalhava nas terras de
seu pai, e, todos os dias, ele saía de manhã e voltava à tarde.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Naquela época, havia dois partidos políticos. Eu não
sei se era por brincadeira de meu pai com o seu primeiro genro, ou se era de
verdade, mas, todas as noites, os dois discutiam, em brincadeira, sobre
política. Meu pai era do partido <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quati </i>e
Felismino, do partido <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tatu</i>. Meu pai
dizia para o genro: “– Nesta eleição, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quati</i>
ganha!”, e Felismino dizia: “– Não!, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sô</i>
Zeca, quem vai <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ganhá</i> é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tatu</i>!” E os dois ficavam naquela
brincadeira, horas e horas, discutindo sobre política. Eu, naquele tempo, como
não entendia nada de política, ficava pensando o que seria aquilo? Um dizia: “–
Quem vai ganhar é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quati</i>!” O outro
já dizia o contrário: “– Quem vai ganhar é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tatu</i>!” E digo francamente: até hoje, já passados sessenta e cinco
anos, eu nunca fiquei sabendo se na década de 1910 a 1920 existiu esses dois
partidos políticos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quati</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tatu</i>. Se existiu esses dois partidos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quati</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tatu</i>, foi antes dos partidos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Legião</i>
e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bernardista</i>, porque, desses, eu me
lembro bem.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">E</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">u me lembro dos partidos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Legião</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bernardista</i>, porque, quando fiz vinte anos, fui chamado para ir até
a Fazenda Rochedo, que naquela época pertencia ao Capitão Francisco Victor da
Silva, chefe político da região. O capitão Francisco Victor da Silva era
conhecido por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Capitão Chico Victor</i>.
Chegando lá, na Fazenda Rochedo, apresentei-me ao Capitão e disse-lhe: “– O que
o senhor <i style="mso-bidi-font-style: normal;">desejaria</i> comigo?” O capitão
olhou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> mim e disse-me: “– Quantos
anos tem?” Eu respondi: “– Vinte anos!” O capitão tinha um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sésto</i> de falar “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">já viu</i>”.
Então, ele disse: “– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Já viu</i>!, para
ser eleitor, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> falta um ano, mas
não faz mal!, eu vou aumentar um ano na sua idade. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ocê</i> sabe escrever?” Eu respondi: “– Escrevo mal, mas escrevo!” Ele
apanhou uma folha de papel almaço, e colocou em uma mesa, e disse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> mim: “– Eu vou ditando, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> vai escrevendo!” E, assim, eu fiz o
requerimento ao Senhor Juiz Eleitoral, e, quando terminei de escrever, ele
elogiou a minha caligrafia, e disse: “– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Já
viu</i>!, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> tem boa caligrafia! De
hoje em diante, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> é meu eleitor!”
Isto foi em 1930.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Essa foi a primeira eleição da qual participei.
Votei em Alto-Carangola, um Arraial pequeno. O candidato à Presidência da
República era Júlio Prestes. Na época, eu não tinha o mínimo interesse em
candidato nenhum. Votei com a cédula que me deram (o que era muito comum,
naquela época, em minha região). Eu sabia que estava votando em Júlio Prestes,
que era o candidato do Capitão Chico Victor. Foi um dia de muita euforia, para
os eleitores fanáticos, mas, para mim, foi uma festa como outra qualquer. À
tarde, quando tudo tinha já acabado, eu voltei <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> casa, e já de noite, nem mais pensei na eleição de
Alto-Carangola. Mas, no decorrer de alguns dias, correu a notícia, que Júlio
Prestes tinha ganhado a eleição, mas que não deixaram ele tomar posse. E logo
começou a Revolução de Trinta.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">D</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">epois da Revolução de
Trinta, o partido da oposição saiu vencedor. Era o partido de Getúlio Vargas e
Arthur Bernardes (Partido Bernardista). Júlio Prestes e seus companheiros foram
obrigados a deixar a Pátria, e viver na Europa. Com essa reviravolta de
política, o Capitão Chico Victor e seus filhos sofreram algumas humilhações,
pois os contrários, do outro partido, ficaram <i style="mso-bidi-font-style: normal;">graúdos</i>, porque eram da política de Arthur Bernardes, o qual
(juntamente com Getúlio Vargas) saiu vitorioso na Revolução de Trinta.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">M</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">as, essa união dos dois
estadistas, o Arthur Bernardes e o Getúlio Vargas, não durou muito. Eles se
desentenderam, e Getúlio Vargas, sendo o mais esperto, ficou mandando sozinho.
Getúlio Vargas, sabendo que o outro partido era o mais forte, abraçou-se com
ele e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">chutou</i> o Arthur Bernardes, com
todos os seus eleitores.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O</span></b><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Brasil precisa ter Partido de direita e Partido de
esquerda, porque, quando um Partido está mandando, o outro está fiscalizando.
Mas, o melhor de tudo seria se ninguém precisasse fiscalizar. Mas, isto não
acontece, porque nem todos têm boa intenção. O que eu acho pior, na política, é
a vingança. Quando um partido está mandando, os homens deveriam pensar que, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um dia é da caça</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o outro é do caçador</i>. Se hoje um Partido está por cima, amanhã
poderá estar por baixo. Deviam saber ganhar, e saber perder, e viver em
harmonia uns com os outros. Seria tão bom se assim fosse! Mesmo sabendo que a
política é inevitável, eu a detesto. Como brasileiro e patriótico, dou o meu
voto, porque é o meu dever, mas, não tenho candidato preferido.<o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-24076664524366859982013-04-10T10:16:00.003-03:002013-04-10T10:16:32.541-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU TIO DÉCO PEREIRA
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU TIO DÉCO PEREIRA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8YytRtaXxIRMaW7kP45BdrGY_zT_LQ_bfMJpEWHRfZJ0TVR6X4aKrMwvvm1m6jcOqogIsNZ6J9Vk7r4Vx_yzav8KlfMv3R2JjeURmDIbpYEEcbTmwhHj2BkR_gCgJ1-L5MlmEfSxF7f3Y/s1600/Paisagem+Brasileira+-+Marcelo+Alves.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8YytRtaXxIRMaW7kP45BdrGY_zT_LQ_bfMJpEWHRfZJ0TVR6X4aKrMwvvm1m6jcOqogIsNZ6J9Vk7r4Vx_yzav8KlfMv3R2JjeURmDIbpYEEcbTmwhHj2BkR_gCgJ1-L5MlmEfSxF7f3Y/s640/Paisagem+Brasileira+-+Marcelo+Alves.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> Paisagem Brasileira - Foto de Marcelo Alves</o:p></span></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">oltando aos casos da família
de meu avô Joaquim Pereira da Cunha, no período compreendido entre 1920 a 1933.
Um dos filhos de Joaquim Pereira da Cunha, por nome Raimundo Pereira, que tinha
por apelido Déco, era casado com uma prima, por nome Antoninha, filha de
Antônio Acácio Pereira e de Francisca Alves Pereira. (O Déco era meu tio, irmão
de minha mãe Antoninha). O tio Déco Pereira era um homem de altura mediana,
franzino de corpo, não tinha a musculatura igual a alguns de seus irmãos, mas,
era um homem de uma força extraordinária, de fazer os seus colegas ficar
admirados, como, por exemplo, um de nome Ramiro, que era primo dele, quase da
mesma idade. Os dois trabalhavam sempre juntos, ora em carro de bois, ora em
carpintaria. Eram mesmo como dois irmãos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">N</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">aquela época, em dia de
festa religiosa, ou em festa de casamento, o assunto dos homens era só sobre
negócios, ou trabalho de qualquer espécie, ou sobre as pessoas de mais
capacidades para o trabalho, ou de mais força, enfim, era uma espécie de
falatório da vida alheia. E enquanto isso, eu, ainda com pouca idade, fazia as
minhas observações.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E, em uma festa de casamento, sendo eu ainda menino
com a idade de treze anos mais ou menos, escutei Ramiro, que estava com mais
uns seis a oito homens, conversando sobre homens de muita força física. Eu
apreciei Ramiro, contando aos demais, sobre a força física de tio Déco. Ele
dizia: “– Quem vê o físico de Déco, nunca <i style="mso-bidi-font-style: normal;">póde</i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">imaginá</i> a força que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tá</i> naqueles braços finos” (comentando
sobre uma casa que eles estavam fazendo). Dizia Ramiro que, uma viga de madeira
lavrada, que precisava duas pessoas para levantar de um lado, para encaixar na
esquina da casa que eles estavam construindo, o Déco, com aqueles braços finos,
levantava, só com um dos braços. O assunto continuou quase a noite toda, sobre
o Déco. Dizia Ramiro que, o Déco, em tudo que ia fazer, fazia com diligência. Tanto
como carpinteiro, como carreiro, ou na roça: o Déco era <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> todo serviço. Hoje, eu também posso afirmar a força e
competência de tio Raimundo Pereira, que nós, sobrinhos, tratávamos de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tio</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Déco</i>.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">T</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">io Déco era um homem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">brincalhão</i>, sempre com um sorriso estampado
na boca, como nos olhos. Eu tenho uma recordação do tio Déco, sobre um
casamento de uma de minhas primas, por nome Geraldina, a primeira filha de tio
João de Souza (meu tio pelo lado paterno), que era casado com Cotinha (uma das
filhas de Antoninha Pereira, que, por sua vez, era filha de João Argolão, meu
bisavô pelo lado materno).<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Antoninha vendeu a sua propriedade em Cachoeira dos
Pereiras e comprou um Sítio na cabeceira de um ribeirãozinho localizado próximo
a um Arraial denominado como São João do Norte, pertencente ao Município de
Divino de Carangola. E Antoninha Pereira levou também tio João de Souza (seu
genro) com a família. O lugar era um alto de serra, aonde no topo a vista
alcançava a distância de cinco a seis léguas, o que equivale a uma medida de
trinta a trinta e seis quilômetros, mais ou menos. Nessa época, eu tinha treze
anos, e fiz a marcha (nupcial) a pé, acompanhando o noivo, por nome Antônio
Ferreira, um rapaz ainda moço, que era empregado de tio Luizinho Pereira. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Naquele tempo, em dia de casamento, havia o costume
de acompanhar os cortejos a pé, ou a cavalo, desde as respectivas residências
dos noivos até o local do casamento. Assim, sempre havia dois cortejos, um do
noivo, com seus amigos e familiares, e outro, da noiva, da mesma forma. Nesse dia,
eu acompanhava a caminhada do cortejo do casamento do noivo Antônio Ferreira.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Nesse dia, havia uma missa na Fazenda de Candinho de
Souza, que ficava entre a casa de tio Luizinho Pereira e a casa de tio João de
Souza, e, assim, combinaram para ser realizado o casamento na Fazenda de Candinho
de Souza. Ali, seria o encontro dos noivos. O tio Luizinho Pereira morava bem
retirado de nossa casa, mas, o cortejo do noivo tinha que passar perto de nossa
casa, pois em nossa casa reuniram-se as pessoas que iam acompanhar o noivo. E o
tio Déco estava também esperando o cortejo do noivo em nossa casa.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Assim que o noivo apontou no alto do morro com seu
acompanhamento, nós saímos de nossa casa e encontramos com eles logo à frente.
Da Cachoeira dos Pereiras até a Fazenda do Candinho de Souza, deveria ter uns
vinte quilômetros mais ou menos. O tio Déco, muito animado, não deixava de
gritar, sempre naquela brincadeira, até chegar à Fazenda de Candinho. Chegamos
na Fazenda de Candinho de Souza, e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Gerardina</i>
e seu acompanhamento já estavam lá, vindos de uma distância de uns vinte
quilômetros mais ou menos. A missa foi rezada às dez horas e, assim que o padre
terminou a missa, fez o casamento dos noivos Antônio Ferreira (que era
conhecido por Antônio Saturnino, nome que foi herdado de seu pai) e Geraldina
Alves de Souza.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">D</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ali, da Fazenda do Candinho
de Souza, depois da cerimônia do casamento, nós saímos e fomos para a Serra de
São João do Norte, aonde era a residência de tio João de Souza. O mais
importante dessa história toda é sobre tio Raimundo (o Déco), que não parou de
gritar, sempre animado, caminhando a pé, caçoando com um e com outro. De vez em
quando, ao longo da caminhada, no meio daquela algazarra toda, ele dava uns
gritos. Nisso, nós passamos pela ponte de tábua, que ficava dentro da Fazenda
de Pedro Neto. A ponte de tábua passava por cima de um ribeirãozinho d’água,
que vinha da cabeceira de São João do Norte até a casa de tio João de Souza. A
começar da ponte de tábua, até a casa de tio João, deve ter uns doze
quilômetros, mais ou menos. Nesse trajeto todo, o tio Déco não parou de gritar.
A alegria era tão grande, que parecia que o meu tio estava fora de si. Até
hoje, eu me recordo como ele gritava. Fazendo gestos de muita euforia, ele
gritava: “– Bota taquara no fogo João de Souza”. Caminhando e gritando até
entrar adentro da casa do tio João. A metade desse trecho é subida de serra,
muito íngreme, e, mesmo assim, ele não parou de gritar. Eu quase não aguentei
de cansaço e dor nas pernas, pois foi pela primeira vez, que eu fazia uma
viagem, tão longe, a pé.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> casa do tio João de Souza
era de estuque, mas, bem grande. Apesar da comemoração nupcial ter acontecido
em um alto de serra, em um lugar ermo afastado de tudo, foi uma festa de muita
gente. O povo já estava acostumado a subir serra, principalmente sabendo que
haveria baile durante a noite.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Meu t</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">io Déco Pereira não era <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> ser um homem alegre, pelo o que
aconteceu com ele quando ainda era bem moço. Ele já estava casado quando
aconteceu, com ele, um acidente. Sempre que ele ia à missa, na Igreja do Divino
do Carangola, quando voltava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> casa,
trazia rosca seca para os filhos que ficavam em casa com a tia Antoninha. Ele
chegou até a padaria de um outro João de Souza, que era conhecido como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">João Padeiro</i>, na Rua Nova, quase na
saída do Arraial, e quando chegou na padaria, o caixeiro, um menino chamado
José, que tinha o apelido de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Zé</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chica</i>, estava com uma arma-de-fogo na
mão.<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>Nisto, quando ele chegou, o
garoto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tava</i> brincando com a garrucha
na mão, e puxando o gatilho. Havia uma bala que ainda não tinha sido detonada,
e a garrucha disparou. A bala veio alojar na virilha de uma das pernas de tio
Déco. A bala encruou, e tio Déco foi examinado por médico, que dizia que a bala
encostara-se a um nervo, e que não podia tirar, porque poderia correr o risco
de tio Déco não aguentar, e ele podia até morrer, porque o lugar do machucado
era sensível, era perigoso tirar a bala.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Naquela época, a medicina era muito atrasada, ainda
não havia operações, e, por uma coisa simples, a pessoa morria, isto porque os
médicos tinham medo de cortar na carne humana, e também não havia anestesia,
não havia Lei de indenização. O tio Déco ficou puxando de uma das pernas, e,
toda volta de lua, ele sofria com aquela bala encravada na virilha de uma das
pernas. Mas, mesmo assim, ele não deixava de ser um homem alegre, animado,
trabalhando sempre do mesmo jeito de sempre. Tio Déco Pereira não teve vida longa;
talvez por causa desse acidente. Aos quarenta anos, ele faleceu.<o:p></o:p></span></div>
<br />
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-11909668234975232672013-04-09T08:02:00.004-03:002013-04-09T23:33:13.213-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: UMA JAGUATIRICA NO TERREIRO DA CASA DO JOÃO MARTINS SOBRINHO<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: UMA JAGUATIRICA NO TERREIRO
DA CASA DO JOÃO MARTINS SOBRINHO<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4jpTjTwiLpBfzDxj5_xazZkBpbc-bP8sZyDEcOxw2v_p8NNYHjcSPFzzpj-P4nNcYfNZWhoLHqQAG7fVyo0yKVHPesEvFU_sb_6f2bFY0aOZt3pWG6gyCEsFwF7KTil3aYf8JZnojmqPz/s1600/Jaguatirica+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="472" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4jpTjTwiLpBfzDxj5_xazZkBpbc-bP8sZyDEcOxw2v_p8NNYHjcSPFzzpj-P4nNcYfNZWhoLHqQAG7fVyo0yKVHPesEvFU_sb_6f2bFY0aOZt3pWG6gyCEsFwF7KTil3aYf8JZnojmqPz/s640/Jaguatirica+3.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">utra história idêntica a
anterior: Passados muitos anos, eu conheci um filho de Juca Martins por nome
João Martins Sobrinho (esse João Martins, a Neuza, minha filha, conheceu já bem
velhinho, pois o João Martins era tio-avô dela pelo lado da Joana). Esse João
Martins, ainda rapaz novo, morava na Fazenda Fortaleza, propriedade de Álvaro
Lourenço, uma imensa Fazenda que, na época, fazia parte do Município de
Carangola, Minas Gerais, mas hoje em dia pertence ao Município de Divino.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dizia João Martins que tinha um bicho pegando
galinha no poleiro, que ficava no terreiro de sua casa. Todas as noites, ele
acordava com os gritos das galinhas, e ele abria a porta, verificava o poleiro,
olhava por todos os lados, e não via nada do que ele pensava ser. E assim
continuou, por vários dias, aquela perturbação de todas as noites. Parecia que
tinha hora marcada. Das onze à meia-noite, era a hora que o bicho vinha para
pegar galinha no poleiro.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Como ele já <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tava</i>
chateado com aquela perturbação de todas as noites, resolveu perder uma noite
de sono, e pensando consigo: “– Hoje eu hei de descobrir o que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tá</i> acontecendo com estas galinhas!”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Ele ficou de tocaia, esperando a hora perturbadora
chegar. E, quando a noite chegou, ele notou que era um bicho que ia subindo
acima do poleiro, e, quando as galinhas voaram gritando, ele se aproximou do
poleiro, com a espingarda engatilhada, esperando o bicho descer. O bicho veio
descendo com a galinha na boca. Ele esperou o bicho chegar mais perto, para dar
o tiro certeiro, mas isto não aconteceu, pois a espingarda falhou. E o bicho,
vendo-se apertado, enfrentou o João Martins, arreganhando os dentes <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> ele dar passagem, porque ele <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tava</i> rente com o tronco da árvore.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E então, João Martins, atracou-se com o bicho,
segurando-o pelo pescoço, e foi apertando, apertando, até o bicho não se mexer
mais. Ele dizia que ficou com os braços ensanguentados, mas matou o bicho com
as mãos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Depois, ele foi verificar qual era a qualidade do
bicho. Era uma jaguatirica bem maior que uma gata caseira que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tava</i> consumindo as suas galinhas, e
perturbando a suas noites de sono. Para quem trabalhava na roça o dia todo,
como trabalhava o João Martins Sobrinho, o relógio era o sol. Assim que
amanhecia o dia, ele já estava com sua enxada na mão, e quando chegava a noite,
ele precisava descansar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E, assim, João Martins Sobrinho (já falecido), tio
de minha esposa Joana por parte de pai (irmão do meu já falecido sogro Emiliano
Martins), daquele dia em diante pode dormir sossegado, mesmo fazendo curativos
em seus braços, pois o bicho o arranhou bastante.<o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-26779955766535777882013-04-08T08:05:00.004-03:002013-04-08T08:09:33.950-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: JOÃO MARTINS E A GLORIOSA CAÇADA<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></span><br />
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: JOÃO MARTINS E A GLORIOSA
CAÇADA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBtRJ4jH7_HgkMqZnnIzubekMxrJ3WYRhtXApyhofzFn1lbpNmUigP4J5ai_oGPSjZGexK42kN_u616mIzqrDE8srJuLJL2ehkKXXYIphEAmRSoJkGRPNDlhpLQM1bSCpSW8YCgbj6uSYr/s1600/Anta+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBtRJ4jH7_HgkMqZnnIzubekMxrJ3WYRhtXApyhofzFn1lbpNmUigP4J5ai_oGPSjZGexK42kN_u616mIzqrDE8srJuLJL2ehkKXXYIphEAmRSoJkGRPNDlhpLQM1bSCpSW8YCgbj6uSYr/s640/Anta+2.jpg" width="425" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">P</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">assamos a falar sobre
caçadas de bichos do mato: Juca (José) Martins e seu irmão João Martins saíram
da Fazenda Maranhão, uma propriedade de Juca Martins, e foram os dois até a
Fazenda Cachoeira, propriedade de João Argolão. Não era um passeio de cortesia,
era somente para se divertirem com caçada de bichos do mato.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A Fazenda Maranhão do fazendeiro Juca Martins localizava-se
no Município de Carangola, distante (bem longe!) da Fazenda Cachoeira uns
quarenta e cinco quilômetros mais ou menos. Era uma viagem de quase um dia.
Mas, eles tinham bons animais de sela, e tinham, também, animais de carga. Para
fazerem essa viagem, eles levaram um empregado (para cuidar dos animais) e um
burro de carga carregado com mantimento e caixa de cozinha (que era para fazer comida
em caso de emergência).<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Era um costume, do povo daquela época, quando fazia
uma viagem por mais de um dia, levar um ou dois burros de carga, carregados com
mantimento, conforme o número de gente que houvesse na comitiva. Mas, Juca
Martins e seu irmão levaram, também, cachorros-caçadores de anta e de outros
bichos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Chegaram então à Fazenda Cachoeira, e foram bem
recebidos por João Argolão e sua família. Soltaram os animais e foram até a
barra da cachoeira. Ali, tomaram um banho, trocaram de roupas, e voltaram para
o jantar. Sinhá Antoninha, a esposa de João Argolão, já estava com a janta
preparada. Naquele tempo, não se usava mesa nas Fazendas da Zona da Mata
Mineira. Os fogões eram muito grandes e, assim, sobrava lugar para depositar as
panelas, e cada pessoa se servia a seu gosto, à vontade. A cozinha de Sinhá
Antoninha Mulata, minha bisavó, era muito grande, e, encostados na parede,
havia bancos de madeira, compridos, para as visitas se sentarem. João Argolão
chamou Juca Martins e seu irmão João Martins, também o empregado de Juca
Martins, e mais alguns que estavam na sala, e todos entraram na cozinha de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sá</i> Antoninha. E João Argolão disse: “–
Acá é no fogão mesmo! Cada um vai se servindo à vontade”. E todos se serviram à
vontade, conforme o costume da roça.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Depois, voltaram para a sala e conversaram até tarde
da noite. O assunto dos fazendeiros ali reunidos era só as caçadas de bichos do
mato. E combinaram em ir até a um lugar chamado Bom Jesus da Samambaia para
fazerem uma caçada de anta ou outros bichos. Eles tinham cachorro ensinado para
caçar qualquer qualidade de bichos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ssim que amanheceu o dia,
tomaram café, fizeram um lanche reforçado, trataram bem dos cachorros, e
seguiram para o lugar chamado Samambaia. Passaram pela Fazenda de Ernesto Gomes
(que era também caçador), reuniram-se com os Martins Vianas (que eram também
caçadores), e formaram um grande grupo de caçadores, e foram até Samambaia.
Naquela época, Samambaia tinha poucos moradores, e quase todos os fazendeiros
de porte, morando longe uns dos outros. O resto todo era mata virgem, com bicho
de toda espécie, e os caçadores podiam caçar à vontade, sem proibição de
ninguém.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Em Samambaia, eles fizeram muitas caçadas durante
dois dias. Eles matavam os bichos, traziam para o acampamento, e, ali, eles
preparavam os bichos; salgavam e punham dentro dos balaios, para trazer <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> casa.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">N</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">esse intervalo, além de
acamparem em Samambaia, eles fizeram mais dois outros acampamentos: um em Bom
Jesus da Samambaia (um lugar perto do Arraial da Samambaia), e o outro, em
lugar por nome <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lubrina</i> [Neblina], aonde
tinha uma represa de água que era denominada <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tanque do Boiadeiro</i>, porque tinha morrido um homem boiadeiro
afogado naquela represa. <span style="mso-tab-count: 3;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">E</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">m Bom Jesus da Samambaia,
eles ficaram caçando também dois dias. Mataram muitos bichos, fazendo o mesmo
processo anterior, preparando os bichos, tudo muito bem, salgando e depositando-os
dentro dos balaios.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dali, da Samambaia, eles foram até a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lubrina</i> e acamparam perto do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tanque do Boiadeiro</i>, e soltaram os
cachorros, e ficaram esperando, perto do acampamento.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E não levou muito tempo, os cachorros jogaram uma
anta dentro da represa. A anta encostou aonde ela pode resguardar as costas, e
passou a enfrentar os cachorros, qualquer um que se aproximasse dela. E os
caçadores não podiam atirar, pois corria o risco de pegar chumbo em algum
cachorro. E, assim, o bicho estava levando vantagem sobre os cachorros. E, em
um tal momento, um dos cachorros, um mais aventureiro, aproximou do bicho, e
agarrou no bicho, e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tava</i> naquela
luta, e o cachorro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tava</i> levando
desvantagem, pois a anta era muito mais forte que os cachorros, e tem uma
tromba quase igual tromba de elefante, e pegou o cachorro mais aventureiro que
tinha se atracado com ela. E João Martins, irmão de Juca Martins, avançou para
cima da anta, com um facão na mão, e montou em cima da anta, dando com o facão
na cabeça da anta até ela não se mexer mais. E, assim, eles voltaram até a
Fazenda Cachoeira com o burro carregado de carne de bichos do mato. Fizeram uma
grande festa, porque a caçada teve grande êxito.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Esta história foi contada por muitos do lugar,
durante muitos anos, porque um homem arriscando sua própria vida, para salvar
um cachorro de estimação das garras de um bicho feroz, é um acontecimento que
se deve glorificar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-24166638644267712072013-04-07T07:31:00.004-03:002013-04-07T07:31:46.136-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: UM PASSEIO NO SÍTIO DO MIGUEL PEREIRA
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: UM PASSEIO NO SÍTIO DO MIGUEL
PEREIRA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_qpgQMDZsEl1SENqM3BNAU47-iyeavaQsL8hrjxrCrRjet1Ma_Qs4HemVuaEHwS5lyF8iRfKdeNHGOd4BjXFlYxwxC4RDY6sE8XL502oDOxyDYdhrg7BlbgJAAXYa1feU845A9-5r3jry/s1600/Paisagem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="542" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_qpgQMDZsEl1SENqM3BNAU47-iyeavaQsL8hrjxrCrRjet1Ma_Qs4HemVuaEHwS5lyF8iRfKdeNHGOd4BjXFlYxwxC4RDY6sE8XL502oDOxyDYdhrg7BlbgJAAXYa1feU845A9-5r3jry/s640/Paisagem.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">P</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">assemos novamente às
recordações referentes aos casos relacionados à Fazenda de meu bisavô João
Pereira da Cunha, o sinhô português conhecido pela alcunha de João Barba de
Argolão, na Cachoeira dos Pereiras. Eu ainda recordo de um Sítio, que foi dado
por ele como herança a Miguel Pereira, que não só herdou a terra como também
herdou o sobrenome de João Argolão. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Miguel Pereira era um escravo muito estimado pela
família de João Argolão. Eu não conheci Miguel, pois, quando eu nasci, ele já
era falecido. Mas ainda existiam alguns descendentes de Miguel, que eu recordo
deles, como, por exemplo, a Margarida, mãe de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ozébio</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">China</i>.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Nessa época do acontecido que vou narrar, Euzébio já
era casado com Redosina, ainda, recém-casados. Havia outros descendentes de
Miguel que, no momento, eu não me recordo dos nomes. Isto se passou na década
de 1910 a 1920.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Na época em que eu conheci esse Sítio, eu era ainda
bem menino (nasci em 18 de fevereiro de 1910), com cinco ou seis anos de idade
mais ou menos. Recordo-me que, um dia, meu irmão Olavo e tio Camilo (os dois
ainda eram solteiros), e mais dois rapazes (que trabalhavam para meu pai),
reuniram-se, os quatro, e disseram: “– Vamos lá no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Miguel</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pereira</i>”, se bem
que Miguel Pereira já era falecido. O interessante é que o nome do preto Miguel
ficou naquele Sítio, que era conhecido por todos como Sítio do Miguel Pereira.
E quando eles já iam saindo, eu disse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
meu irmão Olavo: “– Eu também quero ir aonde <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocês vai</i>.” E aí, meu irmão Olavo e tio Camilo diziam: “– Menino não
pode ir aonde <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nóis vai</i>!” Eu comecei a
chorar e dizia: “– Eu também quero ir!” E, nesse momento, minha mãe chegou e
disse: “– Por que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocês </i>não <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quer</i> levar o menino? Ele também gosta de
passear!” E meu irmão disse: “– Então, vamos!” Eu saí todo contente, mas eles,
não. O meu tio Camilo não gostou nada da minha companhia, e ia sempre dizendo:
“– A comadre Antoninha não devia deixar o menino sair com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">rapaz</i>, principalmente aonde <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nóis</i>
vamos!” E começaram a fazer-me recomendação, dizendo: “– O que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê vê</i> lá, aonde <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nóis</i> vamos, não vai dizer em casa!” E meu irmão Olavo, também
chateado com minha presença, falava até em me bater, se eu dissesse em casa
alguma coisa. E, assim, nós fomos, até chegar ao Sítio do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Miguel Pereira</i>.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Sede, onde fora a
residência de Miguel Pereira, era uma casa bem grande e que ainda estava em bom
estado de conservação. Havia mais três casas menores, e, em uma delas, morava
Margarida, com a filha China. Em outra casa, moravam Euzébio e Redosina, ainda
no início da vida conjugal. Na Sede, onde fora a residência de Miguel Pereira, ali
morava um grupo de mulheres sem maridos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eu, de minha parte, ainda criança, não vi nada
demais sobre o procedimento delas com o tio Camilo, meu irmão Olavo e os outros
dois rapazes; mais, era uma brincadeira de jogar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mamucha</i> de laranja uns nos outros. E eu, por ser ainda menino, não
entrava na brincadeira deles. Mas, eu ficava curioso, observando aquela
brincadeira, que eu achava tão engraçada.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Na volta, eles me recomendavam e diziam: “– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ocê</i> não vai contar em casa o que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> viu. Sim?” Eu não dizia nada, ficava
calado. Mas, sempre pensando sobre aquela brincadeira deles, com aquelas
mulheres desconhecidas que eu vi pela primeira vez.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E lá, em casa, numa certa hora, eu lembrei-me
daquele momento tão importante, que eu vivi naquele dia de Domingo, aquele dia
em que, pela primeira vez, fiz um passeio sem minha mãe e minhas irmãs. E sem
pensar na recomendação que me fizeram, ao voltar daquele passeio, na hora em
que estávamos todos na cozinha conversando, lembrei-me da brincadeira e disse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> tio Camilo e meu irmão Olavo: “– Eu
achei tão engraçado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocês</i> jogando
mamucha naquelas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">muié</i> e elas jogando
mamucha <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nocês</i>”. O tio Camilo saiu da
cozinha e foi <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> sala. E minha mãe
disse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> meu irmão Olavo: “– Aaah! É
por isso que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> não queria levar ele
junto com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocês</i><span style="mso-bidi-font-style: italic;">”</span>. E meu irmão descartando que não era nada daquilo que eu
dissera, que era na casa de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ozébio</i> e
de Margarida, e ficou por isso, na hora. Mas, depois que passou aquele momento,
ele me disse: “– Nunca mais eu levo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i>
em lugar nenhum”. E, daquele dia em diante, eles saíam escondidos de mim.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Sítio, que Miguel Pereira
deixou de herança <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> seus
descendentes, tinha não só frutas de várias qualidades, como também lavoura de
café. Esse Sítio, naquela época, ficava entre a estrada de rodagem, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> quem desce do Alto-Carangola para o
Divino de Carangola, como era naquele tempo. O Sítio ficava na região do
Alto-Carangola, fazendo divisa com os dois distritos (Alto-Carangola e Divino
do Carangola). Essa estrada tinha o nome de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estrada
dos Ferreiras</i>, porque passava entre a [dentro da] Fazenda de Antônio Ferreira,
pai de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Totony</i> Ferreira. Pai e filho
já são falecidos, mas os filhos e netos de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Totony
</i>Ferreira, que são seus herdeiros, ainda moram lá.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Estrada Rio-Bahia (Estrada
BR-116), construída não faz muitos anos, passa na barra desse Sítio que, hoje
em dia [anos 80], pertence ao meu parente Domício Alves, que o comprou. Domício
comprou não só esse Sítio, como também comprou uma grande quantidade de
alqueires de terra dos herdeiros do Capitão Chico Victor. As terras do Capitão
Chico Victor faziam divisa com o Sítio de Marcolino de Sousa (meu tio), que
também vendeu o seu Sítio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> Domício
Alves. Domício Alves juntou os Sítios, formando uma imensa Fazenda, com pastos
e uma grande criação de gado bovino e vacas leiteiras.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-85037709747756781132013-04-06T18:18:00.003-03:002013-04-06T18:29:12.809-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: JOÃO ARGOLÃO E A GUERRA DO BRASIL-IMPÉRIO CONTRA O PARAGUAI<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: JOÃO ARGOLÃO E A GUERRA DO
BRASIL-IMPÉRIO CONTRA O PARAGUAI<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;"></span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPHD3k52AzduJHhlLcSUi-w24zc5yF3EDlTeTNGmjaJRiXWw_WWkDIXzdOhfA0CsrbqYZ6pEgiKiJ4ZABYWu6buiPEc1WCgi5frS-_XPFnhFTIwMgveJNl7wzEVY-PImFwy5fSE-NocIe5/s1600/Guerra+do+Paraguai-+Fuga+das+Familias+-+1867.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="478" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPHD3k52AzduJHhlLcSUi-w24zc5yF3EDlTeTNGmjaJRiXWw_WWkDIXzdOhfA0CsrbqYZ6pEgiKiJ4ZABYWu6buiPEc1WCgi5frS-_XPFnhFTIwMgveJNl7wzEVY-PImFwy5fSE-NocIe5/s640/Guerra+do+Paraguai-+Fuga+das+Familias+-+1867.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">P</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">assamos, agora, para um
outro caso sobre João Pereira da Cunha, o João Argolão, meu bisavô. Diziam que,
poucos anos depois que João Argolão veio da região de Ponte Nova para Cachoeira
dos Pereiras (uma extensão de terra localizada em Divino do Carangola), houve
uma guerra, que foi denominada como Guerra do Paraguai. Nessa época, os filhos
de João Argolão já estavam rapazes.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Como o Império do Brasil, naquele tempo, não tinha
um exército militar para lutar contra os inimigos, era preciso que todos os
brasileiros se reunissem em defesa da Pátria. A guerra durou sete anos e, já
quase no final, era preciso caçar gente, até com cachorro, para o combate. Como
naquele tempo o Brasil era ainda uma imensa floresta, o povo se escondia no
mato.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">João Argolão, temendo que os seus filhos fossem
presos para combater na guerra, mandou fazer um rancho em uma encosta, bem
longe da Fazenda, no meio da mata. E mandou os filhos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">praquele</i> rancho. E recomendou que não se fizesse anarquia [barulho],
para não alertar alguém que, por acaso, tivesse cachorro, procurando gente para
o combate. E os filhos, que eram obedientes, ficaram presos ali, quietos,
naquele deserto, quase sem ver a luz do sol.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Todos os dias, um escravo de João Argolão ia levar
comida <i style="mso-bidi-font-style: normal;">praqueles</i> rapazes escondidos.
Naquele deserto, só não era preciso levar água, porque o rancho fora feito na
cabeceira d’água, aonde eles apanhavam água para beber.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A guerra ainda estava acontecendo, quando, um dia,
eles (os filhos de João Argolão) mandaram o escravo, que ia levar a comida <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> eles, falar com o pai, se eles
podiam dormir uma noite em casa, e que, depois, eles voltavam <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pro</i> rancho novamente. João Argolão tomou
opinião com Sinhá Antoninha, sua mulher, se deveria deixar eles dormirem uma noite
em casa. Sinhá Antoninha concordou, pois já estava com saudade dos filhos, pois
já fazia tempo que eles estavam escondidos nas matas, com medo de irem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> guerra. E assim o pedido foi aceito.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O mesmo escravo que trouxe o pedido para o Sinhô
João Argolão deixar os filhos dormirem uma noite em casa, foi o mesmo portador
que levou a notícia, que eles podiam vir. E assim eles vieram dormir em casa.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Sinhá Antoninha já estava esperando os filhos, até
numa meia festa, pois a saudade era muita. Já havia bastante tempo que eles
viviam presos naquele rancho, no meio do mato, quase como se fossem criminosos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Por sorte deles, parecendo até que foi mandado por
Deus, e foi mesmo, pois Sinhá Antoninha era devota e rezava todos os dias,
pedindo a proteção de Deus para seus filhos, justamente naquela noite em que
foram dormir em casa, houve uma tempestade, com chuva e vento muito fortes, e a
ventania arrancou uma árvore, das maiores, e a copa daquela árvore cobriu o
rancho, que ficou arriado no chão. Eles, João Argolão e Sinhá Antoninha,
compreenderam que foi a providência de Deus que salvou os filhos de não
morrerem esmagados debaixo de uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gaiada</i>
de pau. E, daquele dia em diante, não mandaram os filhos se esconder para não
irem à guerra. Compreenderam que, para morrer, não precisa ir à guerra. A morte
está em qualquer lugar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">M</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ais tarde, depois que as
matas foram derrubadas, e também passou a estrada comercial, naquele lugar,
onde os filhos de João Argolão ficaram escondidos, o Tio Bastião Pereira, filho
do Argolão, casou-se e fixou a</span><span style="font-size: 16pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">sua</span><span style="font-size: 16pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">residência. Ele fez uma
grande casa de madeira, daqueles casarões com o pé direito alto, casa de
guieiro coberta de telha canoada, barreada com barro amassado e rebocada com
areia, com duas salas grandes, com dois quartos de frente para a estrada; no
centro tinha outra sala grande e mais dois quartos; e, nos fundos da casa,
tinha uma grande cozinha, com despensa. A casa de Tio Bastião era toda
assoalhada com tábua de cedro; os esteios eram de braúna (madeira que dura mais
de cem anos fincada na terra). Com a morte do pai João Pereira, o Barba de
Argolão, Sebastião recebeu a sua parte da herança, que era exatamente a
extensão de terra onde ele já estava morando.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Meu tio S</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ebastião Pereira e a esposa
Maria Luisa tiveram oito filhos, sendo dois homens e seis mulheres. Nome dos
homens: João e Francisco. Nome das mulheres: Maria, Sebastiana, Virgínia,
Amélia, Regina e Luzia. Esses foram os herdeiros de tio Bastião Pereira e tia
Maria Luisa. Neste momento em que conto esta história (meados dos anos
oitenta), não sei se ainda existem alguns dos filhos vivos, mas sei que os
netos são, até o dia de hoje, os donos da Fazenda. Os netos e os bisnetos de
tio Bastião ainda moram lá.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-4439332749543937982013-04-05T07:19:00.002-03:002013-04-05T07:37:15.260-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ JOAQUIM PEREIRA E O CASO DA CAPIVARA<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></span><br />
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEU AVÔ JOAQUIM PEREIRA E O
CASO DA CAPIVARA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYExBVY2ci6KIM1hmb24Gv9qJrwc25JGcahaq-r5GtuXp48x-_fIZRXybwzJvq9hrIM8WPhCCEH_wB7zG_nYqPks6M9uuAHnckNpDmRC42R0GdLGqZxjNU5xZwj8GuiCoKGEnFGi6MIDV4/s1600/Capivara.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYExBVY2ci6KIM1hmb24Gv9qJrwc25JGcahaq-r5GtuXp48x-_fIZRXybwzJvq9hrIM8WPhCCEH_wB7zG_nYqPks6M9uuAHnckNpDmRC42R0GdLGqZxjNU5xZwj8GuiCoKGEnFGi6MIDV4/s640/Capivara.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">oltando aos casos da família
por parte de mãe, aos casos da família Pereira da Cunha. Dizia minha avó Maria
Brasilina que num certo dia meu avô Joaquim Pereira (que estava em início do
estado de nervos, começando a falar sozinho, já meio demente) saiu de casa e
foi subindo o morro da Cachoeira dos Pereiras dando de braço, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mencionando</i> com a cabeça; de vez em
quando parava e olhava para um lado, olhava para outro lado, e continuou a caminhada,
sempre subindo o morro, até encobrir-se no topo do caminho em direção à cachoeira.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Com o espaço de uma hora, mais ou menos, meu avô Joaquim
Pereira despontou de volta no alto e veio descendo, um pouco apressado, e,
quando chegou, disse para minha avó: “– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sá</i>
Maria, eu matei uma capivara embaixo da cachoeira”. Minha avó Maria Brasilina
disse: “– Como é que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> matou
capivara? <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ocê</i> subiu o morro só, sem
companheiro. Daqui, eu vi até <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i>
virar o morro, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> não levou arma de
fogo. Como é que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> matou capivara, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ômi</i>? Deixa de mentira!” E meu avô
Joaquim disse: “</span><span style="font-family: Symbol; font-size: 14pt; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Vai lá, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vê</i>!
Tá morta mesmo! Eu ia passando e vi a capivara <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quentando</i> sol, lá embaixo da cachoeira. Eu apanhei uma pedra e dei
uma reviravolta com o braço, e joguei a pedra de cima <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> baixo. A pedra foi certinha na cabeça da capivara. E vi quando
ela ficou estrebuchando no chão.” <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Minha avó Maria Brasilina ficou meio confusa, não
querendo acreditar, mas, mesmo assim, mandou um dos filhos para verificar se
era verdade. E quando o filho chegou embaixo da cachoeira, encontrou a capivara
morta com uma brecha na cabeça. Apanhou a capivara e trouxe até a casa. E assim
ficou confirmado que meu avô Joaquim Pereira, já meio demente, havia matado uma
capivara com uma pedra, jogada de uma distância de uns cinquenta metros, mais
ou menos. Esse caso acontecido era contado por todos os meus tios, irmãos de
minha mãe. E minha mãe confirmava que era verdade.<o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-30687524532096994212013-04-04T09:14:00.002-03:002013-04-04T09:18:10.384-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEUS DOIS IRMÃOS RESERVISTAS NA REVOLUÇÃO DE TRINTA E DOIS<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></span><br />
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: MEUS DOIS IRMÃOS RESERVISTAS
NA REVOLUÇÃO DE TRINTA E DOIS<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqOB6tKAP12jpwg4KGVwjfqOLBqM4MJU2sRVJikbzJbYjLOyEFmMLur_Ylqelo7u_8OG1kKYarzgIQaoQ7mpzrFRzQmFjbmmoMb8dUBxcnVIt5x1rnfNhDVad1-1AErjOu1AeHU8WHPEvU/s1600/Revolu%C3%A7%C3%A3o+de+32.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="524" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqOB6tKAP12jpwg4KGVwjfqOLBqM4MJU2sRVJikbzJbYjLOyEFmMLur_Ylqelo7u_8OG1kKYarzgIQaoQ7mpzrFRzQmFjbmmoMb8dUBxcnVIt5x1rnfNhDVad1-1AErjOu1AeHU8WHPEvU/s640/Revolu%C3%A7%C3%A3o+de+32.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Na época desse caso que vou contar, eu já estava com
vinte e dois anos de idade, tendo eu dois irmãos, reservistas, o Álvaro e o
Eurico, os quais foram intimados para comparecerem e fazer parte do Comando
Revolucionário, na revolução de trinta e dois, no governo de Getúlio Vargas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">As estradas da Zona da Mata, em Minas Gerais,
naquela época, eram péssimas, mas, mesmo assim, os caminhões do exército
rodavam com aquelas bandeiras vermelhas, agitadas com o vento, e os homens
fardados gritando feitos loucos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E eles desceram do caminhão, e chegaram até a casa
de meu pai, e perguntaram pelo Álvaro e pelo o Eurico. Meu pai disse: “– O
Álvaro já é casado, é senhor de si. O Eurico, eu posso mandar. Qual o dia?”
Eles disseram: “– Amanhã, manda ele até Carangola, para que ele se apresente ao
Comandante das Forças Revolucionárias”.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eurico iria servir no 10<sup>o</sup> Batalhão, em
Juiz de Fora, pois o dito 10<sup>o</sup> Batalhão fora convocado para manter a
paz em Paraíba do Norte, na ocasião em que o Governador João Pessoa foi
assassinado. O 10<sup>o</sup> Batalhão de Infantaria, no qual o Eurico iria
servir, não chegou na Paraíba, mas, foi até Montes Claros, que fica na divisa
de Minas Gerais com a Paraíba. Em Montes Claros, os soldados ficaram acampados,
esperando ordens para atacar os revoltosos, mas, quando os revoltosos souberam
que o 10<sup>o</sup> Regimento de Infantaria de Juiz de Fora estava pronto para
atacar a Cidade, e que estava também perto, em Montes Claros, a Revolução
terminou. E, assim, o 10<sup>o</sup> Batalhão de Infantaria de Juiz de Fora
voltou, sem ser preciso dar nem um tiro.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Mas, no dia em que os tais
homens foram à casa de meu pai, aquele grupo do caminhão ainda não havia tido
notícia do término da Revolução. Assim, já que fora convocado, o</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> Eurico não se intimidou. No
outro dia, seguinte, ele preparou-se, despediu-se de todos nós, e seguiu até
Carangola. Mas, também, com muita sorte, ao chegar em Carangola, soube que a
revolução tinha terminado.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">No dia em que meu pai havia sido intimado para
mandar o Eurico ao Comando das Forças Revolucionárias, e intimado a procurar o
Álvaro, para também incorporá-lo no Comando da Revolução, eu estava em casa do
compadre Divino, juntamente com muitas outras pessoas que frequentavam a casa
dele, para fazer cabelo ou, alguns, para barbear. Foi aí então que chegou a
notícia, ali na sala do compadre Divino, que tinha uns homens, com um caminhão,
convocando reservistas para a revolução. E disseram também que meus dois irmãos
já estavam presos, para descerem até Carangola, e que, talvez, qualquer um
entre os que ali estavam na casa do compadre, até quem não fosse reservista, estava
sujeito a ser convocado para a luta.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Nesta dita hora, o compadre Divino de Souza
lembrou-se da solapa de pedra da fazenda da mãe dele e disse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> mim: “– Compadre Antônio, você hoje
não vai <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> casa não! Vamos nos
esconder lá no alto da pedra. Lá tem uma solapa bem grande, e nós vamos passar
a noite lá, e ficamos até a guerra acabar”. Eu respondi ao meu cunhado e
compadre: “– Eu não vou! Se os meus irmãos já estão presos, para irem combater,
eu também vou”. Eles me imploraram, para que eu não voltasse para casa, mas, eu
sempre dizendo: “– Se meus irmãos já estão prontos para irem combater, eu
também vou”. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E, assim, eles viram que não adiantava nada
insistirem comigo, mas, resolveram subir o morro. O compadre Divino tinha mais
dois irmãos, que já estavam rapazinhos, mais ou menos dezoito a vinte anos,
tinha também dois vizinhos com, mais ou menos, a mesma idade de seus irmãos, e
reuniram-se, com mais alguns, e subiram o morro, carregando esteira de taboa e
cobertores, até água eles levaram para o morro, bem no alto.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Para chegarem à solapa, eles teriam de passar pelo
mato, que circundava o morro. Eu estava ainda em distância, e olhei para trás,
e vi quando eles estavam subindo o morro. Era uma fila de uns oito a dez, mais
ou menos. E, quando cheguei em casa, não era nada da notícia que tinha chegado
lá em casa do compadre Divino. O Eurico estava debaixo de ordem, o Álvaro ainda
não tinha aparecido, e os homens, os que estiveram lá, já tinham ido embora,
deixando ordem com meu pai para mandar os dois no outro dia.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Mas, eu fiquei preocupado com o compadre Divino, que
tinha ido se esconder naquele alto de serra, aonde tinha tanto perigo, como na
guerra; além de ter onça e outros bichos perigosos, tinha também cobras
venenosas, como jararacuçu, cascavel, e outros perigos, que podia haver contra
eles.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E com esta preocupação, que fiquei, pensando neles,
eu fui no outro dia até a casa do compadre Divino, para saber o que tinha
acontecido. E já encontrei ele em casa, e, com muita graça, ele contava o que
tinha acontecido. Dizia ele, que acamparam debaixo da pedra, e dormiram. Lá,
tantas horas da noite, ele acordou, e esqueceu-se que estava debaixo de uma
pedra, e, pensando que estava em casa, levantou, e bateu com a cabeça na pedra,
quase desmaiando. Passou a mão na cabeça, e notou que tinha um caroço no alto
da cabeça, que, lá em Minas Gerais, eles chamam isto de “um galo”. E, nisso,
ele acordou os outros companheiros e disse: “– Vamos embora para casa! Agente, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> morrer, não é preciso ir para a
guerra, pois eu quase morri, aqui mesmo”. E desceram o morro, ainda com noite. Ele
contava isto até com muita graça.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">C</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">ompadre Divino de Souza era
muito brincalhão, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> ele não tinha
tempo ruim. Comadre Malvina tinha uma cabra de leite, que dava dois litros de
leite por dia. O leite era para a alimentação dos filhos, mas sempre sobrava
leite e ela fazia café com leite. Enchia um bule bem grande de café com leite,
punha em cima da mesa, e um prato cheio de bolo de fubá de milho. Compadre
Divino, sempre naquela brincadeira, dizia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
mim: “– Não tem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cerimonha</i>!” E
enquanto tivesse café com leite no bule e bolo no prato, ele dizia: “– Não é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> sobrar nada!” E sempre sorrindo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Mas não teve a felicidade de viver ao lado da mulher
amada por muitos anos. Comadre Malvina, minha irmã mais velha, faleceu aos
quarenta e dois anos de idade, deixando o Compadre Divino com dez filhos, sendo
que o filho mais velho já estava casado. O segundo filho já estava rapaz, e
tinha uma menina moça e mais sete filhos menores. Ele se viu obrigado a tornar
a se casar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Bem perto de sua casa morava um senhor que era pai
de muitos filhos, muito amigo do Compadre Divino, e vendo que a vida do
Compadre era muito sacrificada, pois eram muitas crianças <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> ele olhar sozinho, sem uma companheira. E os dois entraram em
acordo. Compadre Divino casava com a filha mais velha, e o filho mais velho
desse vizinho casava com a filha do Compadre Divino. E assim Compadre Divino
casou a filha com o filho do vizinho, e o vizinho casou a filha com o Compadre
Divino.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span>Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-14266689186171961472013-04-03T09:04:00.003-03:002013-04-03T09:11:22.012-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O CASAMENTO DE MEU IRMÃO OLAVO<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O CASAMENTO DE MEU IRMÃO
OLAVO<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCf2Db2ofnkEgrUC_JWERYRxw_1kCsmMY-rZDHNMfSfpZ4LsBZ63-RGCNhJ5OMmAqXJIhpXB1176SokUaAyegBernf-pwQV273V7HhrFjYcbqWssI6KYWDSTbxDuQW9F7scKaMPbsjFpZB/s1600/Fran%C3%A7a+S%C3%A9culo+XV+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCf2Db2ofnkEgrUC_JWERYRxw_1kCsmMY-rZDHNMfSfpZ4LsBZ63-RGCNhJ5OMmAqXJIhpXB1176SokUaAyegBernf-pwQV273V7HhrFjYcbqWssI6KYWDSTbxDuQW9F7scKaMPbsjFpZB/s640/Fran%C3%A7a+S%C3%A9culo+XV+4.jpg" width="548" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">oltando à história de minha
família Souza Costa. Em mil novecentos e vinte, o meu irmão mais velho, por
nome Olavo de Souza Costa, casava-se com Luzia, uma neta de Antônio de Souza Moreira
(o primo rico de meu avô paterno José Antônio de Souza Moreira). <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dona Francisca Lopes, mãe de Luzia, que tinha o
apelido de dona Chiquinha, era viúva de Pedro de Souza Moreira. Foi uma bela
festa o casamento de meu irmão Olavo, pois dona Chiquinha era fazendeira, e
rica. Pois não havia muito tempo que Pedro de Souza Moreira tinha morrido e
deixado uma bela Fazenda <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> viúva e
os filhos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O casamento de meu irmão Olavo foi realizado na casa
da noiva. O padre e o escrivão saíram do Divino de Carangola com uma comitiva
de amigos de dona Chiquinha e de seus filhos em direção à fazenda de Dona
Chiquinha.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Em casa de meu pai, antes da cerimônia do casamento,
também houve uma festinha em homenagem aos noivos. Os convidados reuniram-se na
casa de meu pai, que ofereceu um almoço para todos os que vieram, dali dos
arredores, para fazer o acompanhamento dos noivos até a Fazenda de dona
Chiquinha.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Recordo-me como foi o acompanhamento, apesar de
minha pouca idade, pois na época eu tinha dez anos. A distância até à Fazenda
de dona Chiquinha, não muito longe, era de apenas seis quilômetros para
caminhar a pé. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Como meu irmão Olavo, já com vinte anos de idade,
ainda trabalhava sob a responsabilidade de meu pai, meu pai comprou tudo o que
foi preciso para o casamento.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Assim, nós descemos da Fazenda Cachoeira dos
Pereiras, nosso lar, margeando o rio Carangola até à Fazenda de dona Chiquinha.
Meu pai tinha comprado muito foguete, para festejar o casamento de seu filho
mais velho, e entregou tudo ao tio Marcolino, que era fanático em soltar
foguete. Nós ainda não tínhamos caminhado nem três quilômetros e tio Marcolino
já estava soltando foguete. E, de lá da Fazenda de dona Chiquinha,
correspondiam da mesma forma. Tio Marcolino soltava um foguete, de lá soltavam
outro.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Abaixo da Fazenda de dona Chiquinha Lopes havia uma
ponte para atravessar o rio Carangola. E passamos em frente à Fazenda, com o
acompanhamento, uns gritando de um lado, outros gritando do outro lado do rio.
E foguetes se encontrando no ar. Fizemos a volta pela ponte, e fomos, até
chegar ao terreiro da Fazenda, com os foguetes se cruzando no ar. O padre e o
escrivão já estavam esperando para a realização do casamento.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Após o término do casamento, os noivos receberam os
cumprimentos dos convidados. Algumas mulheres e moças passavam sal na boca dos
rapazes e moças e diziam: “– É <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> não aguar!” Era uma brincadeira de
muita alegria.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Depois dessa brincadeira, foi servido o jantar. Uma
grande mesa fincada no terreiro, com dez metros mais ou menos de comprimento
por um metro e meio de largura. As serventes lotaram a mesa, de canto a canto,
de saborosas comidas. E o povo, que não era pouca gente, comeu até se fartar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Houve também o baile, que durou a noite toda, até o
dia amanhecer. Dona Chiquinha Lopes já tinha três filhas e um filho casados, e,
com o casamento de Luzia, ficaram sendo quatro filhas e um filho casados. Mas
ainda tinha dois filhos, rapazes solteiros, e uma moça já na idade de se casar.
E tinha também dois meninos de pouca idade, menores.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Com esta união, da família Souza Costa com a família
Souza Moreira, formou-se uma grande consideração entre as duas famílias. Uma
das minhas irmãs, por nome Malvina, começou um namoro com um dos filhos de dona
Chiquinha, por nome Divino de Souza. Esse namoro de minha irmã, eu não sei o
porquê, durou seis anos, até ser realizado o casamento. Mas, finalmente,
realizou-se, pois Malvina já estava com dezoito anos e Divino com vinte e seis
quando se casaram.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Meu pai fez uma grande festa para o casamento de
Malvina com o Divino de Souza, tal e qual a que houve na Fazenda de dona
Chiquinha Lopes, quando do casamento de Olavo com Luzia. Só que o casamento de
Malvina não foi realizado em casa, mas sim na Igreja, em Divino de Carangola. O
acompanhamento foi grandioso. Todos foram a cavalo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eu já estava com dezesseis anos de idade e tinha um
cavalo muito bom, assim, fui um dos que acompanharam minha irmã Malvina até à
Igreja. E fui eu que carreguei o baú com os vestimentos da noiva.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Naquela época, casava-se primeiramente no eclesiástico,
depois é que se ia casar no civil. Saímos da Igreja e fomos para o Cartório,
que era na Praça. Quando terminou o casamento no Cartório, fomos apanhar os
animais para voltarmos para nossa casa, que, nesse dia, já estava repleta de
gente, pois meu pai havia convidado toda a vizinhança, e todos compareceram em
massa.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Meu cunhado Divino de Souza também tinha os seus
convidados. A nossa casa encheu-se de gente, que não cabia dentro de casa. Na
frente da casa tinha um grande terreiro, que ficou lotado de gente. Meu pai fez
um gasto grande, de muita comida e doce. Todos comeram à vontade, e ainda
sobrou tanto, principalmente, doce, que, quatro semanas depois, ainda tinha
doce na dispensa de nossa casa, que até chegou a criar mofo dentro da lata.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Para todas as minhas irmãs que casaram, meu pai Zeca
de Souza fez festa, mas, a festa do casamento de Malvina foi a maior de todas. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Os dois primeiros filhos de Malvina eram homens, e
pela grande amizade entre mim e Divino de Souza, logo que nasceu o primeiro
filho, pediram-me para eu escolher o nome do menino, o que fiz com o maior
prazer. Logo veio o segundo e aconteceu a mesma coisa. Fui eu que escolhi o
nome. E não ficou só nisso. Eu fui também o padrinho. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Depois que passamos a ser compadres, aumentou mais a
nossa amizade. Dificilmente, eu passava duas semanas sem ir até a casa de
compadre Divino e comadre Malvina. Aquela harmonia entre o casal deixava a
todos sensibilizados. E, também, eles faziam tanto agrado a gente, que o
domingo passava sem que se percebesse o dia passar, e, quando voltava para
casa, já era noite.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Compadre Divino era também um bom barbeiro na roça.
Tinha também uma grande freguesia de corte de cabelo. Era só aos sábados e
domingos que ele cortava cabelo, e fazia também algumas barbas. Os outros cinco
dias da semana, ele trabalhava na roça. Ele ainda tinha a herança deixada pelo
pai Pedro de Souza Moreira, as terras aonde ele fazia as plantações de cereais.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A Fazenda, que Pedro de Souza Moreira deixou de
herança para a esposa dona Chiquinha Lopes e os filhos, quase não tinha terreno
baixo. Era um terreno de altos e baixos, sendo que embaixo passava o rio
Carangola, e em cima era uma montanha. A Fazenda ficava abaixo da montanha e,
para chegar até ao alto da montanha, tinha que subir muito. E, nessa montanha,
havia uma solapa, espécie de um salão, que podia até esconder gente, se fosse
preciso. Ali, debaixo da solapa, era seco, não nascia mato. E essa solapa na
fazenda de dona Chiquinha foi o lugar onde aconteceu um caso interessante que
quero contar.<o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-61394933290222907282013-04-02T07:43:00.001-03:002013-04-02T07:46:14.585-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A REVOLTA DOS TURCOS CONTRA HORÁCIO MUNHECA<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;"><br />A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A REVOLTA DOS TURCOS CONTRA
HORÁCIO MUNHECA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;"></span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimTvBjOpgr_xD9DEObAT6KajyUpZBe1BpXDh-cJES9spVozb_hJd94LhOMF9k7oCGGaZ7HGgwdymGRCFk35M61HMPB6aYnWqKBQXFCFd7AplwMtxBO_jRQ1xQlJ6_4vHs6r15onkiH035r/s1600/Idade+M%C3%A9dia+22.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimTvBjOpgr_xD9DEObAT6KajyUpZBe1BpXDh-cJES9spVozb_hJd94LhOMF9k7oCGGaZ7HGgwdymGRCFk35M61HMPB6aYnWqKBQXFCFd7AplwMtxBO_jRQ1xQlJ6_4vHs6r15onkiH035r/s640/Idade+M%C3%A9dia+22.jpg" width="448" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">No início deste século XX, houve no Distrito de
Divino de Carangola, que hoje em dia é Município, uma revolta de turcos contra
brasileiros divinenses. Eu ainda era bem menino quando se ouviu falar e
comentar sobre essa revolta dos turcos no Divino de Carangola.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Naquela época, existia lá um homem por nome Horácio,
que tinha o apelido de Horácio Munheca, porque tinha uma das mãos cortada por
um acidente de estampido de uma bomba caseira. Esse Horácio Munheca era um dos
homens mais valentes entre aqueles que existiram na Zona da Mata de Minas
Gerais naquela época. Eu não sei o porquê da encrenca dos turcos comerciantes
contra o Horácio Munheca, mas, o dito de todos aqueles que falavam sobre a
revolta era que o Horácio Munheca não pagava o que comprava fiado. E os turcos tinham
Casa de Negócio e vendiam fiado, mas eram exigentes na hora de receber. Os
turcos eram muitos, e todos viviam como em uma irmandade. E tinham alguns que
eram muito valentes e tinham boas armas de fogo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Horácio Munheca não era só em suas brigas, tinha
também alguns amigos de confiança que o ajudavam, e todos eles homens valentes,
que enfrentavam qualquer parada. Horácio Munheca com a sua turma, todos bem
armados, passeava pelas ruas do Divino provocando os turcos negociantes, que,
como diz a gíria de hoje, já estavam de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">saco</i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">cheio</i>.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E, um dia, os turcos, aborrecidos com o Horácio, que
não queria pagar as dívidas que tinha com eles, anunciaram que iam vender carne
de brasileiro a duzentos réis o quilo. E, Horácio Munheca também fez o seu
anúncio: “– Eu não vendo carne de turco. Vou dar de graça p’ra quem quiser!” E,
com esta provocação, começou a briga.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Essa revolta dos turcos contra o Horácio Munheca foi
muito comentada por todos que viviam naquela época. Diziam que os turcos
fizeram trincheiras em vários pontos do Comércio para pegar o Horácio e seus
companheiros de brigas. Até dentro da Igreja alguns turcos entrincheiraram-se.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Horácio não sabia que os turcos tinham armado
trincheiras para liquidarem com ele. Horácio saiu da Rua Nova, com os seus
companheiros, e desceu um morro que fica entre a Rua Nova com o Largo da
Matriz, como era chamada, naquela época, a pracinha defronte à Igreja. Hoje em
dia é uma bela Praça, que fica em frente à Igreja do Divino Espírito Santo. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Mas, prosseguindo com a história, quando o Horácio
Munheca chegou no Largo da Matriz, ele e seus companheiros receberam tiros de
todos os lados. Da torre da Igreja, os turcos atiravam contra Horácio e seus
companheiros, que rolavam pelo chão. E, quando levantaram, já de armas na mão,
sempre atirando na direção de onde vinham as balas, Horácio viu um dos turcos
na torre da Igreja, e apontou a sua arma para a torre, e conseguiu balear o
inimigo de uma distância bem longe.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E, aí, os turcos, que estavam dentro da Igreja,
saíram correndo. Outros turcos, que estavam em suas casas, fecharam as casas de
comércio, e saíram todos em mudança para outros lugares, aonde pudessem
esconder-se, para não morrerem, pois o Horácio Munheca queria acabar com todos
que se dissessem turcos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Com essa revolta, morreu um dos companheiros de
Horácio, e muitos turcos também morreram. Nessa época eu ainda não era nascido,
ou, talvez, recém-nascido. Estou escrevendo essa história conforme ouvia falar.
E Horácio Munheca fez um juramento. Dizia que, enquanto ele fosse vivo, turco
não haveria de morar em Divino do Carangola. Na década de mil novecentos e
vinte, já depois da revolta, eu me recordo bem, não havia turco em Divino. Mas,
eles não foram para muito longe não, ficaram por ali mesmo, perto.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O H</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">orácio Munheca, eu
pessoalmente o conheci já morando no Arraial do Choro, Distrito de
Alto-Carangola. Era negociante. Tinha uma casa de negócio bem perto da Escola
aonde eu estudei até o terceiro ano primário, o único estudo que recebi. E dou
muitas graças a Deus, porque, naquela época, os filhos dos pequenos sitiantes
eram quase todos analfabetos, principalmente, quem morava na roça, como eu.
Escolas públicas existiam somente nos Arraiais. Por isso, havia dificuldade
para os pais da roça, que não podiam pagar pensão para os estudos de seus
filhos. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Mas, p</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">rosseguindo com a história
da revolta dos turcos acontecida antes em Divino do Carangola, o fato é que no
Alto-Carangola havia muitos turcos lá, que eu sou testemunha e afirmo, e não
tinha mais briga entre Horácio e os turcos. Podiam não ser amigos, mas, também,
não eram inimigos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Quanto a Horácio Munheca, dali do Alto-Carangola ele
voltou para o Divino, onde fixou moradia, só não tinha casa de negócio. Eu o
conheci morando perto do Largo da Matriz, em uma rua que margeia o rio Carangola,
para quem desce. Mas, o Horácio Munheca não era homem dedicado a sua família.
Tinha uma esposa digna de honestidade, mas sempre tinha outras mulheres por
fora. O mais importante de tudo isso é que ele sustentava todas, com conforto.
E não desprezava nenhuma delas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Anos depois, eu conheci o Horácio morando em
Carangola, com uma amiga, numa rua que faz esquina com o Hospital, que não me
lembro o nome da rua. Nesta rua, aonde faz esquina em frente com o Hospital,
ali foi o fim de Horácio Munheca. Ele saiu de casa com destino de ir até à
Praça de Carangola, mas, sem esperar que ali podia ser o seu fim. Quando ele
chegou à esquina da rua, o pistoleiro já o estava esperando atrás do muro da
esquina, e não deu tempo a ele de reação, deu só um tiro, com bala envenenada,
e fugiu, sabendo que só aquela chegava para liquidá-lo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Horácio Munheca não morreu após o tiro que levou.
Ainda a amiga dele chegou e conversou com ele. E ele disse para a amiga: “–
Este tiro vai me matar, pois a bala é envenenada. Até nisto o Horácio sabia
que, depois de ter sido atingido por uma bala envenenada, não teria como
escapar.<o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-56421637403744175552013-04-01T07:40:00.003-03:002013-04-01T07:40:39.650-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O CASO DO FAZENDEIRO PERDULÁRIO<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O CASO DO FAZENDEIRO
PERDULÁRIO<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3SE8kSegtX2QRX4vaU7VJXFYrDFDVz78SF1o_ZXSbbUgVMoourz7heXLYnU4ZV6GrJvEyDaSnYiVYHvINwU0ObEOdUuqlGFc8twTZvQfnfgyFTwprKFJS0Oud8yt-0rFE_UzOUa2svTHA/s1600/Idade+M%C3%A9dia+25.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3SE8kSegtX2QRX4vaU7VJXFYrDFDVz78SF1o_ZXSbbUgVMoourz7heXLYnU4ZV6GrJvEyDaSnYiVYHvINwU0ObEOdUuqlGFc8twTZvQfnfgyFTwprKFJS0Oud8yt-0rFE_UzOUa2svTHA/s640/Idade+M%C3%A9dia+25.jpg" width="470" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">E</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">u não vou citar o nome de um
fazendeiro que tinha três Fazendas de muitas rendas situadas, naquela época, no
Município de Carangola; hoje em dia, pertencem ao Município de Divino, antigo
Divino do Carangola.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O dito fazendeiro era perdulário, gastava muito
dinheiro com mulheres, na verdade, não fazia caso de dinheiro. Mas, enquanto
ele gastava na vaidade, a esposa dele, a sua mulher legítima, ia ajuntando o
dinheiro de suas vendas de ovos e verduras e outros pequenos produtos da
Fazenda e guardando o quanto podia guardar. Eram três Fazendas que o fazendeiro
possuía, de muitas rendas, muitas lavouras de café, muitos gados bovinos,
animais, porcos, galinhas. Era uma renda colosso. Mas, mesmo assim, ele estava
endividado por duzentos contos de réis, com vários credores.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Um certo dia, esses credores se reuniram no terreiro
da Fazenda principal, com aqueles carrinhos fordes, com aquelas capotas de
lona, e encheram o terreiro de canto a canto.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eu estou contando esse acontecimento, não que eu
tivesse sido testemunha de todo o ocorrido, mas, eu fui vizinho de um irmão
desse dito fazendeiro, e, aí, fiquei sabendo de tudo, do que aconteceu com
aquele fazendeiro, dono de três Fazendas em Divino.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Contava-me o irmão desse fazendeiro perdulário que,
quando ele viu que seria obrigado a entregar as Fazendas, que valiam muito mais
que a dívida, ele botou as duas mãos na cabeça e começou a delirar, quase
louco. Nesse último momento de loucura, a sua mulher legítima chegou na sala,
diante dos cobradores, e disse: “– Aqui está o dinheiro! Paga esta gente e
manda todos irem embora. Enquanto você jogava dinheiro fora, com mulheres e
maus negócios, eu aqui guardava as minhas economias”.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dizia o irmão desse fazendeiro que ele ficou muito
envergonhado, mas aceitou o dinheiro que a mulher tinha feito com vendas de
galinhas, ovos, leite, queijo, verduras e outras coisas mais, e prometeu à
mulher que, daquele dia em diante, ele seria outro homem. E cumpriu a sua
palavra. Deixou toda a vaidade e prosperou muito. E deixou uma grande riqueza
para os filhos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
</div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-62680105479665658842013-03-31T08:31:00.004-03:002013-03-31T08:34:51.050-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A VALORIZAÇÃO DO CAFÉ NO GOVERNO DO PRESIDENTE ARTHUR BERNARDES<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;"><br />A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A VALORIZAÇÃO DO CAFÉ NO
GOVERNO DO PRESIDENTE ARTHUR BERNARDES<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;"><br />ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8_cHvX4oslB1PgR6KhgyFaZ9LbE_PaNpI3ot1Ltaepv5uEP0jVBk2Dk9VoYkY4TR-j_B90zUb2enWO6SRvT5jULmCaCxiraZbxoqaCo2r6a4skeuwfWGdAhyM7GNshL7RDCb9xgr7n5kL/s1600/Brasil+-+Planta%C3%A7%C3%A3o+de+Caf%C3%A9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="438" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8_cHvX4oslB1PgR6KhgyFaZ9LbE_PaNpI3ot1Ltaepv5uEP0jVBk2Dk9VoYkY4TR-j_B90zUb2enWO6SRvT5jULmCaCxiraZbxoqaCo2r6a4skeuwfWGdAhyM7GNshL7RDCb9xgr7n5kL/s640/Brasil+-+Planta%C3%A7%C3%A3o+de+Caf%C3%A9.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">N</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">a época do que vou contar, o
Presidente da República era o senhor Arthur Bernardes. Ele valorizou o café,
que antes valia oito mil réis, e passou para cinquenta mil réis, que foi a
grande novidade de todos. Aqueles que não tinham café derrubavam matas e
plantavam café. Outros capinavam os pastos para plantar café.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Era um movimento grande nas estradas: carros de bois
que vinham de Santa Margarida, de São João do Manhuaçu, de São Francisco do
Glória, e de outros lugares, com fileira de até quinze a vinte carros, todos
cantarolando estrada a fora, aquela cantilena morosa própria dos carros de
bois, até chegar em Carangola, aonde era vendido o café, para exportação em
trem de ferro. No decorrer da viagem, durante quatro dias, os carreiros e
candeeiros arranchavam-se em casebres de beira de estrada, ou até mesmo ao
relento.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O transporte de café era feito também em lombo de
burro, cada tropa com dez burros, fazendo fileira também de dez a quinze lotes
de burros. Os tropeiros vinham gritando, batendo no couro dos animais, jogando
tolete de pau naqueles burros da frente. Era um Deus nos acuda, porque a
estrada era ruim e apertada e os tropeiros eram muito grosseiros e achavam que
a estrada era só deles. E quando encontravam um carreiro, que não arredava o
carro, para dar passagem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> eles, era
aquela discussão.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E, às vezes, saíam até brigas de pancadaria, parecia
que o povo havia enlouquecido com aquela alta do café. Mesmo com o preço alto
do café, as outras mercadorias continuaram com os preços antigos, não houve
alteração nos preços, tudo continuou no mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eu me recordo de um dia em que, nós meninos,
vínhamos da Escola para casa. Logo que saímos, fora do Arraial, começamos a
encontrar carros de bois que vinham de Carangola, aonde os sitiantes foram
vender o seu café. Eram muitos carros, enfileirados, todos vazios, com os
candeeiros tocando os carros, e os carreiros vinham atrás do último carro, com
as mãos cheias de notas, em dinheiro, contando o dinheiro, e andando a pé atrás
do carro.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Nós éramos doze meninos que vinham da Escola, naquela
brincadeira. De repente, um deu um grito: “– Olha lá uma nota!” A nota estava a
uns dez metros de distância. Todos nós corremos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> pegar a nota, mas tinha um das pernas compridas, e que chegou
primeiro, e apanhou a nota, e desabalou na carreira. O menino das pernas
compridas correu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> valer, e todos
nós corremos atrás dele, mas não apanhamos a nota, pois ele era muito veloz na
carreira.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E ele chegou em casa do pai dele, e entrou correndo,
e nós atrás querendo que o dinheiro fosse dividido. Mas, a mãe dele disse: “– O
direito é do meu filho. O dinheiro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tava</i>
perdido. Aquele que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">panhou</i> primeiro é
o dono do achado”. Mas, mesmo assim, ele passou muitos dias sem andar junto conosco,
com medo de ser agredido.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Estava chegando o dia de compra de uniforme, para a
festa de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">examinação</i>, e a professora
Dona Guiomar exigia todos uniformizados. O dinheiro achado deu para comprar o
uniforme daquele aluno, sem precisar do dinheiro do pai. Foi um tempo bom para
quem tinha lavoura de café.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Nos outros anos seguintes, o café baixou de preço, e
foi a triste derrota de muitos fazendeiros. Aqueles que confiaram no café
fizeram dívidas volumosas e não puderam pagá-las. E precisaram entregar as
Fazendas, e passaram a viver de empregados, todos tocando lavoura à meia com os
novos donos de suas fazendas. Alguns fazendeiros ainda salvaram suas fazendas,
com a moratória de dez anos para pagarem, decreto-lei, dado por Getúlio Vargas,
depois de mil novecentos e trinta.<o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-68713283945444403862013-03-30T08:34:00.001-03:002013-03-30T08:36:47.604-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: CRIANÇAS BRIGANDO NO CAMINHO DA ESCOLA<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: CRIANÇAS BRIGANDO NO CAMINHO
DA ESCOLA<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;"></span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;"></span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong>ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg48r6HhA3EEFsHGWH-bTSfULd07UFC0X26DxX1dwmGQnwZesUNM4ps8077HCoDf0x1euBm9hdv442CfENaKaZBJJz1zI2ggVA5czCfwCzTKynADQxZLfnd5AlmIDOiR2HbbJVSUGoH9SP/s1600/Paisagem+-+Campo+-+Jonh+Constable+-+1826.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg48r6HhA3EEFsHGWH-bTSfULd07UFC0X26DxX1dwmGQnwZesUNM4ps8077HCoDf0x1euBm9hdv442CfENaKaZBJJz1zI2ggVA5czCfwCzTKynADQxZLfnd5AlmIDOiR2HbbJVSUGoH9SP/s640/Paisagem+-+Campo+-+Jonh+Constable+-+1826.jpg" width="514" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">V</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">oltando à família Souza
Costa. Em mil novecentos e vinte, quando eu entrei para a Escola, éramos doze
alunos. Nós caminhávamos a pé até a Escola de Dona Guiomar. De distância,
alguns de meus colegas, até seis quilômetros. Na ida à Escola, nós íamos
separados, mas, na volta, voltávamos reunidos, fazendo bagunça, por vezes, até,
brigávamos uns contra outros.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Lembro-me de um dia em que eu briguei com um colega,
porque ele dizia que nós éramos a tropa dele, porque ele era o mais forte e nós
tínhamos que obedecer às ordens dele. Com esta ideia maligna, ele cortou uma
vara de guaxima e dava com a vara em nossas costas, e gritava: “– Anda <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> frente, meus burros!” Os outros
colegas obedeceram as ordens dele, mas eu não quis aceitar a brincadeira. Ele
dizia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> mim: “– Toinzim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> não é de nada!”, e me deu um
empurrão. Eu me atraquei com ele justamente quando nós estávamos passando em
frente a uma ribanceira, e em baixo passava um córrego d’água. Nós fomos
rolando até cair dentro da água. Aí, acabou a briga e saímos todos molhados.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Mas, não ficou nisso só, pois, naquela época, as
contas eram feitas em uma pedra escura [pedra = pequena lousa], quase quadrada,
e, na luta, que nós rolamos até cair dentro d’água, a pedra ficou em pedaços
dentro do embornal escolar. Porque nós carregávamos o material escolar em um
embornal de pano, alceado no ombro. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eu tinha meu irmão, mais velho do que eu quatro
anos, o Eurico, mas ele não se envolveu em nossa briga, mas dizia que ia contar
à professora Dona Guiomar e, também, quando chegasse em casa, ia contar ao pai
que eu tinha brigado com o colega e tinha quebrado a pedra. E contou mesmo. Meu
pai, o Zeca, deu-me uma coça com um cabresto de cavalo, e sempre me dizendo: “–
Não é pelo valor da pedra que eu lhe bato, lhe castigo, é porque eu não quero
que meus filhos briguem com ninguém. Eu sempre digo a vocês: quando virem uma
briga, fujam de perto!” <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Mas, minha mãe Antoninha não pensava assim. Quando
meu pai me pegou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> bater, a minha
mãe disse para meu pai: “– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ocê</i> bateu
no Antônio, mas o Eurico também precisa apanhar, porque a obrigação dele é
ajudar o irmão mais novo e não deixar o irmão, sozinho, lutar com outro mais
forte do que ele”. Mas meu pai não deu importância ao que minha mãe dizia, e
ela, vendo que ele não ia bater no Eurico, disse: “– Quem vai bater no Eurico
sou eu!” O meu irmão Eurico desabalou numa carreira daquelas, e ela correndo
atrás dele. Por falta de sorte do Eurico, o nosso irmão mais velho, por nome
Olavo, vinha descendo um morro, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
chegar em nossa casa, e minha mãe gritou: “– Pega o Eurico, Olavo!”, e ele
pegou. Ela batia e dizia: “– Isto é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
quando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ocê</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ver</i> o seu irmão em qualquer dificuldade, ajudar. O seu dever é
ajudar o irmão mais novo, e não deixar ele sozinho quando ele precisar do seu
auxílio”. Agente brigava, mas não ficava de mal. Éramos uma família unida.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><br />
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-64887597729334409092013-03-28T07:12:00.001-03:002013-04-01T18:00:40.682-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: CASO VERÍDICO ACONTECIDO NO ALTO DE CARANGOLA EM UMA SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: CASO VERÍDICO ACONTECIDO NO
ALTO DE CARANGOLA EM UMA SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;"></span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjStE94gB_kg1P4dnE5mEVt4pvMDNH6UsvXF_MDjg48Yvj6hUisS5dvI3nGSQ1ZrzfsRB7mpryngy9Q4hd44ktHiA8FMwf6nQCWsYA7TycIe2Cj5NMS8o-B7MHFq75n_bB5kUFNr0sBvVV_/s1600/Noite+de+Lua+Cheia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="479" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjStE94gB_kg1P4dnE5mEVt4pvMDNH6UsvXF_MDjg48Yvj6hUisS5dvI3nGSQ1ZrzfsRB7mpryngy9Q4hd44ktHiA8FMwf6nQCWsYA7TycIe2Cj5NMS8o-B7MHFq75n_bB5kUFNr0sBvVV_/s640/Noite+de+Lua+Cheia.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">M</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">inha mãe Antoninha contava
um caso verídico, acontecido pouco abaixo do Arraial de Alto-Carangola, quase
no final do século XIX. Nessa época, minha mãe tinha quase quinze anos, era
ainda uma mocinha, quando ocorreu a notícia de um homem que tinha virado bicho
no Alto-Carangola. Todos ficaram assombrados com aquela notícia, um homem virar
bicho!?, não era possível nem acreditar em tal notícia. Mas era preciso
verificar se era verdade mesmo. Aí, reuniu-se minha mãe com mais algumas
colegas e foram ver de perto se era verdade que um homem tinha virado bicho. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Minha mãe Antoninha e as colegas foram até ao tal
lugar indicado e constataram a verdade. Elas chegaram e viram dentro de um
quarto um homem cabeludo deitado em uma cama de esteira, no chão. O homem estava
com o corpo coberto de cabelo, com os dedos enrolados, com as unhas grandes e
falava muito. Tinha muita gente que foi fazer visita, e todos de longe. Ninguém
se atrevia a chegar perto do homem.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Mas, naquele momento em que minha mãe ali estava,
chegou um amigo do homem que tinha virado bicho, por nome João Martins, e
perguntou pelo o Egídio, como ele estava passando. De lá do quarto, onde ele
estava deitado, ele ouviu a voz do amigo e deu um grito: “– Chega <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> cá, João Martins. Eu preciso falar
com você”. Esse fato, desse homem que virou bicho no Alto-Carangola, era muito
comentado por muitos, pois o lugar ficou assombrado por muitos anos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eu conheci a casa do Egídio Fagundes, de chão, pé
direito baixo, de pau-a-pique e de estuque, coberta com telha. A casa ficava em
uma curva da estrada, do lado esquerdo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
quem sobe, quase chegando em Alto-Carangola, que, ultimamente, passou a
chamar-se Arizona [*Orizânia]. Diziam que, se alguém passasse naquele lugar e
dissesse, “é aqui que o homem virou bicho?”, ele aparecia.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Diziam, os mais antigos do lugar, que ele não
morreu, desapareceu de uma noite para o dia. Ninguém viu a morte de Egídio
Fagundes. Uma história triste e comovente de um moço que não chegou a ficar
velho.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Contava-se que, em uma noite de sexta-feira da
paixão, Egídio Fagundes arriou uma mula para repassá-la, e sua mãe detestou
aquela atitude, querer repassar animal naquele dia, por ser sexta-feira santa.
O moço respondeu que não tinha a ver uma coisa com a outra, e não quis atender
ao pedido da mãe. Enquanto ele foi trocar de roupa, sua mãe soltou a mula e,
quando ele voltou, e viu que a mula estava solta, ficou muito nervoso, e disse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> própria mãe: “– Agora vou te
montar!”, e montou mesmo, na própria mãe, que o havia gerado e criado, até
àquele dia, com todo carinho. Não se sabe se a mãe rogou praga nele, só se sabe
que, daquela hora em diante, ele amuou em cima da cama e não levantou mais,
desaparecendo sem ninguém ver o seu fim.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Q</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">uando eu nasci, minha mãe
Antoninha já estava com trinta e dois anos, já tinha passado dezessete anos
depois desse acontecimento. Alguns anos depois, eu já contava vinte e oito
anos, eu e alguns companheiros músicos fomos tocar em uma festa em
Alto-Carangola. A festa terminou às dez horas da noite e nós resolvemos voltar
para casa. Até o momento que saímos da festa, dava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> passar naquele lugar, mas, à meia-noite, quando nos aproximamos
do lugar, quando já estávamos em frente da casa, um dos colegas gritou: “– É
aqui que o homem virou bicho!”, desabalamos numa correria e ninguém queria
ficar para trás.<o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-25826744760460516062013-03-27T07:46:00.003-03:002013-03-27T20:00:06.015-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: ALTO DE CARANGOLA NO TEMPO DA MATA VIRGEM<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;"></span></strong></span><br />
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: ALTO DE CARANGOLA NO TEMPO DA
MATA VIRGEM<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;"></span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib_3pxVTc7Q1Wk9sAaAPgoczPVUoD-Fx6jaCf5slYCiRODP6bLWNji9y4cvSH1kbmw0P8HVZVjCJ6OLoYpQmjfM-53zSbLcMYMrOhXrOizEr3I6uzaFIkau2QhYWV_1DHyuTTmGPEdd5-k/s1600/Escravos+Acorrentados.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="353" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib_3pxVTc7Q1Wk9sAaAPgoczPVUoD-Fx6jaCf5slYCiRODP6bLWNji9y4cvSH1kbmw0P8HVZVjCJ6OLoYpQmjfM-53zSbLcMYMrOhXrOizEr3I6uzaFIkau2QhYWV_1DHyuTTmGPEdd5-k/s640/Escravos+Acorrentados.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">lto de Carangola, no tempo
da mata virgem, tinha nome de Quilombo, por ser o lugar aonde os escravos se
escondiam dentro das matas, por não quererem sujeitar-se ao trabalho forçado
que o Sinhô exigia deles. Os escravos fugiam para o quilombo e formavam um
verdadeiro exército e faziam muitos roubos. Eles viviam iguais aos índios, mas,
mais conhecedores do que se passava nas Fazendas. Eles saiam de noite e
roubavam o que fosse necessário para o sustento deles, trabalhar não era com
eles.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Quando um escravo fugia da Fazenda, já se sabia que
ele estava no Quilombo. E, para chegar lá, quem se atrevia em ir com pouca
gente?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Naquela época não existia
policiamento para fazer prisão de fugitivo. Em lugar atrasado, longe do
comércio, os próprios fazendeiros saíam com alguns de seus parentes e amigos, e
com alguns empregados de confiança, e iam até ao Quilombo, e traziam os
fugitivos. E botavam o fugitivo no tronco até castigar bem. Depois, tiravam do
tronco, e o escravo era obrigado a trabalhar com a perna algemada na perna de
outro escravo que não devia aquele castigo. Se fosse fazer uma capina de café
em carreira, aquele escravo que não devia nada não saía da sua carreira, mas, o
outro, o que devia o castigo, de pé em pé, ele tinha que atravessar, para
conseguir levar a capina, até chegar ao final.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">lto de Carangola continuou,
por muito tempo, com o nome de Quilombo. Mesmo quando eu era ainda bem menino, muitos falavam Quilombo, referindo-se ao Alto de Carangola. Ali, no Alto
de Carangola, existiu um homem que virou bicho. Sobre o homem que virou bicho,
o Egídio Fagundes, o caso foi muito comentado durante muitos anos, dizia-se
sempre, referindo-se ao Egídio Fagundes e ao lugar do acontecido: o Bicho do
Quilombo. E, hoje em dia, o lugar não é chamado nem de Quilombo, nem de Alto de
Carangola, é conhecido com o nome de Arizona [*Orizânia].<o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-41174608862390308172013-03-26T08:29:00.000-03:002013-03-26T08:29:39.118-03:00AS ANTIGAS FESTAS RELIGIOSAS EM SANTO ANTÔNIO DO ARROZAL<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: large;"><strong>A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: AS ANTIGAS FESTAS RELIGIOSAS
EM SANTO ANTÔNIO DO ARROZAL<o:p></o:p></strong></span></span></div>
<span style="font-size: large;"><strong></strong></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: large; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p><strong></strong></o:p></span><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong>ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSG_92RS_pYjpmJfFslPay9Sr1K-zuHuthaNqewDIzflEAbxkvBGJNUHDDgw7Y84u0FQqbdWWJ4nctLsH_r4RF0AWq38803LKIhyphenhyphenLedwfUyNoBouWJbu2OW1mkg2KsL7hcAnNBjxPvs0yh/s1600/Santo+Ant%C3%B4nio+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSG_92RS_pYjpmJfFslPay9Sr1K-zuHuthaNqewDIzflEAbxkvBGJNUHDDgw7Y84u0FQqbdWWJ4nctLsH_r4RF0AWq38803LKIhyphenhyphenLedwfUyNoBouWJbu2OW1mkg2KsL7hcAnNBjxPvs0yh/s640/Santo+Ant%C3%B4nio+3.jpg" width="454" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">S</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">anto Antônio do Arrozal, que
tinha também o nome de Choro quando eu estudava lá, tinha seis casas
comerciais, de fazendas [panos, tecidos] e armarinhos, duas padarias, duas
farmácias, quatro casas de bebidas e miudezas, ferraria, barbearia. Eram muitos
turcos que comerciavam, negociavam até com toucinho em canoa. O senhor Luiz de
Sales era o homem que comandava e organizava as festas, de mês de Maria, de
Santo Antônio, de São Sebastião. De mês em mês, havia missa. O padre da Comarca de Divino ia direto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> casa do senhor Luiz de Sales.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Em ocasiões de festas, o senhor Luiz de Sales
mandava cartas pedindo leilão, e meninas, para coroar Nossa Senhora. A igreja
era pequena, mas, em todos os dias do mês de maio, ninguém faltava com a
presença na igreja, para assistir à reza, em homenagem a Nossa Senhora, ou Santo
Antônio, ou São Sebastião.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">E, no dia da festa, vinha a Banda de Música do
senhor Raimundo Ramos, vinha do Município de Matipó, com todos os seus filhos,
filhas e genros, todos músicos. Era uma família reunida. O senhor Raimundo era
maestro, e tocava clarinete. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Do Divino do Carangola, vinham o padre e os
fogueteiros, com aqueles enormes arrumados de foguetes-de-cauda bem compridas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Meu pai e minha mãe eram os puxadores da reza, eles
rezavam durante todo o mês, e minhas irmãs também ajudavam a fazer o coro. Eu
acompanhava, mas não ajudava a rezar. Mas, como eu tocava violão e cantava
samba, marcha, valsa, minha mãe, um dia, fez-me um convite, dizendo: “– Você
canta bem, tem boa voz, hoje você vai-me ajudar a rezar”. Confesso que fiquei
surpreso com aquele convite, pois eu gostava mesmo era de tocar em baile, fazer
serenata, não tinha a menor tenção em cantar na igreja, mas, não queria
desagradar minha mãe. Aí, eu ensaiei com minha mãe e minhas irmãs, e fomos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> igreja. Minha mãe ficou tão
contente, que me entregou a direção de todos os cânticos. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Naquela época, sempre havia festa em dois arraiais:
Choro e Indayá. Meu pai era contratado para rezar nesses dois arraiais. Sendo
que Indayá ficava mais longe e, assim, precisava mudar-se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> lá, com a família, durante o tempo que fosse preciso, um mês,
ou até dois. Às vezes, faziam duas festas seguidas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Faz pouco tempo que estive em Minas Gerais [*ano da
viagem de Antônio à terra natal: 1984], aonde fui nascido e criado. Divino
melhorou bastante, mas, Indayá tá no mesmo. Mas, o arraial do Choro não tem
mais aquelas casas, que tinha naquele tempo. Até a Igreja arrancaram. Só se vê
casinhas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sarapecadas</i>, longe uma da
outra, tudo diferente. Se agente não tivesse conhecimento de como era aquele
lugar no passado, nunca podia pensar que aquele lugar já foi tão movimentado.
Dia de sábado, então, era uma verdadeira festa de casamento, com
acompanhamento, todos a cavalo, disputando corridas, vinha gente de Bom Jesus,
da Samambaia, do Alto-Carangola, do Córrego dos Dornellas, e dos Henriques, e de
todos os lados.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span><br /></div>
Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6644580588882803475.post-43037273434989568002013-03-25T09:29:00.003-03:002013-03-25T09:33:33.046-03:00A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A ESCOLA DE DONA GUIOMAR NO ARRAIAL DO CHORO<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A ESCOLA DE DONA GUIOMAR NO
ARRAIAL DO CHORO<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<strong><span style="font-size: large;"></span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><strong><span style="font-size: large;">ANTÔNIO DE
SOUSA COSTA</span></strong></span></i><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzfe12bJ8A_fNRu777bxMQGqKK3ZWCLmcyV_Px2748Kag9RYDriFsDlXqZMhzR6SutL_IK3O6OJXKoigOLxWK8av7AgzoaL5j82HENBUNDjQ__8IoufURJWOgp27UhijYjI6a0cXvoL_p7/s1600/Livros.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzfe12bJ8A_fNRu777bxMQGqKK3ZWCLmcyV_Px2748Kag9RYDriFsDlXqZMhzR6SutL_IK3O6OJXKoigOLxWK8av7AgzoaL5j82HENBUNDjQ__8IoufURJWOgp27UhijYjI6a0cXvoL_p7/s640/Livros.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">E</span><span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">u conheci o Arraial do
Choro, cujo nome próprio é Santo Antônio do Arrozal, numa época muito
promissora. Tinha uma Escola Pública Estadual, com uma professora de primeira
classe por nome dona Guiomar Rodrigues de Amorim, casada com o senhor Caetano,
que era o escrivão de paz. Ainda me lembro dos nomes dos filhos do casal, que
já frequentavam as aulas. O mais velho dos irmãos, Wilson, depois, Marica, Joca
e Lourdinha. Havia mais dois pequenos, que não frequentavam as aulas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Dona Guiomar ensinava até o quinto ano. Depois, o
aluno saía preparado para entrar no Ginásio. A casa da Escola era pequena, mal
dava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> uns sessenta a oitenta
alunos. Tinha duas fileiras de bancos. Na frente, os meninos mais atrasados, os
mais adiantados ficavam na retaguarda. Ao lado, um quadro negro. Dona Guiomar
ficava atrás de uma mesinha, sentada, e, em cima da mesinha, uma vara de
marmelo e uma régua de uns trinta centímetros. Ela tanto batia com a vara, como
batia com a régua. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pra</i> ela, não tinha
tamanho de aluno, o aluno podia estar com quinze ou dezesseis anos, se
precisasse apanhar, ela batia, até fazer vergão. Na hora de estudar, era o
maior silêncio, ninguém podia nem cochichar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Lembro-me do primeiro dia em que eu entrei na
Escola. Ela passou o <i>a b c</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i>
mim, para eu estudar em silêncio, eu comecei lendo baixo, mas, ela ouviu o meu
cochicho e veio silenciosamente, até onde eu estava sentado, e deu de leve em
minha cabeça com a vara de marmelo, e disse: “– Estuda, mais baixo!”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Além do primeiro dia de aula em que ela me corrigiu,
eu me lembro de um outro dia, em que ela me deu umas varadas. Nesse dia, eu
precisei mesmo de apanhar. Eu já estava bem adiantado, já fazendo conta de
multiplicar, conta passada no quadro negro, bem adiantado mesmo. Não sei bem
porque eu esquentei a cabeça, e não havia jeito de eu terminar a conta. O erro
estava sobre um número, e eu não conseguia resolver a conta. Dona Guiomar
estava me observando, e quis me ajudar, e disse: “– Antônio Costa, você está
tomando muito café. O erro da conta está no número tal”. Ela dizia até o
número, onde estava o erro, e eu, nem assim, entendia onde estava o erro. Aí,
ela já veio com a vara na mão, e deu-me umas varadas, e dizendo: “– Deixa de
tomar muito café, pois nem eu falando qual o número do erro, você não acerta?!”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Eu só tive três anos de Escola Pública. Fiquei só
com o terceiro ano, porque dona Guiomar mudou-se para o Espírito Santo, e nunca
mais tivemos notícia dela. Na véspera da mudança sair do Choro com destino a
Alegre, cidade do Espírito Santo, meu pai levou eu e um meu irmão, chamado
Eurico, que também fora aluno de dona Guiomar, para que nós nos despedíssemos
da professora e de sua família. Ela disse a meu pai: “– Senhor José, dos dois
filhos do senhor, eu levo um sentimento”. E meu pai perguntou: “– Pode me dizer
qual é o sentimento?” E ela respondeu: “– O sentimento que eu levo é de não
deixar o Antônio muito adiantado, o sentimento que eu levo do Eurico, é de não
poder tirar esta <i style="mso-bidi-font-style: normal;">buta</i> dele”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />Neuza Machadohttp://www.blogger.com/profile/09192586719278533122noreply@blogger.com0